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Análise: PAC-MAN Mega Tunnel Battle Chomp Champs (Multi) é um divertido (e subutilizado) battle royale do famoso “come-come”

Apesar de diversos pontos que ficaram devendo, o game entrega uma experiência divertida, sobretudo para os amantes do clássico.

em 11/05/2024

Enquanto novos nomes como Stellar Blade tentam emplacar na competitiva indústria dos videogames, certas franquias mais consolidadas volta e meia retornam em novos lançamentos. O nome da vez é PAC-MAN Mega Tunnel Battle Chomp Champs, uma experiência inédita estrelando a famosa bolota amarela em seu próprio battle royale. Vista sua peruca, chame os amigos e pegue algumas pílulas, pois a análise vai começar!

Dos primórdios à atualidade

Embora dispense apresentações, vale fazer uma breve retrospectiva da franquia. O título original surgiu na década de 80 nos arcades, rapidamente se tornando uma febre entre os jogadores e um verdadeiro ícone da história dos videogames. Foram muitos jogos lançados ao longo dos anos, incluindo todos os tipos de gêneros diferentes e até participações especiais em outros games.
Uma longa carreira nos videogames
Recentemente, é possível lembrar de dois títulos lançados em 2022: Pac-Man Museum + e Pac-Man World Repac. O primeiro é uma coletânea que viaja pelo tempo em 14 games diferentes, enquanto o segundo é um remake de um jogo de plataforma em três dimensões, original de 1999. Ambos os games foram competentes, mas não trouxeram nada de muito novo.
 
Portanto, é com entusiasmo que PAC-MAN Mega Tunnel Battle Chomp Champs chega – no dia nove de maio – trazendo uma nova abordagem, agora usando o gênero battle royale. Neste caso, temos 64 jogadores em 64 labirintos independentes, mas que estão um ao lado do outro e são interligados por pequenos túneis. Após determinados períodos de tempo, essas aberturas permitem que os PACs visitem uns aos outros.
Cuidado para não se perder em meio a tantos labirintos
E quando digo “visitem”, quero dizer atrapalhem e até engulam os adversários. Afinal, temos aqui um battle royale, no qual deve existir apenas um vencedor. A intrusão não é obrigatória, pois o jogador pode se concentrar no seu labirinto e aumentar sua pontuação, apostando que os demais vão dar cabo se si mesmos. Vale frisar que essa “colcha de labirintos” encolhe com o tempo, como em uma batalha real clássica.

Incrementando a fórmula

A pontuação é importante para obter vidas extras e para algumas contagens de tempo que ocorrem durante as partidas. Ao final delas, temos eliminações para quem estiver com a quantidade de pontos abaixo do mínimo. Ou seja, não basta ser agressivo contra os demais; é preciso ser bom em Pac-Man de maneira geral, de modo a conquistar muitos pontos comendo frutas, engolindo fantasmas e assim por diante.
Comer todas as bolotas do labirinto garante pontos preciosos
Seja como for, a jogabilidade é acessível para todos os públicos. As Pílulas do Poder continuam como o item determinante para os PACs, garantindo invulnerabilidade, mais velocidade e a capacidade de engolir inimigos, sejam eles fantasmas ou outros PACs. Ela só funciona adequadamente no labirinto de origem, então cuidado ao invadir as áreas adversárias.
 
A novidade em Chomp Champs são Itens de Poder diferentes: escudo, aumento de velocidade, repulsão e atração de fantasmas, entre outros. Inclusive, esses recursos podem ser usados imediatamente ou armazenados, criando um fator estratégico para os jogadores. Gostei do ritmo das partidas, que proporciona a dose certa de emoção e desafio sem abrir mão daquela pegada clássica do “come-come” tradicional.
Os poderes especiais conferem mais variabilidade as disputas
Minha única ressalva nesse quesito é um leve atraso entre os comandos e as ações. Mesmo que Chomp Champs não seja nenhum Call of Duty ou EA Sports FC, o input lag torna movimentos de última hora complicados e pode levar a derrotas frustrantes. É estranho que um jogo tão simples tenha esse problema, o que talvez se deva à falta de um servidor exclusivo para a América do Sul ou Latina.

