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Análise: Call of Duty: Vanguard (Multi) traz, entre erros e acertos, mais uma ótima experiência de tiro da famosa franquia FPS

Embora pudesse ser melhor, o game é gostoso de jogar, bem produzido e tem um futuro promissor.


Conforme conferimos na sua prévia, Call of Duty: Vanguard é o mais novo título da série de tiro mais popular da atualidade. O game traz boas qualidades e novidades bem-vindas para a franquia usando as lições aprendidas pelos seus predecessores. Conforme vamos conferir nesta análise, esses pontos positivos superam alguns probleminhas do jogo e garantem partidas divertidas e competitivas. Vista o seu colete e carregue as suas armas, pois a matéria vai começar!

E lá vamos nós...

Em um primeiro momento, a temática da Segunda Guerra Mundial pode soar desgastada para um jogo de tiro. Afinal, ela volta e meia retorna ao gênero, sendo que Call of Duty: Vanguard não é o primeiro a usá-la na sua franquia. Lançado em 5 de novembro de 2021 para PC, PS4, PS5, XBO e XSX, o título felizmente conseguiu lidar bem com a ambientação recorrente e trouxe uma experiência completa e divertida.
Tecnicamente, a produção está bem bonita, mas nada fora dos padrões. Comparando com o título anterior, Call of Duty: Black Ops - Cold War (Multi), só notei algumas melhorias nos consoles da nova geração, e ainda assim de forma limitada. O problema são alguns bugs em animações e movimentos que aparecem com uma frequência que deveria ser menor. O quesito áudio é positivo, salvo o excessivo número de falas e de gritos dos personagens durante as partidas. Quando somos alvejados por chamas, por exemplo, a gritaria é exagerada e atrapalha muito.
 
Outro ponto de destaque é a jogabilidade, que está mais próxima de Call of Duty: Warzone (Multi). Esse battle royale se manteve firme como um dos destaques do gênero e os produtores resolveram apostar em várias das suas mecânicas já conhecidas. No geral, acredito que a mudança foi boa e tornou as partidas mais dinâmicas, embora elas precisem ser balanceadas adequadamente em futuras atualizações (confira a nossa matéria com dicas para o game).
Os visuais do game estão bonitos e com boa dose de detalhes, sobretudo na nova geração
O game é dividido em três modos principais: Campanha, Multijogador e Zumbis. Logo, a análise irá abordar cada um desses elementos individualmente. Além disso, também falarei um pouco sobre a integração com o battle royale Warzone. Tal como Cold War, Vanguard terá uma forte ligação com esse game gratuito lançado no começo de 2020.

Campanha digna de cinema

A história principal do game foca em um grupo especial de soldados vindos de várias partes do mundo, como a soviética (Segunda Guerra, lembra-se?) Polina Petrova e o britânico Arthur Kingsley. A interação entre os membros do time é orgânica e propicia momentos bem interessantes. O game não segue um enredo linear e salta entre vários momentos específicos no tempo, o que permite ao jogador conhecer a história dos personagens e da Segunda Guerra como um todo.
As missões dessa pequena força tarefa, assim como as sequências de flashbacks, os coloca em todo tipo de combate e situações emocionantes. Acredito que a campanha de Vanguard consiga ser ainda melhor que a de Cold War: enquanto o anterior tinha uma pegada de espionagem, agora temos um enredo permeado de grandes batalhas e acontecimentos. Algo esperado das ambientações, antes na Guerra Fria e agora na Segunda Guerra Mundial, mas que na prática parece ter favorecido a segunda.
Prepare-se para viajar pelo mundo da Segunda Guerra Mundial
Gostei de utilizar armamentos mais antigos e cadenciados, que agora podem ser novamente apoiados em paredes e muretas. Vários pontos dos cenários podem ser destruídos para revelar passagens úteis ou pontos cegos em tiroteios. Essas mudanças, que são gerais de todos os modos de Vanguard, contribuem para tiroteios bem interessantes.
Muita ação e aventura em cada capítulo da campanha
O maior ponto fraco da campanha é a sua linearidade. Não existem caminhos diferentes no enredo, missões secundárias e grandes atualizações na jogabilidade, o que também contribuiu para a sua duração mais curta. É como jogar um filme de guerra de boa qualidade, em que tudo é bonito e envolvente, mas sem muita liberdade para o jogador explorar a história. De qualquer forma, a experiência vale a pena e introduz muito bem vários elementos utilizados em todo o jogo.

Destaque ao multijogador

A grande atração de Vanguard certamente é o modo multiplayer, que é repleto de boas e variadas partidas. Além de opções tradicionais como “mata-mata em equipe” e “baixa confirmada”, o game traz desafios interessantes como “Patrulha”, que coloca um grupo para ocupar uma zona em movimento e ganhar pontos, no estilo da “Zona de Conflito”.
Fazer a jogada da partida é sempre uma alegria

Já a chamada “Batalha de Campeões” apresenta várias equipes em batalhas sucessivas. As rodadas alternam aleatoriamente os times, que podem ser duplas ou trios, e concedem recursos para melhorar o equipamento dos jogadores. Vence a equipe que ainda tiver pontos ao final das disputas. Como deve ter ficado claro, nenhuma das novidades é revolucionária, mas elas funcionam bem e complementam o leque de opções.

