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Análise: Pac-Man Museum + (Multi) é uma reunião de vários clássicos divertidos em uma coletânea simples e agradável

O pacote tem várias qualidades e, apesar de básico em alguns pontos, consegue entregar uma boa e saudosa experiência.


Dentre os primeiros títulos que sedimentaram o mundo dos videogames, poucos têm o peso de nomes como Tetris, Space Invaders, Pong e Pac-Man. Popularmente conhecida no Brasil como “come-come”, a franquia do herói redondo e amarelo, embora não mais tão relevante atualmente, ainda guarda alguns games bem interessantes. Pac-Man Museum + é a mais nova coletânea a reunir jogos da série em um pacote repleto de nostalgia e diversão. Pegue suas pastilhas e prepare-se para uma análise direta do túnel do tempo!

Um ícone da indústria dos games

A coletânea foi lançada no dia 27 de maio de 2022 para PC, Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One (sendo os dois últimos retrocompatíveis com os consoles da atual geração de videogames). São 14 jogos da franquia Pac-Man, sendo o mais antigo original de 1980 e o mais novo de 2016. Eles podem ser acessados através de uma lista suspensa ou “fisicamente” por meio do próprio protagonista.
Embora minimalista, o HUB é uma boa ideia para abrigar os títulos

“Fisicamente” porque o jogador controla Pac-Man em um HUB onde ele pode se mover livremente. Existem várias máquinas de fliperama disponíveis nessa sala, sendo que elas contêm os 14 jogos do título. Além dos games, é possível customizar o ambiente com itens como estátuas, papéis de parede, músicas, bancos, fantasmas, plantas, arcades extras, balões, entre outras possibilidades.

O game concede uma quantidade inicial de moedas ao jogador para inserir nas máquinas e poder jogar, tal como nos arcades tradicionais. Conforme as partidas são disputadas, um bom desempenho garante mais recursos para as futuras jogatinas e também para comprar os já citados itens. Existem missões dentro de cada um dos games, incluindo algumas para liberar alguns títulos inicialmente bloqueados.

Rearranje o cenário conforme o seu gosto
A tarefa de liberá-los é bem fácil, bastando experimentar todos pelo menos duas vezes. Para os aficionados por desafios, existe um sistema de rankings para a coletânea como um todo e para cada game em particular. Depois dessas descrições gerais sobre a coletânea, passarei agora para uma breve descrição de cada um dos jogos, destacando os piores e os melhores do pacote (infelizmente, não há multijogador online).

E lá vamos nós!

Vamos começar pelo começo: Pac-Man, original de 1980, é o game que deu início à famosa franquia. Ele funciona exatamente como conhecemos e pode ser jogado por dois jogadores intercaladamente. Seguindo a ordem cronológica, temos Super Pac-Man, lançado dois anos depois e que trouxe várias novas mecânicas. As pastilhas foram substituídas por frutas, passagens podem ser liberadas por chaves e é possível comer uma bolota que transforma o protagonista em um Super Pac-Man.
Pac & Pal, de 1983, manteve esse sistema de passagens e a troca das pastilhas por frutas e itens. A principal diferença é a presença de um personagem, o “Pal”, que tenta roubar os bônus do jogador. Na sequência, temos Pac-Land, jogo de plataforma bastante mediano, lançado um ano depois, e Pac-Mania, lançado quatro anos após. Esse último é bastante divertido, com uma visão isométrica e a estreia da habilidade de pulo para Pac-Man.
Pac-Mania é simples, bonito e divertido

Já Pac-Attack, de 1993, é do tipo quebra-cabeças, semelhante ao clássico Tetris. A sacada aqui é a presença de “blocos fantasmas” que só podem ser eliminados ao utilizar uma peça “come-come”. Pac-In-Time, original de 1995, é um curioso e divertido jogo de plataforma. O personagem precisa viajar pelo tempo explorando fases repletas de inimigos, itens como cordas e marretas, e as famosas pastilhas amarelas.

Depois, temos Pac-Man Arrangement, mesmo nome de dois jogos diferentes de 1996 e 2005. O mais antigo é bastante semelhante ao original, mas com visuais quase 3D e a possibilidade de dois jogadores simultâneos; o mais novo tem um visual plenamente 3D, mas mesma pegada clássica. Chegamos ao novo século com Pac-Man Championship Edition, de 2007.

