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Análise: Doom Eternal: The Ancient Gods – Parte Dois (Multi) conclui com louvor o reboot da franquia de ação infernal

A segunda parte do DLC não traz grandes destaques, mas fecha a saga do Slayer mantendo os altos níveis de qualidade, diversão e desafio.


O final de uma saga de videogames normalmente é um grande acontecimento. Afinal, nada como ver concluída uma grande aventura e prospectar os futuros rumos da franquia. O mais novo exemplo é Doom Eternal: The Ancient Gods – Parte Dois (Multi), o segundo DLC estrelando o famoso Slayer e sua eterna luta contra as forças infernais.


Mas será que a expansão é digna da história até então? Mais uma vez equipe a Superescopeta, vista a armadura e pegue muita (mas muita) munição, pois vamos começar!

A conclusão de um reboot de sucesso

Clássico do gênero de tiro em primeira pessoa, o primeiro Doom chegou em 1993 para computadores DOS e iniciou o sucesso da franquia. Em 2016, a série recebeu um reboot (ótimo, por sinal) homônimo que foi muito bem recebido, conseguindo unir elementos modernos com várias das suas boas tradições. Finalmente, chegamos a março de 2020, com o lançamento de Doom Eternal (Multi).
 
Tal como conferimos na sua análise, o game conseguiu ser ainda maior, mais bonito, divertido e desafiador que o seu predecessor. Juntamente com a chegada do jogo base, tivemos o anúncio de uma expansão na forma de dois DLCs, que seriam lançados em um futuro próximo. Com o sucesso de Eternal, essas duas expansões criaram uma grande expectativa nos fãs.
A primeira parte do aguardado DLC de Eternal
Doom Eternal: The Ancient Gods – Parte Um (Multi) chegou em 20 de outubro de 2020 e trouxe desdobramentos interessantes para a história de Eternal. Além do enredo, novos inimigos, mapas e runas foram adicionados à já generosa quantidade de conteúdo existente. O final da primeira expansão trouxe uma enorme surpresa, deixando os desdobramentos para a sua sequência.
 
Com isso, chegamos a Doom Eternal: The Ancient Gods – Parte Dois (Multi), lançado em 18 de março de 2021 para PC, PlayStation 4 e Xbox One. Ele continua diretamente do final do seu predecessor (spoilers a seguir e no próximo parágrafo), que trouxe as consequências da vitória do Slayer em Eternal. Graças às ações do protagonista, as forças infernais conseguiram invadir a dimensão de Urdak.
Pronto para terminar a guerra contra as forças infernais?
A partir de lá, elas poderiam atacar todo o universo, incluindo a Terra. Para impedir isso, o Slayer deveria obter um orbe especial e entregá-lo ao Seraphim, que tomaria o controle das ações. Ao não concordar com as intenções da entidade, o protagonista destrói a esfera e acaba invocando o Senhor da Escuridão. Líder das forças infernais, sua derrota resultaria na aniquilação completa de todos os demônios.

Proposta um pouco simples, mas competente

The Ancient Gods – Parte Dois mostra o caminho do Slayer até a sua batalha final contra o Senhor da Escuridão, na busca por encerrar a guerra de uma vez por todas. Temos algumas reviravoltas interessantes e momentos incríveis, inclusive um no estilo de Vingadores: Ultimato. É uma pena que eles ficaram um pouco jogados, podendo ter sido mais bem trabalhados e desenvolvidos.
A batalha final pelo universo de Doom Eternal
A luta final, em particular, ficou devendo. Enquanto ela é ótima e intensa, digna do excelente equilíbrio de dificuldade do jogo, ela também poderia ter sido mais grandiosa. Felizmente, o final é satisfatório e a falta de polimento não esconde a beleza e a diversão de The Ancient Gods – Parte Dois, sobretudo graças aos ótimos desafios oferecidos.
Este duelo deveria ter oferecido um espetáculo maior
Vale lembrar que Doom é reconhecido pelos seus tiroteios frenéticos, nos quais o protagonista precisa derrotar hordas de inimigos variados. Em Eternal, a movimentação, a precisão e o uso correto dos recursos são fatores essenciais. As armas, os equipamentos e as habilidades são variadas e numerosas, compensando a dificuldade exigente, mas equilibrada, do game base.
A mira agora conta com pequenos ícones com informações como gasolina da Motosserra e número de Socos Sangrentos disponíveis
Se na Parte Um tínhamos picos exagerados na dificuldade, agora cada combate e exploração são perfeitamente balanceados. Basta usar a memória muscular dos comandos e os recursos do Slayer para aproveitar as violentas e divertidas lutas sem (maiores) frustrações. Boa parte das dicas e técnicas básicas funcionam bem, demonstrando o cuidado em produzir um DLC coerente com a base.

