Final Fantasy IX: aprimoramentos que seriam bem-vindos em um eventual remake

Pequenos toques poderiam preservar a magia do clássico da Square Enix e deixá-lo ainda mais acolhedor.

em 12/07/2025
Rumores sobre um remake de Final Fantasy IX circulam com força desde 2021, quando o título apareceu entre os nomes listados em um suposto vazamento de dados da NVIDIA. Embora a Square Enix nunca tenha confirmado oficialmente o desenvolvimento, o vazamento já se provou legítimo em diversos casos — como Tactics Ogre: Reborn, Kingdom Hearts IV e, mais recentemente, Final Fantasy Tactics - The Ivalice Chronicles —, o que mantém acesa a esperança dos fãs.

É verdade que Final Fantasy IX continua extremamente agradável de jogar mesmo hoje. A versão remasterizada lançada em 2016 trouxe o jogo para todos os consoles modernos, com melhorias visuais e alguns aprimoramentos pontuais, constituindo uma ótima forma de revisitar (ou descobrir) a jornada de Zidane, Garnet, Vivi e companhia. Ainda assim, um remake completo ofereceria à Square Enix a chance de refinar essa experiência com os recursos atuais, sem comprometer aquilo que torna o jogo tão especial.

Neste especial, discutiremos alguns aprimoramentos que seriam bem-vindos em um eventual remake de Final Fantasy IX.

Considerações iniciais

Antes de tudo, é importante deixar claro que este texto não tem como objetivo apontar defeitos ou desmerecer Final Fantasy IX. Pelo contrário: considero o jogo um dos melhores da franquia e também um dos RPGs mais marcantes que já experimentei. Sua narrativa sensível, personagens carismáticos, ambientação encantadora e sistema de combate equilibrado fazem dele uma experiência atemporal, ainda que ele jamais receba um remake.

Também não temos a pretensão de dizer o que um remake deve ou não ter. A proposta aqui é simplesmente refletir, com base em exemplos de outros relançamentos recentes da própria Square Enix, sobre alguns aspectos que poderiam ser aprimorados com os recursos e padrões modernos, sempre com cuidado para que tais mudanças não descaracterizem a essência do original. Afinal, parte do encanto de Final Fantasy IX está justamente em seu equilíbrio entre simplicidade e profundidade — algo que um eventual remake teria a difícil missão de preservar.

O aprimoramento mais óbvio: visuais, dublagem e expressividade

Final Fantasy IX é repleto de cenas memoráveis, emocionantes, engraçadas e dramáticas, que ainda hoje causam impacto. Momentos como o corte de cabelo de Dagger, a peça de abertura em Alexandria, o conflito interno de Vivi ou o resgate de Zidane em Pandemonium são exemplos de como o jogo constrói sua narrativa com sensibilidade e força emocional.

Com os recursos atuais, essas passagens poderiam ganhar ainda mais impacto com a adição de dublagem e expressões faciais mais mutáveis e realistas. A atuação vocal adequada traria profundidade aos personagens e reforçaria suas personalidades, enquanto animações modernas permitiriam que sentimentos como medo, tristeza ou alegria fossem transmitidos com mais nuances.

Para ser sincero, acredito que seja extremamente improvável que Final Fantasy IX receba um remake nos mesmos moldes ambiciosos da releitura de Final Fantasy VII. No entanto, uma revitalização mais modesta — nos moldes visuais de alguns dos títulos 3D recentes da Square Enix, como os das séries SaGa e Mana — já me deixaria imensamente satisfeito. E tenho certeza de que muitos fãs pensam da mesma forma: não é necessário reinventar Final Fantasy IX, apenas respeitá-lo e permitir que sua magia brilhe mais uma vez com um pouco dos recursos de hoje.

Combate ainda mais intuitivo

Apesar de existirem algumas críticas à suposta lentidão nas batalhas, o sistema de combate de Final Fantasy IX ainda é excelente e não precisa de mudanças radicais. Como se trata de um título que homenageia diretamente os jogos mais clássicos da franquia, um remake ideal deveria preservar essa essência e evitar transformá-lo em um jogo de ação em tempo real.

Ainda assim, melhorias pontuais seriam bem-vindas. Em vez dos tradicionais aceleradores de combate, que poderiam prejudicar o ritmo do sistema ATB (Active Time Battle), a introdução de diferentes níveis de dificuldade talvez trouxesse nuances interessantes. Em dificuldades mais altas, por exemplo, o tempo de reação dos inimigos poderia ser reduzido, exigindo tomadas de decisão mais rápidas do jogador e adicionando uma tensão estratégica maior.

Da mesma forma, certos elementos poderiam ser suavizados em modos mais acessíveis. Um bom exemplo seria o sistema de roubo, que muitas vezes exige dezenas de tentativas até que Zidane consiga obter itens raros de chefes. Em uma dificuldade mais baixa, a taxa de sucesso de roubo poderia ser aumentada, tornando o processo menos repetitivo para quem busca uma experiência mais tranquila.

Além disso, como já visto em outros remakes recentes da Square Enix, como Romancing SaGa 2, seria interessante incluir indicadores de fraquezas dos inimigos que já foram derrotados ou que sofreram ataques elementais. Essa adição tornaria o combate ainda mais acessível (algo que combina com o espírito acolhedor do jogo), sem comprometer sua profundidade.

