Top 10

Top 10: os piores momentos da indústria de jogos de 2014

2014 certamente foi um ano memorável para os games… mesmo que não pelos motivos corretos.

Como todo e qualquer ano, tivemos momentos bons, e aqueles não tão bons assim. Relembre alguns dos casos mais polêmicos deste ano — e esperemos sirvam de lição para que não se repitam ano que vem.


10 — #miiquality

A polêmica do miiquality começou por causa de um glitch corrigido — um dos raros casos em que teria sido melhor não corrigir um bug. No jogo de simulação Tomodachi Life (3DS), era possível criar casais do mesmo sexo. A funcionalidade não tinha sido planejada originalmente, então foi removida com um patch. Logo começou uma campanha pedindo para que a relações homoafetivas fossem incluídas. A Nintendo tentou justificar repetidamente porque isso não seria possível, contribuindo ainda mais para sua fama de conservadora.

Eu sei que você também shippa os dois, pode admitir.

A Big N acabou por prometer que jogos futuros seriam mais inclusivos e a polêmica esfriou. Mesmo sem a sonhada "miiquality", Tomodachi Life foi lançado no mercado ocidental e bem recebido, juntando-se a excelente biblioteca do 3DS. Algo que não podemos dizer de seu concorrente direto...

09 — Vita (quase) esquecido

Ah, o PlayStation Vita… Desde seu lançamento sua história tem sido, no mínimo, melancólica. Apesar de todo o potencial e alguns jogos realmente bons, ele nunca chegou a “deslanchar”, vendendo abaixo das expectativas de todo mundo — principalmente da Sony. Este talvez tenha sido o pior ano do aparelhinho até agora, chegando até mesmo a enfrentar problemas nos tribunais e reembolsar alguns jogadores. A Sony já deixou bem claro que reduzirá o orçamento de grandes títulos para o portátil, algo facilmente perceptível para quem viu a falta de anúncios de jogos para a plataforma durante a E3.

Algumas pérolas japoneses, como Danganronpa, ainda chegam por aqui, mas, no geral, a biblioteca do Vita foi reduzida a títulos independentes, relançamentos de jogos de PS3 e remakes. Diga-se de passagem, o Vita ainda enfrenta uma concorrência feroz com os outros videogames neste último quesito, visto que neste ano tivemos um…

08 — Excesso de remakes

Remakes e relançamentos definitivamente possuem seu espaço no mercado — a indústria certamente perderia muito sem algumas releituras fantásticas de obras-primas antigas. Mas quando produções novas e originais começam a perder espaço para relançamentos de obras de gerações passadas, é hora de ligar o sinal vermelho. A situação é ainda mais preocupante quando começamos a remasterizar não obras de gerações passadas, mas do ano passado — caso de The Last of Us Remastered (PS4) e Tomb Raider: Definitive Edition (Multi).

Mais uma vez, não há nada de errado com os jogos em si, mas ver os grandes estúdios pararem de investir em novidades para ficar no conforto de antigos sucessos não deixa de ser, no mínimo, frustrante. Infelizmente, ano que vem não será muito diferente neste aspecto: Dark Souls II (Multi), lançado no início de 2014, já tem um relançamento planejado para a nova geração em abril de 2015. Enquanto isso, Final Fantasy VII está aí há anos pedindo um remake… Espera? Será que é verdade?

07 — Remake de Final Fantasy VII anunciado para o PS4!

… Mas não do jeito que todos esperavam. Se você fazia parte de 99,9% da população gamer que queria a remasterização do clássico jRPG com todo o potencial gráfico permitido pelo PS4 — e, quem sabe, novas funcionalidades como trabalho de voz, rebalanceamento das batalhas e conteúdo extra — é melhor esperar sentado: estamos falando aqui de um port da edição para PC, cuja única diferença é a resolução gráfica maior. Mas talvez você faça parte dos 0,1% que se contenta em ver aqueles bonecos quadradões de FFVII em 1080p, quem sabe?