Championship é um dos pontos mais altos da coletânea
Um dos meus favoritos, ele é outro dos jogos semelhantes ao game original, mas com visuais caprichados e uma pegada mais ágil. Pastilhas e itens surgem rapidamente conforme o jogador os consome, tornando o jogo bastante dinâmico. Do mesmo ano, temos Pac-Motos e Pac 'n Roll Remix, ambos muito bons. O primeiro coloca Pac-Man para enfrentar inimigos empurrando-os em uma plataforma, onde perde quem cai para fora.
Pac-Motos foi uma das boas surpresas da coleção

Já o segundo é uma espécie de plataforma tridimensional, em que o protagonista deve coletar as pastilhas em cenários variados e cheios de desafios. Pac-Man Battle Royale, de 2011, é um dos pontos baixos da coletânea. A ideia básica é interessante: colocar até quatro jogadores para tentar eliminar os demais em meio às clássicas pastilhas e os fantasmas. Na prática, temos um game com poucos recursos para os “Pac-Men” poderem se enfrentar.

Um dos títulos mais divertidos da coletânea é Pac-Man 256
Para terminar, temos Pac-Man 256, lançado originalmente para dispositivos mobile em 2015. Bastante divertido, ele coloca até quatro jogadores para explorar um labirinto repleto de fantasmas, pastilhas e habilidades especiais, como lasers e congelamento. Graças a uma onda de glitches que consome o cenário, o ritmo das partidas é intenso, o que por sua vez torna o game viciante.

Um pouco menor do que a soma das partes

Ufa! Depois dessa longa lista, vamos a mais algumas considerações sobre a coletânea de forma geral. Começando pelas positivas: o sistema de rankings online é bastante robusto e temos um guia com as informações básicas para cada jogo, além dos já citados sistema de missões e HUB personalizável. Uma máquina chamada Gashapon permite a compra aleatória de itens interessantes, embora na maioria muito simplistas.
Nada como a emoção de obter uma novo item aleatório
Aliás, é exatamente isso que reside nos principais problemas de Pac-Man Museum +: mesmo repleto de boas qualidades, muitas coisas são simples e discretas demais. A quantidade de desbloqueáveis é modesta, sendo que muitos deles são desinteressantes. Faltaram artes conceituais, vídeos, manuais (como visto, por exemplo, na Coleção Arcade da Blizzard) e um HUB mais voluptuoso e com mais opções para o jogador customizar.
 
Mesmo com 14 títulos, a coletânea deixou alguns jogos interessantes de fora, incluindo Pac-Man World (PS/GBA) e Ms. Pac-Man (Multi), primeira sequência do jogo original. Falando desse último em particular, disputas pela propriedade da personagem e esposa de Pac-Man devem ser a razão de ele ter ficado de fora. Além disso, as demais referências a ela, como em outros jogos e itens para customizar o HUB, foram modificadas para “Pac-Mom”.
A franquia certamente tinha muito mais material para ser explorado
Ainda sobre os jogos, a emulação/port de cada um deles é bastante limitada. Ao contrário de outras coletâneas relançadas para a atualidade, as poucas opções de jogo, que só existem para alguns games, se reduzem a um filtro CRT (simula TVs antigas) e tamanho da tela. Faltaram opções de velocidade, modos online, salvamento instantâneo, retroceder alguns segundos, etc. Eu entendo que essa última arruinaria a ideia de receber moedas pelo desempenho, mas o jogador deveria ter mais controle, sobretudo dos games mais antigos e seus níveis consideráveis de dificuldade.

Vida longa ao “come-come”!

O resultado final de Pac-Man Museum + é bastante positivo, sobretudo se o jogador curtir jogos antigos. Salvo duas exceções pontuais, a coletânea é recheada de bons games, incluindo alguns títulos com propostas viciantes. As opções multijogador são ótimas, os rankings são interessantes e temos um interessante sistema de customização. Ficaram faltando mais opções técnicas e conteúdos extras para tornar esta boa pedida em uma experiência imperdível.

Com grande variedade e qualidades pontuais, Museum + é uma boa adição para a sua biblioteca

Prós

  • Coletânea de jogos da franquia Pac-Man é bem recheada e apresentada;
  • A quantidade de títulos é considerável, oferecendo jogatinas bastante divertidas e variadas;
  • Jogos funcionam de forma competente e propiciam experiências dignas das originais;
  • Modos multiplayer são perfeitos para dar mais vida às partidas;
  • Extras disponibilizados, como customização do HUB principal e rankings online, são ótimos.

Contras

  • Emulações/ports ficaram devendo opções, sobretudo para os jogos mais antigos;
  • Conteúdo extra apenas arranhou a superfície da enorme quantidade de ideias que poderiam ter sido apresentadas.
Pac-Man Museum + – PC/PS4/Switch/XBO – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia cedida pela Bandai Namco

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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