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Análise: Grim Fandango Remastered (Multi) volta do mundo dos mortos para divertir novos jogadores

A remasterização do jogo de 1998 chega para provar que os jogos de aventura ainda tem muita lenha para queimar!


Jogos de aventura envelhecem bem. Grim Fadango foi lançado em 1998 e se tornou um dos mais bem sucedidos Adventures de todos os tempos. E não é para menos. Afinal, sua narrativa consistente e seus personagens extremamente carismáticos e divertidos foram capazes de prender os jogadores por muitas horas em frente ao monitor.


Os tempos também eram outros. A escola LucasArts de game design era referência de qualidade e a quantidade de clássicos do gênero era enorme, tornando-o um dos mais populares dos anos 1990. Hoje, mais de quinze anos depois, a Double Fine trouxe de volta o clássico de outrora para provar que, apesar de menos populares, os jogos de aventura se mantém atuais e sobrevivem ao teste do tempo.

A vida pós-morte de Manny Calavera

Para os que não conhecem Grim Fandango, o jogo conta a história de Manny Calavera, um morto que trabalha em um tipo de escritório que recebe pessoas no mundo dos mortos. A empresa em que Manny trabalha oferece diversos pacotes de viagem para o paraíso para os novos falecidos, que podem adquiri-los dependendo de como foi sua passagem pelo mundo dos vivos.


Os menos favorecidos, como Manny, são obrigados a passar quatro anos executando tarefas para ganhar o seu direito de finalmente descansar em paz. O protagonista, muito frustrado, tem a missão de vender bons pacotes para os novos mortos, o que não dá muito certo, já que ele só recebe pessoas sem condições de compra-los. Cabe ao jogador, no controle de Manny, viver estes quatro anos de penitência enquanto interage com diversos personagens memoráveis e resolve quebra-cabeças extremamente desafiadores em busca do seu lugar ao sol.

The Walking Dead para adultos

Desde os anos 1990, os jogos de aventura sofreram várias mudanças drásticas em sua forma de se jogar. A Telltale Games, responsável por clássicos contemporâneos como The Walking Dead e The Wolf Among Us é uma das maiores responsáveis pela ressurreição do gênero nos dias de hoje. Ainda assim, muitos elementos clássicos foram sacrificados durante o processo.


Enquanto nos jogos de aventura atuais os jogadores praticamente só assistem a história se desenrolar e eventualmente tomam algumas decisões que afetam o andamento da história (ou não), em Grim Fandango cabe ao jogador conseguir se virar com os recursos que possui para desvendar qual é o próximo passo.

Muitas vezes, alguns itens devem ser utilizados de forma muito criativa para seguir, e quase nunca é muito óbvio o que se deve fazer para avançar. Os diálogos dos jogos atuais estão lá, cheios de detalhes do enredo para desvendar, mas eles servem mais para conseguirmos pistas do que fazer do que para seguir com a história propriamente dita.


Grim Fandango força o jogador a pensar muito, e isso pode frustrar muitas vezes, algo que é inerente ao gênero. Contudo, a satisfação de descobrir como prosseguir é uma sensação que poucos jogos atuais conseguem proporcionar. O jogo também não oferece nenhum tutorial, e já coloca os jogadores para pensar nos primeiros minutos de gameplay. Um sistema de dicas foi implementado para tentar facilitar as coisas, mas seu uso não é muito recomendado e acaba afetando negativamente a experiência.

Sobrevivendo ao teste do tempo

Grim Fandango chegou para os consoles modernos em uma versão remasterizada que se prova quase desnecessária quando notamos o quanto o jogo envelheceu bem. Os cenários estão intactos, e isso pode ser visto quando alternamos os novos gráficos com os antigos. A única coisa que realmente mudou foi o nível de detalhe dos modelos dos personagens, que foram suavizados e possuem texturas mais bem definidas.

As alterações gráficas no jogo em relação à versão de 1998 foram bem sutis
A única reclamação quanto à remasterização é que a resolução continua 4:3 ao invés de 16:9. Os desenvolvedores até possibilitaram aos jogadores a selecionar um falso 16:9 para resolução, mas assim tudo fica um pouco distorcido. Nos resta então jogar com duas faixas pretas verticais na tela. Uma boa oportunidade de melhoria deixada para escanteio.

A excelente trilha sonora de 1998 continua incrível e a dublagem é exatamente a mesma de dezessete anos atrás. Destaque para o excelente trabalho da versão nacional, que na época havia ficado a cargo da Brasoft. É impossível não dar muitas risadas da excelente interpretação dos atores para os personagens carismáticos do título.


Grim Fandango Remastered ainda possui comentários de ninguém menos que o lendário Tim Schafer, e estes podem ser ativados a qualquer momento durante a aventura. Vale para aprender um pouco mais sobre o jogo e ouvir histórias interessantes sobre o desenvolvimento do título.

Um gênero inesquecível

Grim Fandango Remastered prova, mais uma vez, que os jogos de aventura devem ser respeitados por seu legado e nunca podem ser desconsiderados nos dias de hoje, em que grande parte da indústria e jogadores estão rendidos à franquias anuais e jogos que querem ser, antes de jogos, filmes interativos, mesmo que isso custe sua jogabilidade.


Um jogo realmente desafiador, que fará com que os mais habilidosos passem dificuldades para completá-lo. Com tudo isso, Grim Fandango se sai muito bem no teste do tempo e chega para provar que nos jogos de aventura, mortos só estão os personagens.

Prós


  • Desafiador ao extremo;
  • Campanha longa e deliciosa de jogar;
  • Texto e dublagem impecáveis;
  • Jogabilidade precisa e simples.

  • Contras


  • Falta de modo Widescreen.

  • Grim Fandango Remastered – PS4 /PSVita / PC – Nota: 9,5
    Versão utilizada para análise: PS4 / PSVita

    Capa: Wellington Aciole

    Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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