Jogamos

Análise: Mighty Doom (Mobile) traz os combates do Slayer num roguelite para o seu celular

Inspirado diretamente pelos últimos títulos da franquia, o game gratuito é uma boa opção para jogar no seu smartphone.


Seguindo a tendência de várias outras franquias de videogames – como Yu-Gi-Oh!Monster Hunter e Persona – em entrar no mundo dos smartphones, temos a chegada de Mighty Doom. A nova aventura do Slayer traz diversas qualidades interessantes, ainda que limitadas pela proposta gratuita com compras. Prepare o canhão e a motosserra, pois vamos conhecer mais sobre o jogo nessa análise radical!

Portable Slayer

A franquia Doom pode ser considerada um verdadeiro clássico dos videogames. O primeiro título é de 1993 e mostrou todo potencial do gênero FPS, sendo seguido de muitos lançamentos para os mais diversos consoles diferentes, incluindo PC, N64 e PS2. Tudo isso culminou no excelente Doom Eternal (Multi) e seu DLC dividido nas partes um e dois, todos os três formando uma aventura excelente e épica.
Um dos grandes sucessos de 2020
Finalmente chegamos a Mighty Doom, lançado em março de 2021 para Android e iOS de forma gratuita para jogar. Esse jogo busca adaptar todo o desafio e emoção dos games principais para as telas dos smartphones, ou seja, a proposta é basicamente a mesma de sempre: colocar o famoso Slayer para enfrentar hordas e mais hordas de monstros demoníacos. A diferença aqui é a ausência dos elementos exploração e plataforma.
As fases são divertidas e com boa variação
Os combates transcorrem em cenários fechados, repletos de inimigos, obstáculos e eventuais armadilhas. Enquanto Mighty Doom atira automaticamente para o jogador, este precisa controlar o Slayer arrastando o dedo na tela e acionando habilidades especiais. Ainda que numa escala menor, atirar e desviar dos inimigos continua uma divertida experiência como as anteriores.
O estilo do game é agradável e fiel ao visto em Eternal
Curiosamente, os visuais do game parecem versões “fofinhas” dos personagens originais. Ressalto que essa ideia poderia parecer ruim num primeiro momento, mas funcionou muito bem e conferiu um ar de originalidade ao título. Isso também serviu para reduzir o impacto da violência inerente da série e melhorar a adaptação para as pequenas telas de celular.

Ação, diversão e explosão

O jogo é dividido em mundos temáticos, sendo que cada um deles é composto por diversas fases. Somente ao completar todas elas em sequência liberamos novos e mais difíceis desafios, tal como num roguelite (ao perder, é preciso recomeçar do início). Além de fases com inimigos e obstáculos diversos, alguns chefes poderosos aparecem pelo caminho. Também existem eventos por tempo limitado, que trazem alguma variação em relação às partidas normais.
Diversos chefes te esperam pelo game
Cada partida exige uma certa quantidade de energia, recurso limitado que, na prática, controla quantas tentativas o jogador pode fazer. Essa mecânica é recorrente em games gratuitos, oferecendo opções como assistir uma propaganda ou pagar para jogar mais. Felizmente, nesse ponto não me senti tão explorado, contando com recursos suficientes para lutar nos cenários da Terra, Nekravol e Exultia até cansar.
E espere por desafios cansativos e desafiadores, mas igualmente divertidos e competitivos. No melhor estilo da franquia, Mighty Doom oferece combates intensos que exigem bons reflexos, precisão e cuidado ao executar os ataques. O pequeno Slayer tem um arsenal completo e digno do original, incluindo armas como a Motosserra, o Fuzil de Plasma, a espada Crisol, a Superescopeta e o Lança-Foguetes.
A quantidade de customizações é considerável
Também é possível customizar o traje do protagonista, que começa com o tradicional Traje Pretor. As modificações podem ser de caráter estético ou funcional, aumentando as possibilidades nas lutas. Conforme o jogador avança de nível, os chamados Domínios permitem tornar o Slayer permanentemente mais forte, incluindo aumentos na resistência, vida máxima, dano causado aos inimigos e bônus recebidos nas Execuções Gloriosas.
Eu já falei o quanto as Execuções Gloriosas são divertidas?
Embora mais modestas que as vistas em Doom Eternal, as Execuções Gloriosas permitem finalizar inimigos enfraquecidos com um movimento violento (para os padrões de Mighty Doom) que recupera a vida. A variedade de inimigos é respeitável, assim como a trilha sonora que embala os embates: tal como os títulos predecessores, o ritmo é um viciante rock pesado.

