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Análise: Foamstars (PS4/PS5) é como um monte de bolhas de sabão: tem vida curta, mas pode oferecer alguma diversão

Ainda que conte com algumas boas qualidades, vários problemas tornam a experiência do jogo um pouco frustrante.


Nos tempos atuais, parece que toda empresa quer um pedacinho do mercado dos jogos como serviço. O mais novo título que tenta alcançar sucesso é Foamstars, que, apesar de ser inspirado em outro game famoso do mercado, inova ao oferecer uma temática colorida, acessível e gratuita. Nesta análise, vamos conhecer um pouco sobre o jogo, sobretudo o porquê dos seus pontos fracos quase comprometerem os pontos fortes.

Um “novo” game

Lançado no dia 6 de fevereiro, o game tem versões para PS4 e PS5. Anteriormente, ele só podia ser adquirido gratuitamente pela PS Plus; ou seja, era preciso ser assinante do plano Essential (ou superior) para ter acesso ao título. Atualmente, ele está colocado à venda como qualquer produto nas lojas virtuais. Sua proposta básica é bastante parecida com um exclusivo da Nintendo chamado Splatoon.
 
Esse título da empresa do Mario utiliza personagens inspirados em polvos e lulas, todos equipados com armas e bombas de tinta. Existem vários modos de jogo, mas todos eles envolvem, literalmente, pintar o sete (e os adversários) com toda sorte de cores. Foamstars segue uma ideia semelhante, mas mudando o elemento principal: saem as tintas e entram espumas, bolhas e afins. Já os personagens são humanos, com temáticas despojadas e alegres.
Os belos visuais são um dos pontos fortes
Gostei da proposta geral do jogo e do estilo escolhido, que faz uso de cenários brilhantes, roupas estilosas e uma trilha sonora empolgante. Os hubs principais e as arenas estão entre os destaques da produção; já os menus são um pouco confusos, assim como o sistema de matchmaking, que não reinicia automaticamente após uma partida. Coisas pequenas, mas que formam uma lista numerosa.

Embora eu normalmente não critique a localização, confesso que faltou uma tradução brasileira, ao menos dos textos escritos. Também fica uma ressalva por conta da quantidade relativamente limitada de personagens  são apenas oito no total  e cenários, que são únicos para cada um dos modos de jogo. Apesar do claro foco nas opções multijogador, Foamstars também oferece um modo campanha.

O game poderia ter usado mais artes na sua apresentação
Aí está o primeiro problema mais sério do game: os desafios para um jogador são tediosos, com missões desinteressantes e fáceis demais. As recompensas por jogá-las são igualmente frustrantes, praticamente inviabilizando a dedicação nesse modo de jogo. É uma pena, pois olhando para Splatoon, inspiração original do game, seria possível oferecer muita diversão com desafios single player.

As regras do jogo

As partidas online são sempre disputadas no regime 4x4, com diversos modos de jogo diferentes. Todos eles envolvem disparar armas malucas nos adversários, cobrindo-os com espuma colorida. Ao receber bastante “dano”, o jogador fica preso e pode ser nocauteado (o game usa a expressão “chill”). Após um tempo, é possível retornar à partida, mas esse período facilita a vida dos competidores do outro time.
Todo combate é emocionante

O modo multijogador principal de Foamstars é o Smash the Star, que no começo é um pouco confuso, mas funciona bem. Conforme nocauteamos oponentes, um contador é reduzido até que alcance a marca zero. Nesse momento, o melhor jogador desse time é apontado como a estrela, e a partida termina quando o Star Player é nocauteado.

Os demais modos são disponibilizados num ciclo periódico, algo que confesso não ter entendido a razão de ser. Por exemplo, temos Happy Bath Survival, que coloca dois membros de cada time numa arena, enquanto o restante fica de suporte, vencendo quem ganhar mais rounds nocauteando os adversários. Já Rubber Duck Party coloca os dois quartetos em uma espécie de "capture a bandeira", só que usando um pato de borracha gigante.
As opções de disputa são poucas, mas divertidas
Apesar de divertidos, os modos multijogador guardam dois problemas. O mais leve é intrínseco ao próprio jogo: conforme a partida avança e a espuma se acumula na arena, fica bastante complicado de enxergar os oponentes. Parece uma crítica estúpida para algo básico, mas a sensação que fica, conforme a partida avança, é de uma certa confusão e desleixo. O jogo até justifica que a espuma pode ser usada como plataforma para pulos, mas para mim não compensa.
Escolha sua estrela favorita para lutar
É possível eliminar a espuma do oponente jogando a sua própria por cima, mas para mim faltou implementar melhor essa mecânica. O segundo e mais grave problema se refere à criação das partidas, que é extremamente lenta. Diversas vezes esperei por cinco minutos para só então o game cancelar o pedido e me forçar a novamente tentar encontrar outros jogadores. Não sei dizer se é uma questão dos servidores ou da baixa adesão do público, embora eu tenda a acreditar mais na última opção.

