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Análise: Doom 64 (Multi) é um bom game com o estilo clássico da série

Uma divertida e desafiadora experiência para jogadores veteranos e curiosos.

Enquanto Doom Eternal (Multi) é reconhecido como um game excelente, outro lançamento da mesma franquia chega de forma mais discreta. Doom 64 (Multi) é uma remasterização do título de 1997 e está disponível para todas as plataformas modernas. As grandes qualidades do título são manter visual e jogabilidade clássicos e vários elementos originais, aliados a melhorias técnicas e conteúdos adicionais. Prepare-se para um divertido (e difícil) e nostálgico jogo, pois a matéria vai começar!

Um clássico um tanto esquecido

 O título original, Doom 64 (N64), foi lançado exclusivamente para o Nintendo 64 (obviamente) em 1997. Desenvolvido e publicado pela Midway Games, o jogo não obteve o sucesso esperado. Uma das principais razões é que o console da Nintendo não teve vendas expressivas, sobretudo se comparado ao PlayStation.
Mesmo não tendo um grande destaque, o game era bastante interessante
Outro ponto que contribuiu para o game não ter tido tanto destaque foi a sua forte concorrência. Ainda que o jogo fosse um bom shooter, títulos de maior destaque como GoldenEye 007 (N64) e Perfect Dark (N64) acabaram se tornando as referências do gênero no console da Nintendo. Mas agora o clássico da famosa franquia de tiro tem uma nova chance.

Lançado em 20 de março de 2020, Doom 64 (Multi) está disponível para PS4, Xbox One, PC e Nintendo Switch. Embora muitos jogadores o recebam como um bônus na pré-venda de Doom Eternal (Multi), o seu preço acessível o torna uma opção interessante para compra. Afinal, ele é um bom jogo de tiro e traz vários elementos originais característicos da sua franquia e época de lançamento original.
Um game clássico, divertido e desafiador
Embora não possua todas as qualidades de seu sucessor mais recente, o excelente Doom Eternal, Doom 64 é certamente uma experiência que vale a pena. Um game desafiador e divertido, ele é construído no melhor estilo clássico da franquia Doom. Ou seja: muitos monstros difíceis, um arsenal poderoso, vários cenários para explorar e ação de alta qualidade.

Uma interessante volta ao passado

Doom 64 continua a história diretamente de Doom II (DOS): após impedir uma invasão dos monstros da dimensão infernal, a paz aparentemente havia sido alcançada. Até que um satélite detecta novamente a presença de criaturas demoníacas, comandadas pela Mother Demon. Como último sobrevivente dos combates anteriores, o protagonista Doom Marine é enviado para acabar com os vilões novamente.
Prepare-se para combates intensos
Mesmo sendo bastante simples, o enredo pouco aparece durante o jogo. Na realidade, o game é muito mais focado em ação e exploração do que na história em si. Essa premissa é comum na franquia, inclusive nos títulos mais modernos. Como a jogabilidade e as mecânicas de jogo são boas, entretanto, essa questão não chega a ser um problema. Os gráficos e os sons foram melhorados, mas também mantiveram a pegada clássica do jogo.

O game conta com 24 níveis diferentes, (além de fases secretas e especiais) sendo que é possível utilizar um sistema de salvamentos ou passwords (mais sobre isso na sequência). Novos e mais difíceis inimigos e passagens, assim como uma boa variedade de armas e itens, surgem a cada fase. Todos eles contam com salas escondidas, que podem, inclusive, oferecer recursos valiosos.
Algumas missões colocam um verdadeiro exército contra o jogador
A manutenção de elementos clássicos do game (e de outros títulos da época), como a presença de passwords, é certamente um ponto positivo. Em uma atualidade onde muitos títulos só oferecem conteúdos extras por DLCs pagos, descobrir fases secretas e habilitar opções como invulnerabilidade por códigos é ótimo. Ou seja, uma boa união de nostalgia e modernidade.