Novidades interessantes (e perigosas)

O DLC se passa em três fases principais: A Estepe, Terra Reavida e Immora, onde estão localizados o Senhor da Escuridão e seu exército demoníaco. Cada local é único e belo, mas sem perder o estilo visto anteriormente, apresentando boas seções de plataforma e alguns segredos interessantes. Logicamente, os cenários também estão repletos de combates em tiroteios emocionantes.
O Gancho para Carne da Superescopeta pode ser usado para explorar os cenários
A trilha sonora não inova, mas mantém o nível de qualidade. Já os inimigos contam com várias estreias na expansão: Soldado de Choque, que possui um escudo indestrutível; Berrador, um morto-vivo que fortalece demônios próximos ao ser atacado; Diabrete Pétreo, com seus ataques a curta distância; Predador Amaldiçoado, cujo veneno limita os movimentos e drena a vida.
O Barão Blindado é uma das maiores ameaças do jogo
Além deles, temos o Barão Blindado, com sua poderosa armadura e ataques violentos. Apesar de todos serem muito perigosos, eles possuem fraquezas específicas que podem ser exploradas em momentos tensos, como é de praxe em Eternal. Não espere lutas fáceis, mas essa possibilidade ajuda a equilibrar as batalhas. Como os inimigos são mais numerosos e variados, o Slayer também recebeu um reforço, uma arma chamada de Martelo de Sentinela.
Ponha pra quebrar (e atordoar) com o poderoso Martelo de Sentinela
Recarregado através de Execuções Gloriosas e ataques em pontos fracos, sua principal função é atordoar os inimigos e conferir recursos preciosos. Por fim, temos como destaque os novos Confrontos Agravantes, que oferecem dois desafios em sequência. Ganhar o primeiro resulta em melhorias para o Martelo de Sentinela, enquanto o segundo libera uma nova skin. Essa luta subsequente é significativamente mais difícil, exigindo muita habilidade e precisão para ser vencida.

Ótimo, mas ainda um passo atrás

Tal como o primeiro DLC, The Ancient Gods – Parte Dois, ainda que muito bom, não conseguiu alcançar o nível de Doom Eternal. No predecessor, os problemas foram a quantidade de conteúdos novos relativamente reduzida e os picos exagerados na dificuldade. Um dos contras da nova expansão foi a já citada falta de polimento e ousadia em alguns elementos.
Certos personagens poderiam ter tido uma participação maior
A maior questão, entretanto, é o tempo de jogo reduzido, que conseguiu ser ainda menor que a primeira parte. Se antes tínhamos pouco mais de cinco horas, agora mal passamos de três horas. O curioso é que a parte dois traz um número razoável de conteúdos novos, incluindo inimigos, roupas e desafios; só faltou tempo para desenvolvê-los melhor, o que poderia, inclusive, ter ajudado no quesito de construção e ousadia do enredo.
O enredo é interessante, embora pudesse ter sido mais bem desenvolvido
O inverso também pode ser aplicado: a falta de inspiração, como na luta final e no enredo, acabou ajudando para a duração reduzida. Caso certos momentos fossem mais trabalhados, aumentariam a extensão do DLC e torná-lo-iam ainda mais grandioso. No saldo final, ficamos com um jogo base sensacional e duas expansões muito boas, mas que poderiam ter sido um pouco melhores.

Fechando com chave de (80%) ouro

Doom Eternal: The Ancient Gods – Parte Dois (Multi) trouxe o último capítulo do reboot começado em 2016. Com novos mundos, eventos e, principalmente, inimigos e desafios afiados, temos um DLC que mantém a alta qualidade. Ainda que alguns pontos tenham ficado devendo, o resultado final é ótimo e conclui a saga do Slayer de forma satisfatória. Agora, só resta esperar pelas próximas aventuras e torcer para que elas sejam ainda melhores. “Rip and tear!

Com a conclusão de The Ancient Gods e Eternal, resta aguardar pelo próximo título da série Doom

Prós

  • DLC fecha a história do reboot da ótima franquia com qualidade;
  • Visuais continuam bonitos e apresentam belos espetáculos;
  • Jogabilidade sólida e mecânicas bem implementadas, com destaque para o novo Martelo de Sentinela;
  • Trilha sonora, ainda que sem maiores novidades, continua dinâmica e envolvente;
  • Desafios extras e novos inimigos proporcionam mais opções para continuar jogando.

Contras

  • Expansão é relativamente curta (ainda mais que a primeira parte);
  • Faltou um pouco de capricho em determinados elementos, principalmente na luta contra o chefe final.
Doom Eternal: The Ancient Gods – Parte Dois – Multi – Nota: 8.0
Versão utilizada para avaliação: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bethesda

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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