E3 2007 e o fim da E3: protestos, conferências parciais, mas grandes anúncios

Com uma mudança nos padrões e o fim eminente da E3 para a E3 Media & Business Summit, o caos estava formado, mas com ainda muitos anúncios.


E então que surge um dia em que a E3, devido ao alto número de visitantes de "fora" da indústria, viu sua marca chegar bem perto do fim. A organizadora da feira, ESA, teve de tomar uma decisão para diminuir esse tráfego de pessoas que estavam no evento só por diversão, realizando, assim, uma mudança radical: sai o Los Angeles Convention Center e entra o Barker Hangar, em Santa Mônica, a 13 km do centro de LA. Muito caos, poucos jornalistas, diversas conferências distantes, booths não tão prazerosas, mas ainda grandes anúncios tornaram esta E3 um tanto peculiar.

Uma E3 que não existiu

Depois de muitos adiamentos, a E3 2007 finalmente foi agendada para ocorrer entre os dias 11 e 13 de julho. Agora, em um espaço muito menor, com um espaço de tamanho total de 3.252 metros quadrados, distribuído entre 10 e 30 m² para cada estande. Para efeito de comparação, somente o estande da Sony na E3 2006 possuía 5.000 m².
E3 em Santa Monica: sol, praia, games e diversão... não, pera...
Além disso, o local parecia bem improvisado, sem muita pompa ou grandes atrações. Isto talvez tivesse feito com que o foco não fosse o Hangar. A feira de verdade ocorreu entre vários hotéis espalhados por Santa Monica, dentro de diversas conferências fechadas, o que causou muita confusão, atrasos, correria e que fez com que os jornalistas tivessem que se dividir para dar conta de tudo, isso quando conseguiam achar ou chegar nos locais a tempo. A quantidade de cerca de 60 mil jornalistas do mundo todo que foi para a E3 2006, contava agora com cerca de 10 mil, resultado do desânimo provocado pelo novo formato.
Os pequenos pavilhões sem sal do Barker hangar
Rodrigo Gerra, um dos redatores da EGM Brasil na época, apontava:
"E o pior aconteceu: a feira não foi uma feira, mas sim um conglomerado de coletivas de imprensa (12, no total), com intervalos de tempo perigosamente curtos entre os mini-eventos - três dias foram pouco para acomodar tudo o que aconteceu". Rodrigo Gerra, EGM Brasil #67, p. 76.
Outra grande mudança foi a saída das Booth Babes da feira, as gatas da E3 que sempre estão presentes nos estandes para mostrar os jogos e dar informações gerais. Tal fato gerou até um protesto, denominado o “Funeral da E3”, com diversas garotas em trajes de viúvas e vários jornalistas e produtores vestidas à caráter (tinha até um padre regendo o festival), anunciando o fim da E3.
O funeral estava formado, e com muita pompa e direto à música
Além de uma pévia das empresas realizada em maio, por conta dos adiamentos e possíveis cancelamentos da feira, ela agora coincidia com outros grandes eventos de games mundo afora, como a germânica Games Convention (agosto) e japonesa Tokyo Game Show (setembro). A organização fez uma enquete ao final para saber a opinião dos que lá estiveram sobre qual local considerariam melhor para o evento ocorrer no ano seguinte, além de perguntar o que acharam da feira naquele ano.
Santa Monica High School, palco onde aconteceria a conferência da Microsoft

A balada da Microsoft

Mas se deu bem a empresa de Bill Gates. A conferência da Microsoft aconteceu um dia antes da feira, dia 10 (geralmente destinado às conferências), no Santa Monica High School, e disputou apenas com uma festa de Killzone 2, às 20:00 no horário local. Em sua conferência, a Microsoft trouxe ao público um evento bem animado e com algumas novidades, tanto em jogos quanto em seu modelo.
Rock Band para agitar um pouco a noite antes da E3
A abertura do evento ocorreu ao som de Halo 3 no melhor estilo Rock n’ Roll, interpretado por músicos fãs da franquia e, logo depois, teve a entrada de Peter Moore e um show de Rock Band, que deu um gás à apresentação. A Microsoft se apoiava em jogos exclusivos como seus maiores responsáveis nas vendas no X360, que também ganhava uma versão especial de Halo. Diversos títulos eram divulgados, como Viva Piñata, da Rare, Mass Effect, Guitar Hero 3, Eternal Sonata e Lost Odissey, mas o mais interessante ainda viria.


Um controle novo, com formato de controle remoto e que serviria para toda a família (possivelmente inspirado em uma certa empresa de um certo bigodudo)era posto em cena. Logo depois, a empresa anunciaria uma parceria com a Disney, permitindo aos seus usuários desfrutarem de diversos filmes de produtoras famosa, como a Hollywood Pictures, TouchStone Pictures, além, é claro, da própria Disney. Jogos de esporte também fizeram parte do conteúdo do evento, bem como eram ressaltadas todas as maravilhas da LIVE.


