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Análise: Akka Arrh (Multi) — Uma batalha espacial engenhosa e psicodélica

Em um remake cheio de cores e explosões, redescubra um projeto engavetado por quatro décadas que consegue renovar a maneira de se jogar um shooter.

Akka Arrh é uma daquelas lendas urbanas do mundo dos games que acaba ganhando vida após décadas de rumores. O protótipo, planejado para ser lançado em 1982 nos arcades pela Atari, foi cancelado após ser considerado muito difícil pela equipe de testes. A ROM acabou vazando em 2019, o que fez com que a Atari disponibilizasse o Akka Arrh original na coletânea Atari 50: The Anniversary Celebration, lançada no final do ano passado.

Logo, esta versão lançada agora trata-se de um remake do original, reimaginado pelo lendário Jeff Minter. Além de fundador da Llamasoft, ele já colaborou com outras pérolas para a Atari, como o shooter vetorial Tempest 2000 e suas sequências, além de outros títulos conhecidos pelo forte padrão de cores e efeitos psicodélicos.

Defenda sua torre

Para jogar Akka Arrh, é necessário uma boa dose de mira e concentração. Controlamos um canhão estelar, que precisa eliminar diversas ondas de inimigos com bombas e tiros antes de sermos atacados, porém  o que traz o desafio de fato é manter a sequência de eliminações com uma quantidade planejada de disparos.

Cada uma das 50 fases possui um formato diferente, que varia de formas geométricas básicas a layouts de mandalas e flores. Nossas bombas são ilimitadas e a explosão delas ressoa pelo cenário sempre que um inimigo é atingido, criando uma nova onda que pode pegar os próximos que irão aparecer.

A ideia é sempre soltar uma ou duas bombas para criar sequências duradouras de extermínio. A cada nova bomba que soltamos, a onda é reiniciada, o que nos rende menos pontos.

A nossa segunda arma são os projéteis, que podemos usar sem afetar nossa sequência de eliminações, entretanto eles têm número contado e nós só recarregamos os tiros ao abatermos as naves inimigas com bombas. Vale citar que alguns desses invasores não podem ser exterminados com bombas, ou seja, não adianta sair atirando a esmo para acabar rápido, pois isso afeta drasticamente nossa pontuação e pode acabar nos levando à derrota.

Outra parte do jogo é a transição entre dois planos. Nosso canhão está no topo de uma torre chamada Sentinela, e em alguns momentos ocorrerão ataques na parte de baixo. Aí nós podemos fazer uma rápida transição para a base e o jogo muda para um ritmo mais acelerado, com inimigos se aproximando mais rapidamente.

A curiosidade por trás de Akka Arrh é notória e esta versão repaginada faz um ótimo trabalho em trazer um shooter bem diferente dos que existem atualmente. Mas, mesmo com a variação de formato dos cenários, é impossível não se sentir um pouco incomodado com a repetição que tudo isso traz.

Algo que poderia motivar quem está no controle seria incluir o protótipo original, seja desde o início ou para desbloqueio. Por mais que seja um remake, não há nenhum tipo de menção à versão de 1982 e isso acaba fazendo um pouco de falta para quem não conhece a mística por trás deste título ou não jogou a coletânea do Atari.

Outra coisa que pode intimidar é a escalada complexa na dificuldade para quem não está acostumado com shooters no geral. A mudança de layouts, que depois envolvem mais camadas além da mudança de formatos, é desafiadora e um prato cheio para os veteranos, mas pode ser um pouco confusa para os menos íntimos do gênero.

Explosões espaciais psicodélicas

À medida que toda a ação acontece, as cores e sons têm um forte envolvimento, o que é um dos traços mais fortes das produções de Jeff Minter. As explosões das bombas mudam a cada estágio, variando sua área de alcance com formas que variam entre losangos e estrelas e a combinação dos formatos diferentes das fases é uma maneira bem pitoresca de planejar as suas ações.

Tudo isso acontece com uma enxurrada de cores vibrantes na tela, que traz uma vivacidade psicodélica única para cada partida. Para quem tem algum tipo de sensibilidade visual, é possível desligar o efeito piscante das explosões, o que suaviza o impacto na tela. 

A trilha sonora também tem um quê bastante experimental, já que a aparição das naves inimigas na tela dita o ritmo dos efeitos sonoros, sejam eles ruídos, sons isolados ou até mesmo frases. A ideia de Minter era criar uma composição sonora única, que não fosse exatamente uma música e simbolizasse o que está acontecendo na tela, e de fato essa foi uma sacada bem bacana para um jogo que já traz um estilo diferenciado.

Ter todo esse trabalho único no jogo é bem legal, mas as informações na tela, como algumas mensagens de instrução do tutorial e até mesmo os menus, são difíceis de serem lidos, ainda mais porque eles aparecem com a ação em andamento, o que causa certa confusão.

A volta do que não foi

Um remake de um protótipo nunca lançado pode parecer muito ambicioso, mas Akka Arrh com certeza faz jus ao mistério de sua fonte. Ele pode até ser  muito simplista para os jogadores atuais, acostumados com mais elementos e opções, mas aqui está um jogo que merece ser conhecido, principalmente pelos fãs do legado da Atari.

Prós

  • Jogabilidade criativa para um shooter;
  • Cores vibrantes e sons que acompanham o ritmo de jogo;
  • 50 fases com layouts que tornam cada partida única.

Contras

  • Após algumas horas, o jogo se torna um pouco repetitivo;
  • Apresentação muito simplista;
  • Poderia ter incluído a ROM original, mesmo que como desbloqueável.
Akka Arrh  — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX  — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Atari

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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