Mantendo as qualidades com algumas novidades

Avançar nas fases depende muito da capacidade de exploração e observação do jogador. Portas, elevadores, botões, chaves e dispositivos de teletransporte estão espalhados pelos níveis sem nenhuma lógica explícita. Cabe a ele adentrar cada sala, testar e acionar cada opção para descobrir como ir adiante, muitas vezes tendo que revisitar os locais repetidamente.
Certas salas tem armadilhas, então cuidado!
Esse tipo de sistema era comum nos jogos mais antigos, onde opções como tutoriais eram raríssimas. Infelizmente, isso pode resultar em muitas voltas até descobrir como avançar em uma fase. Digo isso porque, depois de aprendidas as etapas para progredir, os níveis de Doom 64 se tornam bem mais fáceis de serem explorados novamente.

Por outro lado, o combate é mais direto, embora não menos desafiador. Temos pistola, escopeta, metralhadora, bazuca, arma laser... Enfim, um vasto arsenal para derrotar os monstros demoníacos. Além de uma boa mira, saber esquivar dos ataques inimigos e utilizar o cenário durante as lutas é essencial.
Muitas opções para acabar com os demônios em Doom 64
Mirar, aliás, não é uma tarefa tão fácil em um primeiro momento. Ao contrário de jogos modernos, o game não tem um marcador ou controle direto de mira. O design dos monstros também atrapalha um pouco no geral, sobretudo se eles estão em planos de altura diferentes do jogador. Mas, apesar de estranho até acostumar, o sistema de “manter o centro da câmera no alvo” funciona bem e oferece desafios justos.

Ficou faltando um pouquinho a mais

Se por um lado a jogabilidade, muito próxima do original, é sólida e competente, outros elementos mereciam uma abordagem mais moderna. A representação do mapa é muito precária e acaba, muitas vezes, atrapalhando mais do que ajudando. O gerenciamento das armas também é confuso, pois não existe um menu ou inventário dos itens.
O menor erro pode ser fatal
Dadas as mecânicas de exploração que exigem muitas entradas e saídas de salas e corredores (muitas vezes semelhantes), ter uma ajuda visual melhor seria ótimo. Obviamente, a intenção foi manter esses “problemas” originais, mas infelizmente eles acabam diminuindo o potencial de Doom 64. Algumas pequenas atualizações tornariam a experiência mais agradável.

Após derrotar a Mother Demon, o jogador ganha acesso ao modo Lost Levels. Esses níveis inéditos em relação ao game original (que também são liberados caso a fase secreta Hectic seja completada) seguem as mesmas mecânicas do game principal. A ideia aqui é oferecer novos desafios aos jogadores veteranos e novatos, além de uma pequena ligação com a história de Doom Eternal.
Doom Eternal é o mais novo sucesso da série
Para resumir, Doom 64 é um bom jogo, conseguindo trazer muitos elementos clássicos de forma competente. Por outro lado, vários pontos do game podem ser considerados hoje como defeitos. Logo, fãs da franquia e de games tradicionais, assim como jogadores curiosos, são os públicos mais indicados para o título.

Para fãs de um bom e clássico game de tiro

No embalo do sucesso de Doom Eternal (Multi), temos o lançamento conjunto de Doom 64 (Multi). O game de tiro é uma competente versão melhorada do título original. Gráficos, sons e jogabilidade são bons e missões são divertidas e desafiadoras na medida certa. Mesmo que alguns elementos clássicos acabem atrapalhando um pouco a jogatina, o jogo ainda é uma ótima opção para quem quer curtir um bom e tradicional jogo de tiro.
Mais uma boa aventura da franquia Doom

Prós

  • Gráficos e sons foram melhorados sem perder o charme original;
  • Jogabilidade é sólida e funciona bem até hoje;
  • Grande quantidade de fases para vencer e segredos para descobrir;
  • Manutenção de alguns elementos clássicos, como a presença de passwords, é ótima.

Contras

  • Ausência de vários elementos modernos importantes para a qualidade de vida de um game, como um mapa adequado e menu com inventário;
  • Estilo gráfico torna algumas tarefas, como estimar a distância dos inimigos, mais difíceis.
Doom 64 - Multi - Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
E você, leitor? O que achou de Doom 64? Já havia curtido o game original? Deixe a sua opinião.

Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bethesda

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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