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Análise: Namco Museum Archives Vol. 1 (Multi) traz uma simples e competente coletânea de clássicos dos videogames

Conjunto oferece ótimos jogos, mas fica devendo por não ter extras e outras atrações.

Quem não gosta de reviver alguns bons momentos do passado? No mundo dos games, podemos fazer isso mais facilmente, onde basta jogar novamente os títulos antigos e clássicos. Namco Museum Archives Vol. 1 (Multi) traz uma coletânea de jogos que marcaram época, perfeita para uma verdadeira sessão de nostalgia. Assopre a poeira dos seus cartuchos, pois a análise vai começar!

Uma volta ao passado

Namco Museum Archives Vol. 1, juntamente com o Vol.2, que iremos abordar em breve aqui no site, foi lançado em 18 de junho de 2020 para PS4, Xbox One, Switch e PC pela Bandai Namco. São dez jogos clássicos da década de 80, sendo que a maioria deles esteve disponível no Nintendo Entertainment System (NES), o saudoso “Nintendinho”. Além disso, a coletânea traz um game nunca lançado até hoje, conforme veremos mais adiante.
O berço de muitos clássicos
Vale lembrar que o NES também chegou ao Brasil com outros nomes, graças a empresas que criaram aparelhos compatíveis. Dois dos mais populares videogames foram o Phantom System, da Gradiente, e o Dynavision, da Dynacom. Por meio deles, muitos brasileiros tiveram a primeira chance de conhecer muitos dos jogos que vamos ver nesta análise.

Todos eles são apresentados tal como suas versões originais para o NES. Logo, esses games não têm nenhum extra ou modificação. Embora isso seja interessante do ponto de vista histórico, creio que alguma novidade, mesmo que opcional, teria sido interessante. Ainda assim, a lista de dez títulos tem seus pontos fortes.
Um monstro sagrado dos videogames
A coletânea começa com um game que dispensa apresentações. Pac-Man, de 1980, pode ser considerado um símbolo dos videogames. O famoso “come-come” estreou nos fliperamas e, graças ao seu absoluto sucesso, recebeu versões para toda sorte de consoles diferentes, sendo a do NES de 1984. Comer todos os pontos em um labirinto com quatro fantasmas é até hoje uma divertida experiência.

Na sequência, temos Galaxian, que teve seus lançamentos em datas semelhantes às de Pac-Man. A ideia é simples: derrotar alienígenas no espaço sideral utilizando uma espaçonave chamada Galaxip. Mesmo sendo básico, a jogabilidade é divertida e o nível de desafio na medida certa, oferecendo ótimas e divertidas partidas.
Galaxian é um ótimo game de nave

Boas, médias e más surpresas

Os próximos três títulos foram experiências inéditas para mim. Sucesso absoluto no Japão, batendo de frente com o clássico Space Invaders nas terras nipônicas, Xevious, de 1984, não foi bem recebido no Ocidente. Particularmente, eu entendo o porquê: ele é um jogo de nave um pouco lento e confuso, com inimigos sem graça e cenários com design ruim.
Xevious é, na minha opinião, pouco inspirado
Se Xevious foi uma surpresa negativa, Mappy, também de 1984, foi uma positiva. A ideia aqui é colocar o jogador no controle de um ratinho policial, homônimo ao título, que deve recuperar itens roubados em uma mansão. Além de ter que lidar com vários trampolins e portas, que formam uma espécie de labirinto, gatos ladrões tentam impedir o camundongo.
Mappy é um jogo divertido e fofinho
Dragon Buster, de 1987, ficou no meio-termo. O herói Clovis deve avançar em pequenas fases repletas de inimigos, podendo escolher quais tipos de ambiente explorar em um grande mapa. No final, o jogador deve derrotar um grande dragão e, assim, começar o ciclo novamente. Apesar da proposta interessante, a jogabilidade travada é um pouco ruim.
Dragon Buster é travado e não muito divertido
De volta aos títulos mais conhecidos, temos Dig-Dug, de 1985. Com sua música de abertura inesquecível, o jogo coloca um conjunto de inimigos para serem vencidos embaixo da terra. Para isso, o protagonista tem uma pequena bomba de ar para inflar e explodir os monstros, além de cavar túneis e criar armadilhas com pedras. Uma diversão sempre garantida.
Dig-Dug: clássico, divertido e desafiador