Assim como os outros remakes, o problema não é o jogo em si. Disponibilizar clássicos antigos para plataformas recentes é sempre pertinente, e muita gente que não tem acesso a um PS1 ou joga no PC agora poderá conhecer essa pérola. Mas a forma como foi o anúncio foi feito, durante a PlayStation Experience com Shinji Hashimoto (produtor da Square Enix) no palco, criou altas expectativas que foram destruídas tão logo começou a rodar o trailer. E falando em trailers e falsas expectativas...

06 — Trailers enganosos

Não é de hoje que os gráficos apresentados em um trailer e o produto final diferem grotescamente. Lembram da polêmica de Killzone 2 (PS3), na E3 de 2005? Ou, ainda, de Aliens: Colonial Marines (Multi), que de tão diferente dos trailers e da demo praticamente parecia outro jogo?

Mas em 2014 parece que atingimos um novo patamar. Diversos jogos foram acusados de sofrer “downgrades”, com gráficos ou funcionalidades aquém daqueles demonstrados em materiais promocionais. Dentre os exemplos mais notáveis, temos Watch_Dogs (Multi), inFAMOUS: Second Son (PS4) e Dark Souls II (Multi). Nenhum dos games tem visual feio, de forma alguma, mas o resultado é bem diferente do visto nos trailers.

É início de uma nova geração, então é aceitável que os jogos não atinjam nossas expectativas gráficas — afinal, leva algum tempo até que os desenvolvedores aprendam a usar todo o potencial das máquinas novas. O que é inaceitável é os próprios estúdios criarem essas expectativas, entregando um produto final inferior ao prometido. Às vezes, a única coisa que dá para confiar num trailer é a data de lançamento...

05 — Jogos adiados


E às vezes nem isso. Batman: Arkham Knight (Multi), Tom Clancy’s The Division (Multi), The Witcher 3: Wild Hunt (Multi), Evolve (Multi), Dying Light (Multi), The Order: 1886 (PS4), Quantum Break (XBO)... A lista de jogos programados para esse ano que só darão as caras em 2015 é gigantesca. Muita gente que esperava se divertir com algum destes jogos neste fim de ano certamente está decepcionada. Alguns destes, como Quantum Break e The Division, sequer receberam uma data definitiva. Em todos os casos a justificativa é a mesma: os estúdios precisam de mais tempo para polir o jogo e entregar um produto final primoroso. Não é como se fossem entregar algo extremamente bugado e injogável, não é?

04 — Jogos bugados

Ok, olhando para o retrospecto recente, adiar um jogo não é tão ruim assim. Se as equipes de desenvolvimento realmente usarem o tempo extra para caçar bugs e entregar um game completamente funcional, que não precise de múltiplas atualizações para se tornar minimamente jogável, adiem. Certamente é melhor do que lançarem um jogo na data certa, mas cheio de erros e quase injogável.

Driveclub (PS4), Halo: The Master Chief Collection (XBO), Watch_Dogs e Dragon Age: Inquisition (Multi) são apenas alguns dos vários games que precisaram de patches (muitas vezes múltiplos) para corrigir bugs grandes que atrapalhavam (quando não inviabilizavam) a jogatina. Empresas como a Microsoft e Ubisoft chegaram a pedir desculpas publicamente e prometer jogos gratuitos aos clientes lesados.

03 — Assassin’s Creed Unity

Existem jogos bugados… E existe Assassin’s Creed Unity (Multi). Um jogo tão bugado, mas tão bugado que a Ubisoft fez um site específico para que jogadores acompanhassem o lançamento de patches e correções. Alguns dos bugs já ficaram icônicos, como a ausência de face do protagonista.
O que conta é a personalidade.

O caso manchou a imagem da franquia e da empresa, causando até mesmo uma acentuada baixa nas ações da third-party. Talvez a situação faça a Ubisoft repensar seu modelo de lançamentos anuais e deixar seus jogos mais tempo em desenvolvimento?

