Meus jogos favoritos de 2023 — João Pedro Boaventura

Os redatores do GameBlast comentam os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.


É aquela história: estou aqui para listar alguns dos meus jogos favoritos de 2023, seguindo a série de posts com as preferências dos redatores do GameBlast. Sem delongas, eis minha lista particular sem uma ordem definida (só alfabética) — lembrando que está tudo bem em ter alguns favoritos, mas também ter a completa noção de que estão muito longe de serem os melhores (e vice-versa).

Assassin's Creed Mirage

Gosto bastante de Assassin’s Creed e sou fissurado pela cultura árabe como um todo. Assassin’s Creed Mirage, então, parece que foi feito sob medida para mim. Não é nem de longe o melhor da série e nem sequer uma experiência mais robusta do que a trilogia que o antecedeu (Origins/Odyssey/Valhalla), mas correr pelos telhados de Bagdá é uma experiência única, especialmente para um veterano que marca presença desde o primeiro título da série como eu.



Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon

É um jogo de plataforma e puzzle até que gostosinho de jogar (apesar dos controles meio experimentais), mas eu só fiz questão de botá-lo na minha lista como menção honrosa ao que sobrou da PlatinumGames, que nos últimos anos só tem dado bola fora ou com lançamentos medíocres ou com decisões de negócio questionáveis. 

Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon é o melhor lançamento do estúdio desde Astral Chain em 2019 e eu, sinceramente, não sei o motivo de não ser lembrado entre os jogos de melhor direção artística do ano, já que se trata de um título que consegue se sustentar basicamente desse aspecto. É o meu recorrente “Prêmio PlatinumGames De Jogo do Ano”, uma categoria que nas minhas listas de anos anteriores conseguia se justificar, mas cuja manutenção está cada vez mais inviável, o que é uma pena.



Dave the Diver

Este simpático joguinho que mescla vários estilos de jogabilidades diferentes e que foram amarradas por uma narrativa coesa consiste em uma das experiências mais gratificantes que tive ao longo do ano. Mais do que isso, merece muitos pontos pela honestidade, uma vez que os próprios desenvolvedores tiveram que vir a público avisar que Dave the Diver não é uma produção indie, especialmente porque se vender como indie é uma estratégia muito comum na indústria de jogos, uma vez que isso é uma espécie de discurso para valorizar o próprio produto.



Fire Emblem Engage

Fiquei surpreso com Fire Emblem Engage pela experiência sólida que ele oferece dentro dos padrões da franquia. Assim, enquanto a série sempre teve uma pegada meio “animezona”, este último título realmente chuta o balde na coisa, especialmente no design constrangedor do protagonista. Os personagens também são bem sem graça em sua maioria, mas a história eu até que gostei porque a precariedade dela, bem como a falta de pretensão, me remeteu aos tempos em que a série era bem mais simples e que cada lançamento era um fracasso certo com chance de sepultá-la de uma vez por todas. O mesmo vale para a jogabilidade, sendo que a nova mecânica Engage funciona muito bem.



Like a Dragon Gaiden

Existe um site brasileiro famoso (aquele lá, com nome de um prato à base de ovos) que popularizou uma máxima extremamente danosa para a percepção da audiência que é “eu sou fã, eu quero service”. Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name é isso aí. A campanha é curta, a jogabilidade é simples e a história é relativamente fraca para a série, mas acompanhar essa breve jornada do Dragão de Dojima é extremamente satisfatória para um fã da série, especialmente por conta do emocionante final que me quebrou de jeito.



Mega Man Battle Network Legacy Collection

A série principal de jogos do bombardeiro azul receber uma coletânea no estilo Legacy Collection é uma coisa, mas no instante em que outras paralelas também começaram a receber suas compilações (como a Mega Man X Legacy Collection ou a Mega Man Zero/ZX Legacy Collection), fiquei na expectativa de um eventual Mega Man Battle Network Legacy Collection, algo que finalmente aconteceu em 2023.