Fechando o pacote

The Tower of Druaga é um título com estrutura familiar, embora limitado pela tecnologia de 1984. O cavaleiro Gilgamesh deve subir uma torre para resgatar uma princesa de um demônio malvado. Cada andar da construção contém vários monstros e uma chave, que é usada para liberar a próxima fase. Destaque para os vários itens secretos escondidos pelos cenários, tal como em games mais modernos.
The Tower of Druaga é bastante ousado para a sua época
Creio que a “novidade” mais surpreendente da coletânea tenha sido Sky Kid. De 1986, ele te coloca no controle de um divertido aviador, que deve percorrer um cenário repleto de inimigos. Alvos específicos são designados ao jogador, que pode disparar metralhadoras, coletar e soltar bombas e até realizar loopings. O game até permite multiplayer local simultâneo.
Sky Kid comporta até dois jogadores
Outro game que ficou no meio-termo é Dragon Spirit: The New Legend. A sua história é ótima: o protagonista tem acesso a uma espada mágica que o transforma em um poderoso dragão e, assim, deve salvar uma princesa. Apesar de ter vários power-ups e bons gráficos, o problema é a jogabilidade. Ainda que melhor do que Xevious, ela é um pouco travada e os cenários são um pouco feios.
Dragon Spirit: The New Legend é uma interessante aventura
Finalmente, temos Splatterhouse: Wanpaku Graffiti, até então um exclusivo do mercado japonês. O game é do tipo plataforma, onde o jogador deve derrotar monstros e resgatar sua namorada raptada. Os visuais, do tipo chibi (ou super deformed), são ótimos e a jogabilidade é sólida. Mais um para a lista das boas surpresas.
Splatterhouse: Wanpaku Graffiti traz até referências a cultura Pop

Um título inédito e um sistema funcional

Além dos dez games listados, o título conta com um game “inédito”: Pac-Man Championship Edition Plus. Como sugerido pelas aspas em “inédito”, o jogo não chega a ser uma novidade absoluta, pois ele é uma versão desmasterizada de Pac-Man Championship Edition (Multi), de 2007.
Pac-Man Championship Edition Plus é ainda mais dinâmico que o original
Isso mesmo, desmasterizada. Isso porque, embora o game tenha as mesmas mecânicas e jogabilidade que o original, o seu visual é compatível com o Pac-Man clássico do NES. Ou seja, um jogo novo foi remasterizado ao contrário, de tal forma que combinasse com os demais da coleção. Acredito que ele seja ainda mais divertido que o “come-come” original, oferecendo uma jogabilidade mais dinâmica.

O sistema de emulação dos jogos funciona bem, oferecendo até quatro saves diferentes. Além de poder salvar e carregar a qualquer momento, o jogador também conta com a função rewind. Ela permite retroceder alguns poucos segundos no tempo durante as partidas e, assim, evitar aquele erro fatídico ou movimento mal pensado.

“Museu” só no nome

Apesar de se chamar de “museu”, Namco Museum Archives Vol. 1 é bastante limitado em conteúdo. Além dos 11 jogos já citados, o título não oferece praticamente nenhuma atração interessante. Dada a alta dose de nostalgia que o game apresenta, creio que essa seja uma grande oportunidade desperdiçada.
As opções de papeis de parede são parcas
Um exemplo simples é a arte original das caixas dos jogos. Seria muito legal conferir esse tipo de material, que é uma ótima forma de entender o contexto histórico do título. Manuais, bastidores, vídeos e outras artes promocionais também seriam adições interessantes. Infelizmente, nenhum desses conteúdos está disponível.

As únicas “atrações” fora dos games são a possibilidade de configurar o tipo de resolução (tela cheia, 4:3, zoom e ponto a ponto) e efeitos como anti-aliasing, que suaviza bordas e scan lines, que simulam o visual das televisões de raios catódicos. Outra opção é escolher o papel de parede, que ocupa a parte da tela que fica vazia.
Trocar a forma de exibição é uma experiência interessante
Até mesmo os créditos do título são bastante medíocres. Mesmo a Nintendo, conhecida por ser muito cuidadosa em lidar com emulações de seus jogos antigos, ofereceu pequenas modificações e até mesmo multiplayer online nos games disponibilizados no Switch. No final das contas, Museum Archives Vol. 1 se salva somente pela qualidade da sua boa biblioteca.

Uma boa coleção de jogos (e nada mais)

Infelizmente, Namco Museum Archives Vol. 1 (Multi) ficou devendo em relação a sua proposta. Por um lado, o título traz 10 games clássicos, mais um inédito, que incluem nomes de peso como Pac-Man, Dig-Dug e Galaxian. Todos eles funcionam bem, são divertidos e curiosos. Por outro lado, é uma pena que a coletânea não tenha outras atrações interessantes. Se você curte jogos antigos e gostaria de ter à disposição alguns clássicos dos videogames, então fica essa sugestão para a sua biblioteca.

Prós

  • Pacote com 10 jogos clássicos, mais um inédito, de boa qualidade e muito bem emulados;
  • Títulos como Pac-Man, Galaxian e Dig-Dug são divertidos e desafiadores até hoje;
  • Presença do ótimo e inédito Pac-Man Championship Edition;
  • Sistema de salvamentos e rewind simples e funcionais.

Contras

  • Jogos disponíveis somente nas suas versões básicas, sem possibilidade de modificações ou extras como multiplayer online;
  • Título não oferece praticamente nada além dos games, como por exemplo artes promocionais, bastidores ou vídeos interessantes.
Namco Museum Archives Vol. 1 – PC/PS4/Switch/XBO – Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco
Revisão: Ives Boitano

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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