Mais precisão no minijogo Chocobo Hot & Cold

O minijogo Chocobo Hot & Cold é um dos mais importantes de Final Fantasy IX. É por meio dele que o jogador obtém os valiosos Chocographs — mapas que indicam tesouros escondidos pelo mundo —, os quais garantem alguns dos melhores equipamentos do jogo, como a poderosa Ultima Weapon de Zidane e a excelente Black Robe, que permite que Vivi aprenda a magia Flare.

Embora o sistema seja carismático e recompensador, ele também pode se tornar cansativo, especialmente na versão original. Isso porque a movimentação do chocobo ao cavar é um tanto imprecisa, o que pode tornar frustrante localizar todos os Chocographs. A versão remasterizada de 2016 amenizou esse problema com o uso do acelerador de velocidade, que não interfere no relógio interno do minijogo, nos permitindo cavar com muito mais agilidade. Ainda assim, há espaço para melhorias.

Uma solução possível seria incluir uma mira visual mais precisa, indicando com clareza o local em que o bico da “galinha” atingirá ao escavar. Outra alternativa seria tornar o sistema de calor mais intuitivo, com efeitos sonoros ou visuais mais claros para indicar a proximidade do tesouro. Afinal, o tradicional “Kwehhh?!” cobre uma área bastante ampla, o que reduz a precisão da busca.

Em suma, o ideal seria manter o espírito de exploração e recompensa, que já é um dos pontos fortes do minigame, mas reduzir a repetição mecânica e a frustração do acaso, tornando a caça aos tesouros uma experiência mais estratégica e menos exaustiva.

Menus dedicados para alguns sistemas

Final Fantasy IX conta com sistemas bem intuitivos e funcionais. Ainda assim, um remake moderno poderia aproveitar a oportunidade para refinar a interface geral e adicionar funcionalidades que melhorariam a experiência do jogador.

Nesse sentido, uma adição muito bem-vinda seria um bestiário completo, com informações sobre inimigos já enfrentados, incluindo dados úteis como quais monstros oferecem habilidades consumíveis para Quina. Isso tornaria a tarefa de completar a lista de magias azuis muito mais prática.

Da mesma forma, o sistema de coleta de sapos nos pântanos poderia ser mais transparente. Um indicador à distância sobre o número de sapos restantes, visível em um menu próprio ou por meio de algum personagem, como os Moogles, ajudaria o jogador a planejar melhor a coleta sem precisar retornar aleatoriamente às áreas, especialmente na primeira metade da jornada, quando ainda não se tem acesso a transportes aéreos.

Outro ponto que poderia ser ajustado é o sistema de síntese de equipamentos. No jogo original, certos itens desaparecem das lojas após um determinado ponto da história, o que pode inviabilizar a criação de armas ou acessórios interessantes se o jogador não tiver criado estoques. Um aviso prévio sobre a saída desses itens, ou mesmo lojas especiais no endgame com equipamentos antigos, seria uma solução simples e eficaz.

Por fim, os Active Time Events (ATEs), que oferecem cenas opcionais para aprofundar personagens e locais, também merecem atenção especial. Muitos deles são perdíveis e não há uma forma prática de saber quantos existem por região ou quais já foram visualizados. Um menu dedicado aos ATEs incentivaria o jogador a explorar melhor cada local.


Localização mais abrangente

Um dos pontos em que a Square Enix ainda falha com frequência é na limitação de idiomas em seus lançamentos. Apesar da importância global da empresa, muitos dos seus jogos, incluindo relançamentos, continuam sem tradução para diversas línguas, como o português.

Infelizmente, Final Fantasy IX está entre os títulos que jamais receberam uma localização oficial para o nosso idioma, mesmo sendo um dos mais queridos da franquia. A adição de mais opções de idioma não só tornaria o jogo mais acessível, como também permitiria que novos públicos mergulhassem com mais profundidade em sua rica narrativa.


Galeria e extras desbloqueáveis

Uma das grandes qualidades de Final Fantasy IX é o cuidado com seus personagens, cenários e direção de arte. Um remake seria a oportunidade perfeita para celebrar ainda mais esses aspectos, oferecendo conteúdos extras que homenageiem sua história de desenvolvimento e bastidores.

Nesse sentido, seria muito bem-vinda a inclusão de um modo galeria, com artes conceituais originais, esboços e modelos de personagens, trilha sonora e até vídeos ou comentários dos desenvolvedores. Também seria excelente poder revisitar a qualquer momento os ATEs e as cenas mais importantes da história, além de conferir algum tipo de linha do tempo interativa, destacando os principais eventos da narrativa.


Um retorno à altura da lenda

Final Fantasy IX é um clássico que merece ser celebrado. Mesmo mais de duas décadas após seu lançamento, o jogo continua extremamente encantador. Um eventual remake teria o potencial de apresentar essa jornada a uma nova geração, ao mesmo tempo em que permitiria que os fãs de longa data revivessem Gaia com novos olhos.

Seja com melhorias visuais, ajustes de dificuldade, uma localização mais inclusiva ou sistemas de jogo mais intuitivos, há espaço para evoluir sem descaracterizar. Se for desenvolvido com o mesmo cuidado e carinho com que o original foi concebido, um eventual relançamento de Final Fantasy IX tem tudo para se tornar tão inesquecível quanto o clássico de 2000.

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut 
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Lucas Oliveira
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