E vou falar: é fácil a melhor série secundária da marca, hein? A coletânea, então, vale muito a pena, especialmente por se tratarem de games relativamente longos (durando por volta de umas quinze a vinte horinhas cada). Além disso, a partir do terceiro game, a série de RPG protagonizada por uma versão virtual do robozinho azul começou a receber edições duplas ao estilo Pokémon, fazendo com que seis títulos numerados no total se tornem dez por conta das mudanças notáveis entre os personagens disponíveis.



The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

Eu acho Breath of the Wild conceitualmente mais interessante, ainda mais por conta do ineditismo que ele trouxe quando foi originalmente lançado. The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, entretanto, consegue realizar a façanha de acertar ou amenizar em quase todos os principais pontos que seu antecessor errou. No caso, são três aspectos distintos: o primeiro é o Ganon fumacinha que evoca uma aura de Galactus (do filme d’O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado), Parallax (do Lanterna Verde) e Dormammu (de Doutor Estranho); o segundo é chuva desequilibrada que continua lá, mas as possibilidades de crafting tecnológico a tornam mais fácil de lidar com o problema; e em terceiro, a dungeons principais e os bosses agora têm carisma e algum desafio, sanando um tropeço bizarro do primeiro, considerando que o melhor da série sempre foram os templos e os chefes.

Dito tudo isso, gastei umas cem horas explorando Hyrule numa boa até decidir que já era o suficiente para finalmente encerrar a campanha, quando tomei mais umas vinte horas no lombo por conta de mais uma linha de quests na reta final e que eu não esperava mais naquela altura do campeonato.

Volcano Princess

Foi o meu xodó do ano. O grau de complexidade e possibilidades deste singelo simulador de pai solteiro inspirado por Princess Maker me segurou demais durante dezenas de horas de jogatina ao ponto de simplesmente perder a noção do tempo em várias ocasiões. Volcano Princess pode ser chinês, mas criar sua filha com todo o carinho e cuidado para se tornar uma adulta de sucesso (ou não, dependendo dos finais), deixaria o ex-ministro japonês Shinzo Abe, conhecido por sua política pró-natalidade trabalhada em propaganda através de produtos midiáticos — especialmente nos animes e games —, muito orgulhoso.



Menções honrosas:

Ao contrário do que falam aos quatro ventos de que “2023 foi um dos melhores anos da indústria” (algo que insistem em repetir praticamente em todos os anos, ressalto), não achei esse ciclo tão avassalador assim. Apesar disso, há alguns jogos adicionais que eu quero mencionar:
  • Fatal Frame IV: Mask of the Lunar Eclipse (Multi): este é fácil um dos melhores do ano, mas entrou aqui por ser remasterização mais simples. Ainda assim, é a primeira vez que o jogo chega ao Ocidente e tem valor histórico por ter sido o último game do Suda 51 como diretor antes de voltar à função quase dez anos depois em Travis Strikes Again: No More Heroes.
  • System Shock (PC): é um baita clássico de narrativa ambiental que foi refeito com uma maestria dificilmente vista na indústria. Já havia jogado o original antes e, mesmo em comparação, fiquei bastante surpreso com a forma com que lidaram este honestíssimo remake.
  • Let’s School (PC): Fiquei surpreso com a qualidade deste simulador de escola. Investi muito mais tempo nele do que esperava — e ainda em poucas sessões de jogo. Só parei porque seu único problema é que ele é desses títulos cuja campanha simplesmente começa a bugar e a própria aplicação começa a quebrar por conta de tantos processos envolvidos ao longo do tempo. Aí desisti porque fiquei com preguiça de começar uma escola nova. 

Expectativas para 2024

Para encerrar, também já estou de olho em alguns lançamentos para o ano que vem. De cara, já estou esperando a nova aventura de Ichiban Kasuga em Like a Dragon: Infinite Wealth. Também estou no aguardo das remasterizações de dois clássicos da Grasshopper Manufacture: Lollipop Chainsaw RePOP e Shadows of the Damned Remastered. A Bandai Namco também desperta minha atenção com Sandland e Dragon Ball Z Sparking Zero — se é que esses vão sair em 2024, mas pelo andar da carruagem, acho que vão sim.

Ah, por fim, espero também que Stellar Blade (antigo Project Eve) finalmente ganhe data de lançamento. E é isso. 
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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