Diversão e emoção

PAC-MAN Mega Tunnel Battle Chomp Champs tem três modos de jogo, embora todos sigam e tenham as mesmas regras e características que expliquei antes. Além de um modo de treinamento temos também o de Eliminação, que coloca jogadores de qualquer nível na disputa, e o Ranqueado, com partidas entre adversários do mesmo nível. Enquanto o segundo é mais acessível, o terceiro tem foco na competitividade e busca pelo topo do game.
Os PACs se reúnem para começar a competição
Embora eu tenha ganho várias partidas de eliminação, que por vezes parece povoada com alguns bots (devido ao comportamento errático), o máximo que consegui nas ranqueadas foi um segundo lugar. E bastante suado, já que fiquei mais de cinco minutos duelando contra outro jogador bastante habilidoso (perdi uma vida por causa do já citado lag)! É um exemplo de como o título pode ser emocionante, mesmo que as recompensas não sejam lá grande coisa.
Trocar de labirinto exige atenção e oportunismo
O nosso desempenho é recompensado com tokens, que por sua vez podem ser usados para adquirir vários tipos de cosméticos diferentes. Embora seja legal personalizar o tema do seu labirinto ou o seu PAC com todo tipo de fantasias, eu gostaria de algo mais interessante. Coisas como efeitos visuais nos movimentos, artes, mais recursos para partidas customizadas, músicas e efeitos sonoros, etc.
Embora relativamente simples, as customizações são interessantes
Aliás, o trabalho de som é competente, mas sem maiores destaques. Visualmente, as partidas são agradáveis, mantendo um equilíbrio entre clássico e moderno com muitas cores e efeitos. Falando em modernidade, Chomp Champs traz um cross-play completo entre PC, Switch, Xbox One e Series, PlayStation 4 e 5. Além de um ótimo recurso para curtir com os amigos, ela pode se tornar vital no longo prazo (mais sobre isso ao final da análise).

Acabamento meia-boca

É possível adicionar jogadores a uma lista de amigos usando um código formado por letras e números. Por meio dessa relação é possível acompanhar o progresso deles, criar disputas privadas e entrar em grupo nas partidas abertas. Assistir os amigos jogando é um recurso interessante, sobretudo com o cross-play completo de Mega Tunnel Battle.
Observar a partida pode ser divertido
Aqui ressalto mais uma das fraquezas do título: a produção geral fora das partidas é pobre, com poucos efeitos ou elementos legais. Não existe, por exemplo, uma transição entre o final da partida e a tela de vitória, que por sua vez nem oferece algo como um pódio para os melhores jogadores. Não temos um replay das melhores jogadas, os menus são confusos de tão simplistas, e assim por diante.
Nada como ser o PAC vencedor
Inclusive, confesso que uma parte de mim pensa que este título se daria melhor como um “free-to-play”. Ou seja, um daqueles games gratuitos para jogar e que retiram seu lucro por meio de microtransações. Não creio que precisaria chegar ao nível de um jogo como serviço (como Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça e Foamstars mostraram, o mercado nem sempre consegue absorver um novo game as a service), mas certamente atrairia mais público.
Reconheceu a temática do labirinto? Uma participação especial de Dig-Dug
Digo isso porque, embora eu jogue Pac-Man desde o meu Dynavision Radical, existe uma grande parcela de jogadores que não tem o mesmo apreço pelo jogo. A gratuidade seria uma forma de conquistar novos públicos, que pagariam por cosméticos e afins. Talvez ao menos uma versão de demonstração já ajudasse no processo. Por enquanto, só resta esperar e ver se a base do game será suficiente para mantê-lo. Nesse sentido, o cross-play certamente é um recurso fundamental.
Jogar com um amigo é uma ótima opção
Aliás, isso me remete a minha última crítica ao game, que é a necessidade da conexão. “Óbvio, Matheus, afinal é um battle royale!”, diria o leitor. Meu ponto é que se ele não atrair um bom número de jogadores, de nada vale a obrigatoriedade da internet com uma comunidade “vazia”. Vale lembrar que, aparentemente, já temos bots nas partidas. Ao meu ver, não custaria muito um modo local, mesmo que fosse só para um jogador.

Vai mais uma pastilha aí?

Oferecendo uma refrescante abordagem do clássico “come-come”, PAC-MAN Mega Tunnel Battle Chomp Champs é um jogo divertido e com a dose certa de competitividade. Infelizmente, o seu potencial é minado por um desempenho online capenga, além de pouca atenção direcionada a parte da produção e do conteúdo. Ainda assim, temos um battle royale sólido e com algum potencial para se tornar interessante para além dos fãs da clássica franquia.
Quem sabe futuras atualizações conseguem elevar o nível de qualidade do game?

Prós

  • Battle royale único e divertido repleto de boas ideias que usam a famosa marca;
  • Visuais são bem legais durante as partidas, com efeitos coloridos e dinâmicos;
  • Mecânicas de jogo são ótimas, oferecendo partidas equilibradas entre entretenimento e desafio;
  • Cross-play completo entre todos os consoles que receberam o título facilita as possibilidades de interação entre jogadores;
  • Jogabilidade simples e funcional é adequada para todos os públicos.

Contras

  • Problemas de conexão tornam a criação de partidas e os controles deficientes;
  • Fora das partidas, o nível de produção é simplista e carece de conteúdo como animações e colecionáveis interessantes;
  • Faltam modos de jogo variados e desafios diferentes, incluindo uma opção local.
PAC-MAN Mega Tunnel Battle Chomp Champs — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Plataforma utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise redigida com cópia digital cedida pela Bandai Namco

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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