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Análise: G-Darius HD (PS4/Switch) traz um visual bonito para um clássico atemporal

O primeiro título da franquia com visual 3D ganhou gráficos mais polidos e atuais e manteve a identidade característica da série.

No começo desse ano, os japoneses foram agraciados com mais uma coletânea da série Darius. Assim como as coleções Arcade e Console, Darius Cozmic Revelation trouxe ao PlayStation 4 e ao Switch mais dois títulos da extensa saga que nos coloca como pilotos das Silver Wings. 

Desta vez, em uma jogada no mínimo curiosa, ambos foram lançados separadamente para a Europa e as Américas. Em julho, os donos dos consoles da Sony e da Nintendo puderam jogar Dariusburst: Another Chronicle EX+. Agora chegou a hora de pôr as mãos no outro título da coletânea, o pioneiro G-Darius HD, port em alta definição daquele que foi a primeira entrada da franquia no mundo tridimensional.

Rumo ao futuro

Lançado em 1997 para os arcades nipônicos, G-Darius foi uma evolução na série de shoot’ em ups, com gráficos poligonais em 3D e efeitos de luz modernos. Os chefes agora se deslocavam para o fundo da tela em certos momentos, se colocando em segundo plano enquanto comandavam ataques massivos para cima do jogador.

A jogabilidade trouxe duas novidades bastante interessantes. Além das armas tradicionais, era possível capturar os inimigos e usá-los ao seu favor. Cada um tinha sua propriedade única, podendo auxiliar com lasers direcionais, disparos adjacentes, bombas ou escudos. Até os mini-chefes que apareciam entre as fases podiam ser capturados, e a estadia deles ao seu lado dependeria do quanto você conseguisse se manter vivo. Caso o jogador desejasse, podia explodir seu “amigo forçado” para causar um dano devastador em todos os inimigos da tela. Isso aumentou consideravelmente a dinâmica da ação proposta.

A outra alternativa de ataque foi o Alpha Beam. Os inimigos capturados podem também ser absorvidos, o que encheria uma pequena porcentagem de uma barra. Assim que ela estiver totalmente completa, é possível disparar um raio ignorantemente forte, que aniquilará todo mundo que chegar perto. O mais interessante desse recurso é poder rebater os raios poderosos dos chefes, os Beta Beams. Essa disputa de feixes de luz destruidores pode virar a maré da batalha em favor do jogador nos momentos mais cruciais.

Também houve uma variação nas zonas. O esquema de progressão piramidal, característico de Darius, foi mantido, mas agora elas foram nomeadas com letras do alfabeto grego, como Alpha, Beta, Delta, Gama, Lambda, Mu e Ômicron. As nossas letras (A a Z) foram utilizadas para indicar ramificações no caminho. A rota escolhida influencia no padrão de ataque e coloração dos chefes daquela zona, que ainda assim seria o mesmo no geral. 

Para ficar mais claro, a Zona Alpha possui duas rotas, A e B. Em ambas o chefe será o monstro Eclipse Eye. Ao optarmos pelo caminho A, ele terá a cor verde e usará ataques com grandes mísseis. Se decidirmos pelo B, ele possuirá a cor amarela e fará algumas investidas com uma espécie de serra circular. Assim funciona com todos os outros 14 rivais derradeiros.

O sucesso foi significativo, a ponto do título ter sido levado para o primeiro PlayStation no ano seguinte, a nível mundial. Também foi lançada uma segunda versão para os arcades, batizada de “Ver.2”. Ela trazia um modo Beginner (iniciante) que só continha três fases, além de algumas mudanças no nível de dificuldade geral, no comportamento dos mini-chefes e nas propriedades dos equipamentos.

Ficou bonito, hein!

Como prometido, G-Darius HD trouxe tanto o jogo original quanto uma versão com gráficos repaginados para esta geração. O que pode parecer uma ideia bem simplista se mostrou algo bem bacana, com um polimento que combinou muito bem com o visual geral.

As diferenças mais significativas estão presentes nos aspectos que ficam em primeiro plano na tela, como as Silver Hawks, os inimigos e os chefes, que ficaram até que bem vistosos e atraentes. Já os cenários de fundo, com todas as suas animações durante a ação, ganharam um tratamento mais modesto, mas ainda assim justo. Tudo combina harmoniosamente a ponto de parecer algo de uma geração mais avançada, como a de PS2 e GameCube.

Entretanto, os incômodos slowdowns da versão original ainda estão presentes e eles ocorrem em momentos aleatórios, às vezes cruciais da ação, como a ramificação de caminhos. A parte sonora não passou por melhoria alguma, se mantendo intacta. Tudo bem que ela é bastante característica, mas uma trilha e efeitos remasterizados que guarnecessem a parte gráfica seriam companhias muito bem-vindas.

Assim como nas outras coletâneas, Arcade e Console, é possível colocar algumas informações nas laterais da tela, que seriam áreas mortas se o jogador não quiser esticar a tela para seu comprimento total (conselho de amigo: não façam isso porque fica meio deformada e quebra o clima da jogatina).

O problema é que essas informações se limitam apenas ao quanto o Raio Alpha do jogador está carregado e a quantos bônus já foram coletados. Uma boa seria poder incluir um medidor de vida dos chefes. Algumas batalhas são muito longas e só temos a noção do seu fim quando a criatura vai adquirindo um tom mais rosado.

O jogo ainda não conta com uma galeria de arte, assim como os demais compilados da série (sabe-se lá o porquê), mas está disponível para visualização um catálogo com todas as criaturas que servem de inimigos básicos. Assim que nós as “convertemos” para o nosso lado, seu registro fica guardado, assim como qual função elas possuem. O mesmo vale para os mini-chefes.

Algumas destas bestas intergalácticas têm variações de tamanho não tão perceptíveis e que contam como uma entrada diferente neste catálogo, mas caso você deseje computar todas, existe uma indicação sobre em qual área elas podem ser encontradas.

Tomando como base as coletâneas Arcade e Console, que traziam várias versões de um mesmo título, mesmo que com pontuais alterações, não teria problema incluir a “Ver.2” de G-Darius, apenas para sentir as nuances de cada lançamento. Ainda assim, ter a variante clássica e a melhorada serve bem para destacar como o jogo ainda é divertido e atual para o gênero.

Um clássico atemporal

Por mais que seja um lançamento centrado em um título só, G-Darius HD consegue ser mais atraente que os demais compilados da franquia espacial-marítima da Taito. Esse jogo recebeu um tratamento que teria sido muito bem-vindo às demais entradas clássicas da saga e realmente é muito bom ter esse clássico nos holofotes novamente.

Prós

  • Melhorias gráficas combinaram muito bem com o estilo do jogo;
  • Jogabilidade fácil de dominar, com novidades bacanas;
  • Incluir a versão clássica e a versão melhorada ajuda a ter um paralelo interessante da evolução entre ambas;
  • O catálogo de monstros e mini-chefes é uma inclusão bem bacana.

Contras

  • Poderia ter sido incluída a “Ver.2” do jogo;
  • A trilha e os efeitos sonoros poderiam ter uma remixagem e melhorias gerais;
  • Poucas informações adicionais para customizar a tela;
  • Alguns slowdowns bastante inconvenientes.
G-Darius HD — PS4/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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