02 — Notch sai da indústria

Na metade do ano, surgiram boatos de que Markus Persson (Notch, para os íntimos), o criador de Minecraft (Multi), estaria planejando vender seu estúdio para a Microsoft. Os boato provaram-se reais em 15 de setembro, quando a empresa de Bill Gates comprou a Mojang pela módica quantia de $2,5 bilhões.

A venda foi excelente negócio tanto para Notch (DOIS. BILHÕES. E. MEIO.) quanto para a Microsoft (a Mojang está em boas mãos, um grupo de pessoas talentosas assim ser desperdiçado é muito raro). O grande problema foram os motivos da negociação: Persson não aguentava mais o assédio virtual e os anos à sua imagem pública. Em uma publicação sincera, Notch declara: “Eu não sou um empresário. Eu não são um CEO. Eu sou um programador nerd que gosta de publicar suas opiniões no Twitter”.

O programador nerd garantiu que caso trabalhe em algum jogo no futuro, serão apenas projetos pequenos que abandonará imediatamente caso comecem a ganhar atenção. “Não é sobre dinheiro. Isso é sobre minha sanidade.”

01 — #gamergate

Gamergate foi um movimento digital descentralizado que nasceu após uma controvérsia envolvendo a desenvolvedora de jogos independentes Zoe Quinn e o jornalista de games Nathan Grayson. Um ex-namorado de Quinn fez uma longa publicação em que a acusava de manter relações sexuais com o jornalista em troca de favores — como a análise favorável de seus jogos. Logo provou-se que tais acusações eram infundadas, mas a polêmica causou grande desconfiança do público com a mídia de jogos. Assim surgiu o Gamergate, cujo objetivo seria combater a aparente falta de ética no jornalismo de jogos.
Começou assim...

Claro, como muitas coisas na internet, a prática ficou bem longe da teoria. Várias pessoas levantando a bandeira do movimento começaram a atacar especialmente mulheres da indústria de games, fazendo uso de ameaças, hackerismo e publicação de dados pessoais. Zoe Quin foi um dos principais alvos, mas outras desenvolvedoras, como Brianna Wu, e até mesmo mulheres sem ligação direta com a indústria, como feminista Anita Sarkeesian, ficaram no fogo cruzado — ela inclusive foi obrigada a cancelar uma palestra sob ameaças de ataque terrorista no local do evento. O movimento acabou virando nada menos do que um ataque à mulheres e um dos piores exemplos de misoginia dentro da comunidade gamer.
Até virar isso.

Menções (des)honrosas

Desenvolvedor ameaça Gabe Newell de morte

Em um ataque de raiva virtual, Mike Maulbeck xingou muito no twitter, até finalmente amaeaçar matar Gabe Newell. O motivo seria uma propaganda equivocada de seu jogo na loja virtual Steam. Resultado: o jogo foi removido e relações comerciais com o desenvolvedor encerradas.

Steam Controller e Machines

Ano vai, ano vem, e a Valve não perde uma de suas antigas tradições: fazer anúncios que nunca veem a luz do dia. O Steam Controller e as Steam Machines foram anunciados ano passado como parte do plano da empresa para que PCs começassem a ser usados em salas de estar e paulatinamente assumissem o lugar dos consoles tradicionais. Os aparelhos seriam lançados este ano, mas agora provavelmente virão junto com Half-Life 3, logo após a batalha do Armagedom.

Live e PSN fora do ar no natal

Pra fechar o ano com chave de ouro, nossos queridos hackers decidiram derrubar os serviços onlines da Microsoft e Sony. Três dias depois do ataque, a PlayStation Network ainda não retornou totalmente. As razões dos ataques? Supostamente provar a falta de segurança dessas redes — e estragar o natal de várias pessoas ao redor do mundo no processo.

E você, caro leitor, que momento de 2014 gostaria de esquecer? Que coisa não gostaria de ver se repetindo em 2015? Deixe nos comentários abaixo!
Capa: Felipe Araújo

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google