Uma configuração interessante adicionada é a escolha do Ritmo de Combate, que define o número de participantes das partidas. Enquanto “Tático” é do tipo 6x6, “Assalto” suporta de  20 a 28 jogadores e “Blitz” até 48 combatentes. A ideia é boa no papel, mas na prática pode resultar em longas esperas caso as escolhas do jogador não sejam muito populares. Outras novidades são a votação do MVP da partida e uma maior valorização dos clãs, que agora rendem recompensas mais interessantes.
 
Apesar da ambientação “antiga”, temos uma boa variedade de armas com extensas listas de customizações. Elas agora incluem até tipos de munição, como subsônica e incendiária. Os chamados Operadores também estreiam no game: cada um deles é um personagem único com trajes, golpes finalizadores, falas e animações. Eles também têm armas prediletas e missões exclusivas para adquirir pontos de experiência mais rapidamente.

Customize a sua arma com vários adereços e cosméticos
O número de mapas é considerável e a maioria deles é boa de se jogar. A única ressalva é quanto ao balanceamento, pois as muitas escolhas podem resultar em combinações apelonas. Apesar de o jogo acabar de sair, já é possível observar algumas tendências repetidas, como cenários com pontos cegos e o uso exagerado de munições de ponta oca e granadas de fumaça. Caso o game consiga manter um equilíbrio entre as opções, o Multijogador poderá se manter ativo e saudável por muito tempo.

Mais mortos do que vivos

Se o modo Zumbis se revelou um dos pontos mais altos de Cold War, agora ele certamente é o mais baixo de Vanguard. A questão não é somente algumas escolhas ruins na forma como as partidas funcionam, mas também a falta de conteúdo. Enquanto o Multijogador conta com muitas opções de jogo, aqui temos somente uma e um só mapa. Pior, ele é basicamente uma mistura de pedaços dos cenários multiplayer sem nenhuma inspiração.
A luta contra os zumbis tem vida curta
Embora a constante atualização e adição de conteúdo seja de praxe nos jogos modernos de Call of Duty, esse começo meia-boca é bem pior do que vimos em Cold War. Lutar contra zumbis em rodadas progressivamente mais difíceis, adquirindo habilidades, armas e vencendo missões ainda é divertido, mas a falta de variedade chateia rapidamente.
Só resta aguardar para ver o enredo melhorar por aqui
Uma atualização está prometida para o dia 2 de dezembro e trará, entre muitas coisas, melhorias para o modo Zumbis. Certamente ele precisa de novidades no game, incluindo pontos como um enredo de fundo, novos tipos de inimigos e cenários mais interessantes. Basta olhar para trás para aprender com o passado recente, e assim oferecer uma boa experiência na luta contra os mortos-vivos.

O “eterno” Warzone

Aqui temos um dos pontos em que Vanguard parece ter aprendido mais com Cold War: a integração com Warzone. Atenção ao verbo “parecer”, pois a integração completa do novo game com o battle royale só ocorrerá em 2 de dezembro. Falando nisso, até lá diversos eventos acontecerão antes do fatídico fim de Verdansk, o mapa utilizado há mais de 18 meses desde o lançamento do título gratuito.
Um verdadeiro sucesso do gênero
A lição que Vanguard deverá seguir é aproximar-se mais de Warzone em termos de armas e jogabilidade, ao contrário de Cold War, que ficou em um meio termo. A despedida de Verdansk e a chegada de Caldera, o novo mapa do battle royale, indica um retrabalho completo para oferecer uma experiência inédita. As novas mecânicas de Vanguard devem ser adicionadas e assim teremos uma relação mais direta entre os títulos.
Muita coisa está planejada para chegar até o final do ano
Por enquanto, as perspectivas são favoráveis. Já temos, inclusive, duas armas que podem ser usadas livremente entre os dois games. Obviamente, só o tempo dirá como essas mudanças irão se concretizar na prática. Fico na torcida para que o resultado final seja uma experiência em que a transição entre Vanguard e Warzone seja a mais natural possível e proporcione partidas igualmente divertidas e competitivas.

Mais um ótimo e honesto Call of Duty

Mantendo a boa tendência dos últimos títulos da série, Call of Duty: Vanguard é um game de tiro sólido e divertido. A campanha emocionante e o multijogador repleto de opções são algumas das qualidades, assim como os visuais bonitos e a boa jogabilidade. Mais do que um jogo competente, temos uma base firme que poderá ser ampliada e melhorada constantemente durante seu ciclo de vida.
Com foco na diversão e fluidez, o game é uma ótima pedida
Infelizmente, algumas coisas ficaram devendo e limitaram o pacote final, como o modo Zumbis limitado e a falta de cuidado em certos elementos do game. O resultado, entretanto, ainda é um título repleto de desafio e agradável de jogar, sobretudo junto com os amigos. Se a integração com o modo Warzone for bem sucedida e as atualizações forem legais, Vanguard poderá se tornar um dos melhores da sua franquia.

Prós

  • Ambientação na Segunda Guerra Mundial é bastante interessante e bem utilizada por todo o game;
  • Jogabilidade renovada é mais dinâmica e funcional;
  • Produção tem, em geral, um bom nível de qualidade;
  • Campanha tem um ótimo enredo e missões envolventes;
  • Modo multijogador é muito divertido e variado;
  • Novidades bem-vindas como customizações extras e novos modos de jogo.

Contras

  • Modo Zumbis ficou devendo;
  • Faltam ajustes nos balanceamentos e em alguns pontos das produções visual e sonora;
  • Embora promissora, a integração completa ao Warzone ainda é uma incógnita.
Call of Duty: Vanguard – PS4/XBO/PC/PS5/XSX – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com chave cedida pela Activision

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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