As Tartarugas Ninja: conheça as origens, histórias e seu legado nos videogames – Parte 2

A estreia nos cinemas, a nova série animada e os últimos jogos produzidos pela Konami são os destaques deste capítulo.


Bem-vindos de volta, honoráveis leitores! Nosso especial sobre as Tartarugas Ninja chega a sua segunda parte com aquele gosto de pizza fria que a gente gosta de comer no café da manhã — e não adianta negar pois eu sei que você já fez isso e adora. No episódio desta semana, vamos continuar falando sobre a trajetória dos quatro heróis de Nova York, destacando sua estreia nos cinemas e a nova série animada que foi lançada no início dos anos 2000.


Para não pegar o bonde andando, confira antes a primeira parte deste especial, em que falamos sobre a origem das Tartarugas Ninja, os brinquedos, a primeira série animada e alguns jogos que se tornaram clássicos. Feito isso, hora de voltar alguns anos no tempo, para a década de 1990.

Luzes, câmera e muita ação!

Os quatro irmãos ninjas se tornaram uma febre mundial por causa do desenho animado, criado com o intuito de vender brinquedos. O sucesso chegou ao ponto de uma adaptação para o cinema começar a entrar nas rodas de discussões e em 1990 tivemos o lançamento do primeiro filme.

Nova York está sofrendo com uma onda de crimes que nem mesmo a polícia consegue dar conta e, em dado momento, a repórter April O’Neil (Judith Hoag) acaba sendo mais uma vítima de um bando de assaltantes, mas é salva pelas Tartarugas, o que acaba revelando a existência delas. Isso desperta a curiosidade do Clã do Pé, liderado por um líder criminoso e cruel chamado Destruidor (James Saito), que ataca os irmãos e sequestra o mestre Splinter.

Junto com a inesperada ajuda do vigilante Casey Jones (Elias Koteas), o grupo reúne forças para derrotar o clã e seu líder, resgatar Splinter e devolver a paz para a cidade de Nova York em uma aventura que mistura a estética dos quadrinhos da Mirage Studios com o novo visual dos heróis no desenho animado. Um dos maiores destaques fica por conta do figurino das tartarugas, produzidos pela famosa equipe de Jim Henson, criador dos Muppets, dando um ar de credibilidade imenso à performance dos atores.
O sucesso da TV chegou ao cinema
Segundo o IMDB, a bilheteria total rendeu cerca de 135 milhões de dólares, mais de dez vezes o valor que o filme custou para ser produzido. O sucesso rendeu uma sequência já no ano seguinte: As Tartarugas Ninja II: O Segredo do Ooze.

Continuando de onde o primeiro filme terminou, as tartarugas estão em busca de um novo lar e, enquanto isso, dividem um apartamento com April (Paige Turco), agora uma das maiores jornalistas da cidade de Nova York. O que eles nem imaginam é que o Destruidor (François Chau) está de volta e quer vingança. Usando do mesmo material mutagênico que transformou Leonardo, Donatello, Michelangelo, Raphael e Splinter, o vilão cria dois monstros mutantes, Tokka e Rahzar, para usá-los em seu plano sinistro.

Vanilla Ice
Mais um grande sucesso da época, As Tartarugas Ninja II: O Segredo do Ooze marcou pela qualidade da produção se comparado ao filme do ano anterior, com cenários maiores, efeitos especiais mais bem feitos e a icônica participação do rapper Vanilla Ice na sequência final do filme cantando o Ninja Rap. Um ponto que gerou um pouco de controvérsia na época foi o fato dos heróis não usarem tanto suas armas e o filme ter mais comédia que o anterior. Uma decisão tomada para manter a película com uma classificação etária mais baixa, já que o público-alvo era predominantemente infanto-juvenil.

Em 1993 chegava aos cinemas o esperado — ironicamente, tá mais pra famigerado — terceiro filme, que jogou um verdadeiro balde de água fria nos fãs das tartarugas. Aqui a história “força a amizade” com uma aventura bem chata e arrastada, com poucas cenas de luta e fugindo da principal referência: o desenho animado. Nem mesmo as próprias tartarugas tinham o mesmo carisma, sem o talento da equipe de Jim Henson na confecção das fantasias. Resumindo, esse filme é todo errado.

Nessa tragicômica aventura, April (Paige Turco) vai visitar seus amigos verdes após voltar de férias para entregar alguns presentes que comprou na viagem. No meio das lembrancinhas há um cetro mágico que achou em uma loja de antiguidades, que acidentalmente se ativa e leva a jornalista para o Japão feudal. Agora, nossos heróis precisam viajar no tempo para salvar sua amiga e acabam se metendo no meio de um conflito histórico no século 17. No final eles conseguem salvar a mocinha, mas não a bilheteria, que foi a menor da trilogia.

A título de comodidade, caso você tenha interesse em assistir hoje, os dois primeiros filmes estão disponíveis no serviço de streaming Amazon Prime Video. O terceiro eu não achei em nenhum lugar, nem mesmo para alugar.

Enquanto isso, na televisão…

Na TV as aventuras dos irmãos contra o Destruidor e os mutantes da Dimensão X continuavam em alta e, em 1996, a série animada chegou ao fim na sua décima temporada. Sem uma nova animação em produção, a aposta da vez foi uma série em live-action estrelando não mais as quatro, mas cinco tartarugas. Em setembro de 1997 ia ao ar a primeira e única temporada de Tartarugas Ninja: A Próxima Mutação.

A série é uma continuação da história dos filmes em que Leonardo, Donatello, Michelangelo e Raphael já estão beirando a idade adulta quando descobrem que possuem uma irmã. Revelada como uma quinta tartaruga que também teve contato com o mutagênico que criou os quatro irmãos e Splinter, Vênus de Milo teve a infelicidade de ser levada pelo esgoto antes do momento em que Splinter encontrou os filhotes.