Espumando de raiva

Resumindo, temos um modo single player ruim e um multiplayer com poucos jogadores, uma receita para dar tudo errado. É uma pena, pois Foamstars tem várias qualidades interessantes, como o seu elenco de personagens. Não vou detalhar cada um deles, mas basta dizer que todos são originais e divertidos o suficiente, tanto em termos funcionais quanto visuais.
Prepare-se para um verdadeiro show a cada partida

Em outras palavras, existe uma variedade nas habilidades  são três diferentes para cada um  e temáticas do grupo. Cada um deles tem uma pegada única, assim como uma espécie de mascote maluca. A única ressalva nesse tópico é que, com partidas do tipo 4x4 e oito personagens diferentes, repetições são praticamente inevitáveis. É possível customizar boa parte do visual desses heróis, embora isso seja dispendioso (mais sobre isso ao final da análise).

 Um dos elementos de que mais gostei no título é a proposta leve. Você não “mata” ou “elimina” o seu oponente, mas “esfria” ele (chill, no inglês). Mesmo que às vezes essa proposta seja meio forçada, ela é original e ajuda positivamente o game. Aliás, é justo frisar que, apesar da clara inspiração em Splatoon, ele tem uma boa dose de hero shooter, semelhante a nomes mais famosos, como Overwatch, ou menos famosos, como Killsquad.
As disputas são divertidas (quando funcionam)
Portanto, temos um jogo, ainda que baseado em outras franquias, bastante original e cheio de charme. Em termos de jogabilidade, ele funciona bem, com comandos sólidos e divertidos, proporcionando partidas ao mesmo tempo competitivas e acessíveis. A questão não são as suas qualidades positivas, mas sim os problemas que permeiam o game, sobretudo no que se refere ao foco em ser um game as a service.

Competição acirrada

Infelizmente para Foamstars, o mercado dos jogos como serviço está bem saturado, sendo preciso oferecer muita qualidade para conquistar algum espaço. Isso vale até mesmo para o segmento dos games gratuitos, que também já conta com várias obras populares. Isso diminui o número de jogadores dispostos a investir tempo no título, o que leva à dificuldade para criar partidas, desestimulando os jogadores existentes, e assim por diante.
Esperar cinco minutos para uma partida é absurdo...
Se Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça, um jogo grande e muito esperado que faz uso de marcas famosas e tem uma produção caríssima, encontra dificuldades para entrar na concorrência do gênero, imagine Foamstars, com diversos problemas nos mais diferentes aspectos. Vai ser preciso muito trabalho nas próximas atualizações para que o game não simplesmente “derreta” nos próximos meses.
 

Infelizmente, digo isso com certa experiência, pois esse não é o primeiro título do gênero que avalio (e provavelmente não será o último). Talvez nomes como Knockout City e Rocket Arena já nem sejam mais lembrados pela maioria dos jogadores, mas eles são quase como “irmãos” de Foamstars. Na realidade, vejo até uma certa desvantagem do título mais recente em termos de jogabilidade, tornando sua tarefa de dar a volta por cima ainda mais difícil.

... assim como compras que valem um jogo completo
Por fim, um comentário sobre as microtransações do game: é possível adquirir um passe de temporada repleto de danças, ícones, skins e outros itens, assim como realizar compras de pacotes fechados. O problema é que os preços são bastante salgados, com conjuntos que podem custar mais de 200 reais. Ninguém é obrigado a comprar, mas as opções gratuitas são bem limitadas, deixando clara a intenção do game em compensar a gratuidade de alguma forma.

Como uma bolha de sabão

É possível se divertir com Foamstars, mas é preciso ter a sorte de encontrar outros jogadores e ignorar alguns problemas. Eles incluem uma campanha sofrível, menus mal-pensados e exagero na monetização de conteúdo. As qualidades estão lá, como a boa jogabilidade, modos de jogo online interessantes e uma diversidade nos personagens. Se ele sobreviver a esse lançamento trepidante e trouxer atualizações competentes, ainda é possível virar a mesa; do contrário, vai ser como uma bela bolha de sabão, que é bonita quando surge, mas rapidamente desaparece por não conseguir se sustentar.

Um jogo ok, mas que luta contra o tempo para não sumir do mapa

Prós

  • Jogo de tiro é essencialmente divertido e com potencial para ir longe;
  • Visuais são coloridos e vibrantes;
  • Trilha sonora é empolgante e embala bem cada momento;
  • Jogabilidade é acessível e competente em todos os quesitos;
  • Os modos online disponíveis trazem um bom equilíbrio em desafio e diversão.

Contras

  • Opções para um jogador são bem ruins e partidas online demoram para encontrar jogadores e montar salas;
  • Diversos pequenos problemas espalhados por vários elementos como menus confusos, partidas que não reiniciam sozinhas, rotatividade dos desafios e espumas que atrapalham a visibilidade;
  • Microtransações são extremamente caras.
Foamstars — PS4/PS5 — Nota: 6.5
Plataforma utilizada para análise: PS5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital obtida pelo redator

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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