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Análise: Samurai Maiden (Multi) é um hack and slash bonito, simples e mal otimizado no melhor estilo anime

O game até apresenta algumas boas qualidades, mas elas são minadas por uma jogabilidade travada e desempenho ruim.


Não é de hoje que os videogames recebem lançamentos com visuais no estilo anime. Embora os gêneros sejam variados, os mais populares são visual novels, RPGs e ação. Samurai Maiden recai nesse último, um novo título hack and slash estrelando uma estudante japonesa que volta aos tempos dos samurais e ninjas. Pegue a sua espada e não esqueça do celular, pois essa análise atemporal vai começar!

De Volta para o Futuro

O game acompanha a aventura de Tsumugi Tamaori, uma estudante do nosso tempo que acaba indo parar no período Sengoku do Japão, em torno do ano 1500. Lá, ela encontra três jovens ninjas, que vão auxiliá-la na luta contra o maligno Nobunaga Oda. Pelo caminho, o time de belas garotas vai encontrar vários desafios que se dividem em combates e seções de plataforma.
Sendo um hack and slash, o foco aqui são lutas contra hordas de inimigos. Neste caso, eles consistem basicamente em esqueletos zumbis e gelecas gigantes, com pequenas variações entre si que incluem cores e adornos. Chefes e subchefes são as exceções, contando com criaturas mais variadas como javalis guerreiros, robôs e até mesmo divindades mágicas.
Embora a ambientação — baseada na cultura e história japonesas — tivesse muito potencial, Samurai Maiden desenvolveu a campanha de forma travada e pouco interessante. Na realidade, tudo acontece por meio de diálogos, em sua maioria enrolados e pouco coesos. Conversas sobre maquiagem e festas se confundem com dimensões mágicas e batalhas pelo destino do mundo.
Faltou organização e cuidado, sobretudo na forma de apresentação dos diálogos (talvez algumas cutscenes ajudassem). De qualquer maneira, os visuais do game são muito bons, sobretudo das personagens, assim como a dublagem em japonês, criando uma atmosfera minimamente adequada. A campanha é dividida em missões, que apresentam acontecimentos e desafios a cada nova fase.

Boas ideias em meio à repetição

Normalmente as missões exigem que a jovem protagonista percorra uma fase, pulando por plataformas, coletando baús com itens e colecionáveis, driblando armadilhas e, é claro, lutando contra inimigos. As hordas são lentas, repetidas e desinteressantes, tornando muitas das lutas chatas. Infelizmente, Tamaori também cai nessa categoria.
A samurai começa a campanha com poucos e lentos golpes e nenhuma opção ágil para contra-ataque ou esquiva. Somente com o tempo liberamos algumas habilidades que melhoram a jogabilidade. Ainda assim, Samurai Maiden nunca se torna um game dinâmico, algo bastante recomendável para um hack and slash.
Ao menos os novos combos e recursos melhoram os combates a um nível aceitável. As três ninjas companheiras também ajudam nos combates com habilidades únicas: ataques com shurikens flamejantes, disparos elétricos e explosões de gelo. Esses golpes são carregados conforme a samurai ataca os inimigos, formando um sistema interessante de cadência.
É uma pena que, apesar das três ninjas terem um sistema de níveis (mais detalhes sobre ele em breve), não é possível adquirir novos recursos para elas. Ao menos podemos contar com habilidades secundárias que incluem cordas para saltos mais longos, explodir bombas e fazer uso de itens como minas e potes com cura.

Indo além dos combates

Além das missões convencionais, temos fases mais focadas com lutas diretas contra chefes. Elas são, de longe, os melhores combates que Samurai Maiden tem a oferecer, exigindo mais atenção e competitividade. Eles também evidenciam a falta de otimização do game, como situações em que inimigos parecem não ser atingidos por golpes aparentemente certeiros e ataques que conectam mesmo desviados.

Aliás, os problemas também se estendem ao desempenho do jogo como um todo, que sofre com telas de carregamento muito longas e lentidão em lutas muito tumultuadas. Voltando ao sistema de níveis das ninjas: conforme as três utilizam as suas habilidades para ajudar a heroína, elas sobem de nível em um sistema de amizade.

 
Por meio dele, novas habilidades são obtidas para a protagonista, além de liberar novos vídeos (de mais conversas, em geral, maçantes). As missões Bubble Pockets são talvez as melhores recompensas: com elas, temos acesso a fases com bons desafios no estilo plataforma, além de combates mais concisos e bem pensados. Ao longo da campanha também podemos liberar armas novas para as personagens, roupas diferentes e artes conceituais e vídeos.

Os desafios que exigem pulos e esquivas poderiam ter sido mais bem explorados
Esses armamentos, inclusive o das três ninjas, também podem ser melhorados utilizando recursos obtidos nas missões. Elas contam com diversos níveis de dificuldade, mas não me vejo revisitando nenhuma delas, mesmo que seja para liberar itens e melhorias. O sistema de amizades até poderia ser um fator para isso, mas na prática ele é bem simplista — como o jogo em geral — e tem recompensas pouco interessantes, tanto do ponto de vista funcional quanto de conteúdo.

Foco na direção errada

Quem curte jogos semelhantes, como Kandagawa Jet Girls e Senran Kagura Peach Ball Pinball, já poderia prever que a relação das jovens flerta constantemente com o famigerado fan service. Particularmente, isso não me incomoda, desde que o jogo em si seja bom. Infelizmente, não é esse o caso para Samurai Maiden, como já deve ter ficado claro.

Samurai Maiden traz bons materiais e conteúdos, mas poderia ter focado mais no jogo em si
Uma comparação direta com outro hack and slash repleto de fan service pode ser feita com Onee Chanbara Origin (PC/PS4). Apesar das propostas serem muito semelhantes, o segundo é muito superior em termos de jogabilidade e mecânicas de jogo. As lutas são radicais e envolventes, com visuais que funcionam bem mesmo em momentos tumultuados.
Uma proposta semelhante, mas que teve mais sucesso
Samurai Maiden sofre com pequenas multidões, mesmo com gráficos ok, sobretudo em termos de efeitos visuais. Além disso, sua jogabilidade é simples demais, sem oferecer combos, contra-ataques e outros recursos legais. O já citado Kandagawa Jet Girls também é mais sólido e otimizado, ainda que com uma proposta mais inusitada.

O caminho ninja não é para todos

Não há como negar que Samurai Maiden consegue cumprir seu papel principal: um hack and slash acessível com belas estudantes, ninjas e samurais no estilo anime. Na verdade, ele até vai além, trazendo algumas boas qualidades para jogadores no geral, como lutas desafiadoras e conteúdo interessante. Infelizmente, uma produção técnica meia-boca e falta de foco em elementos importantes deixam a recomendação limitada somente para os fãs ardorosos do que ele tem realmente a oferecer.

Prós

  • Hack and slash simples interessante para fãs do gênero;
  • Visual no estilo anime das personagens principais é muito bonito e com boas animações;
  • Combates são divertidos contra chefes e de maneira geral após obter mais habilidades;
  • Boa quantidade de missões e coisas interessantes para liberar.

Contras

  • Diálogos são em geral chatos e mal apresentados;
  • Inimigos são excessivamente repetitivos e jogabilidade é demasiadamente simples e lenta por boa parte do game, além de mal otimizada no geral;
  • Quedas na taxa de quadros em diversos momentos e telas de carregamento longas e frequentes.
Samurai Maiden — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela D3 Publisher

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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