My body is happy

Para a Nintendo, esta E3 não seria das piores, afinal, a supremacia das vendas do Wii e do DS atingia números exorbitantes e isso revigorou a sua apresentação. A volta ao primeiro lugar na liderança deu ânimo à Nintendo para querer inovar ainda mais, mostrando agora três acessórios (Wii Zapper, Wii Wheel e Wii Balance Board)... tudo bem, isto não era tudo, mas muitos jogos de peso, incluindo Mario Kart Wii viriam a ser apresentados na telona, mas, é claro, dividindo espaço com diversas pessoas de marketing mostrando gráficos, resultados, metas e números de vendas. Saudades desta época em que as empresas passavam mais tempo apresentando gráficos em pizza e constatações de mercado do que seus games propriamente ditos. Aliás, saudade nada, aquilo era tudo muito chato…
E com o famoso "My body is ready" de Reggie Fils-Aime, a Nintendo era só alegria
Entre os games estavam Super Mario Galaxy, que apareceu para animar a todos com o resgate às mecânicas antigas de Super Mario 64. Também contamos com o primeiro título Zelda para o DS: The Legend of Zelda: Phantom Hourglass, que veio para mostrar e explorar ainda mais as características da tela de toque e recursos do portátil. Metroid Prime 3 estava lá para ser testado, e sim, com data de lançamento marcada para agosto daquele ano. Mais um trio de peso estava formado, além de diversos outros games, como Battalion Wars 2, Super Smash Bros. Brawl (somente em vídeo), Mario Party DS, Professor Layton and The Curious Village e muitos outros.
Os jogos da série Professor Layton unem diversão, raciocínio e mistérios na medida certa.

E a Sony bota lenha na fogueira

Mas se engana quem pensou que a Sony ficaria intimada com as vendas da Nintendo. Jogos de peso animaram a conferência, além do anúncio de um novo modelo de PSP, mais leve e com novos recursos, como a possibilidade de conectá-lo em uma HDTV. Houve até a participação do Chewbacca segurando o novo aparelhinho. Depois de Kaz Hirai anunciando "Riiiiidige Racer" na E3 2006, nada mais parecia cobrir o constrangimento anterior. Bom, vamos aos fatores realmente bons agora.

A Sony estava também apostando nas exclusividades. Como todas as três gigantes estavam em guerra, nada mais natural que apresentar ao público o porquê de escolher um de seus sistemas. E assim, muitos jogos para PS3 vieram à tona, como Wipeout HD, Gran Turismo 5 Prologue, Ratched & Clank Future, Heavenly Sword, entre outros.
Grand Turismo 5 era o sucesso certo.
Quedas de preço também animavam a plateia (e escondiam a real baixa vendagem do PS3, que ainda era super caro). O PS2 era abandonado aos poucos, com quase nenhum título produzido pela própria Sony e mais e mais números eram mostrados. Ao final da conferencia, os jornalistas puderam testar, ao final da conferência, muitos dos jogos recém anunciados em estandes no mesmo lugar. Uma maravilha para quem estava sedento por um pouquinho de ação.


Thirdies apostando no sucesso

Este também foi um dos anos que as empresas Third Parties apostaram pesado em seus títulos para diversas plataformas. Silent Hill 5, Resident Evil 5, Call of Duty 4, Assassin's Creed e muitos outros fariam sucesso em breve.
Resident Evil 5 tinha sol...
Fallout 3, Devil May Cry 4, World of Warcraft, Turok, Spore, NiGHTS, de Blob, Raving Rabbids 2, entre outros, eram alegria pura e mostravam cada vez mais a criatividade das desenvolvedoras com novas franquias e acesso a diversas plataformas, que, com o tempo, restringiriam de novo devido à vendagem em cada sistema.

O resultado de tudo isso?

O placar da E3 2007 pode ter sido positivo para algumas empresas, mas com certeza não foi para os jornalistas. A magia, no entanto, ainda estava disponível pelo fato das empresas sustentarem, por si só, em diferentes regiões, suas conferências e novidades. A torcida para a volta do modelo original da E3 era forte e importante.

A revista EGM Brasil, na época, fez um painel com os prós e contras, mostrando em estilo de Top 10 os melhores da feira. Confira a página da matéria:
Página 84 da EGM Brasil #67
E vocês, o que acharam desta nova E3, e o que mais gostaram nos anúncios? Em sequência, mostraremos como foi a E3 2008, com uma penca de jogos novos, alguns fracassos, ainda no mesmo nível desta E3, mas muita coisa pra conferir. Aguardem novidades!

Revisão: Luigi Santana
Capa: Felipe Araujo


Jaime Ninice é cravista, formado pela UFRJ, e mestre em música na mesma instituição. Sua paixão por games, eventos e revistas o levou a escrever e revisar artigos desde 2010 no @Blast. Hoje é redator das publicações impressas sobre retrogames WarpZone.me
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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