Grátis pra jogar (e pra sofrer)

Todos esses recursos, equipamentos e habilidades são muitos úteis e permitem avançar adequadamente pelos primeiros três mundos. Quando perdemos, basta voltar ao menu de customização e usar as recompensas para melhorar as armas, equipamentos e domínios, de forma que possamos tentar novamente com mais chances. O problema é que, conforme liberamos os mundos posteriores, as suas fases ficam cada vez mais impossíveis.
A destreza do jogador sempre conta bastante, mas existem certos pontos em que a quantidade de vida dos inimigos, o número deles e o dano que eles causam são tão grandes que é praticamente impossível avançar. Nesses momentos, não só as atualizações nos equipamentos parecem pouco efetivas, mas gradualmente se tornam caríssimas, exigindo muitos recursos diferentes.
Algumas missões diárias estão mais para "obrigações diárias"
Além das partidas, é possível obtê-los via loot boxes, outra mecânica de jogos free-to-play no mínimo polêmica. Ou seja, não somente é caro tentar melhorar o inventário para ter alguma chance de avançar, mas existe a chance de, mesmo gastando muito dinheiro ou tempo, não obter sucesso. Portanto, Mighty Doom acaba se tornando um exercício de sorte e paciência, somando a conexão obrigatória e ao número limitado de partidas.
Infelizmente, caixas de itens normalmente terminam em frustração
Existem melhorias obtidas durante os combates, obtidas entre as fases diferentes de cada mundo, e que só funcionam durante aquela tentativa. Elas incluem tiros duplicados, disparos mais rápidos, reforço na saúde e até ataques com mira automática. Muito úteis no começo do game, mesmo essas melhorias também perdem fôlego frente as hordas infernais cada vez mais numerosas e poderosas.

É possível encontrar algumas surpresas ao longo do caminho
É uma pena ver um game tão promissor e que começa tão divertido se tornar uma verdadeira frustração. Infelizmente, mesmo sendo fã da franquia, não me vejo voltando ao título a longo prazo. Missões diárias, eventos e mesmo a repetição de missões podem prender por um tempo, mas lembrar que nunca conseguirei ir muito longe somente com esforço e habilidade é frustrante. Talvez mais modos extras ajudassem a minimizar esse que é o maior defeito do game.

Bom, mas poderia ser (bem) melhor

Mighty Doom conseguiu adaptar com competência os combates repletos de ação para a tela de um smartphone sem perder a diversão e o dinamismo. A produção também foi bem executada e fez bom uso do material original. O problema é que o game sofre dos mesmos maus de outras opções gratuitas para mobile: número de tentativas limitadas, conexão com a internet obrigatória, desafios difíceis demais para ganhar sem gastar dinheiro, entre outros. Fica a boa sugestão para testar - afinal ele é grátis - mas não espere um legítimo “Rip and tear!
Uma boa experiência gratuita para baixar e se divertir

Prós

  • Jogo de ação original e grátis que funciona muito bem no celular;
  • Fases possuem equilíbrio adequado entre diversão e desafio;
  • Jogabilidade é sólida e bem pensada;
  • Produção técnica conseguiu adaptar com competência a pegada original;
  • Boa variedade de customizações visuais e funcionais.

Contras

  • O famigerado sistema pay-to-win prejudica praticamente todas as seções do game;
  • Modos de jogo são relativamente limitados.
Mighty Doom — Android/iOS — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Android
Revisão: Thais Santos

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google