Criada na China, aprendeu artes marciais e místicas, que foram importantes para enfrentar o Lorde Dragão, o novo vilão da série. Por conta da baixíssima audiência, a série não foi renovada e acabou no esquecimento. Apesar da rápida passagem pela TV, valeu por render um icônico encontro com os Power Rangers no quarto episódio de Power Rangers no Espaço.

Levou mais alguns anos para que os heróis voltassem à ativa na TV, até que em 2003 uma série animada totalmente nova foi produzida pela 4Kids Entertainment. As Tartarugas Ninja estavam de volta com aventuras novas e divertidas, e dessa vez mais próximas de suas origens, na Mirage Comics, adaptando e reproduzindo algumas histórias diretamente dos quadrinhos. Os caras estavam de volta e dessa vez pra ficar. A série teve sete temporadas, com a última exibida em 2010.

Os caras estavam de volta nos games também

A boa recepção da nova série animada reacendeu o interesse nas Tartarugas e com isso a Konami, que ainda tinha os direitos da franquia, voltou a produzir jogos protagonizados pelos heróis. O cenário no início dos anos 2000 era bem diferente da década passada, com mais consoles, tecnologia e oportunidades de emplacar sucessos. Na dúvida sobre onde atacar primeiro, a japonesa resolveu atirar para todos os lados.

Teenage Mutant Ninja Turtles (Multi) – 2003

Lançado em duas versões, o primeiro jogo da nova leva de desenhos animados foi lançado para o Game Boy Advance, GameCube, PlayStation 2, Xbox e PC. A versão portátil é um beat 'em up 2D em que o jogador assume o papel de cada um dos quatro heróis em capítulos diferentes para cada um por conta de suas habilidades únicas. Cada um dos irmãos passa por um segmento de história que os leva até um ponto em comum onde o jogador pode escolher quem quer usar para a etapa final, onde deve atravessar mais algumas fases e enfrentar o Destruidor.

A outra versão, lançada para os principais consoles da época e também no PC, é um beat 'em up com ambientação 3D em que devemos enfrentar diversos inimigos e chefes até o embate final contra o Destruidor. Dois pontos destacam muito positivamente o game: a arte em cell shading, popular na época, deixando os personagens com uma caracterização extremamente fiel ao desenho animado, e as cutscenes com trechos dos episódios da primeira temporada da animação. O melhor de dois mundos ao unir espectador e jogador em uma mesma experiência.



Teenage Mutant Ninja Turtles 2: Battle Nexus (Multi) – 2004

No ano seguinte a Konami manteve a estratégia de lançar o mesmo jogo para todas as plataformas da época, ampliando a experiência de um modo geral. A versão portátil, também para o Game Boy Advance, agora contava com toques de estratégia e stealth. Em cada fase devemos guiar uma das tartarugas em meio a inimigos e armadilhas para coletar cristais, necessários para chegar à etapa final do jogo. Em alguns momentos uma mesma fase deve ser jogada usando uma tartaruga diferente por conta de suas habilidades para conseguir pegar todos colecionáveis e então enfrentar o Destruidor no final.


A versão para consoles e PC continuou com a abordagem em 3D do jogo anterior, mas dessa vez com uma jogabilidade um pouco diferente, podendo ser jogado com até quatro personagens em uma equipe, podendo alternar em momentos oportunos, como usar computadores com Donatello ou empurrar caixas pesadas com Raphael. As fases agora são maiores e possuem até alguns segmentos com focos diferentes, como plataforma ou pilotagem de veículos.

Um excelente jogo, principalmente para se jogar com mais amigos graças ao suporte para quatro jogadores. O primeiro jogo para arcade é um dos desbloqueáveis nesta versão, que também trouxe cutscenes da segunda temporada do desenho animado.

Teenage Mutant Ninja Turtles 3: Mutant Nightmare (Multi) – 2005

O terceiro jogo também foi lançado para as principais plataformas da época, trocando apenas o Game Boy Advance pelo Nintendo DS. Adaptando a terceira temporada da série animada, que introduziu os Triceratons, Mutant Nightmare em sua versão portátil tirou muito proveito das capacidades do DS, trazendo gráficos e jogabilidade excelentes, fazendo um uso interessante da segunda tela para movimentos especiais com outros personagens e um mapa para navegação nas fases, que ainda resgatou características do game do ano passado com a coleta dos cristais.


A versão para consoles continuava com o suporte a quatro jogadores e um nível de desafio bem maior. As últimas etapas são quase impossíveis de terminar sem o apoio de mais jogadores. Um dos desbloqueáveis desta vez foi a versão arcade de Turtles in Time.

Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Melee (Multi) – 2005

O último jogo das Tartarugas Ninja desenvolvido pela Konami foi lançado para GameCube, PlayStation 2, Xbox e PC. Mutant Melee é um game de luta em 3D que reúne os principais personagens da série para batalhas em uma arena. É possível realizar ataques especiais devastadores para derrotar todos os inimigos na tela e organizar partidas que podem ser curtidas por até quatro jogadores simultaneamente.


É uma pegada bem diferente de tudo o que lançaram anteriormente, mas serviu como uma despedida da Konami antes de perder o licenciamento da franquia. Foi um legado importante para nossos heróis verdes durante os últimos 16 anos em que a empresa foi responsável por levar mais de Leonardo, Donatello, Michelangelo e Raphael para dentro de nossas casas.

E ainda não acabou!

Com isso fechamos mais um pedaço da nossa pizza de nostalgia com as Tartarugas Ninja. Para a parte 3 de nosso especial prepare o antiácido, pois pode ser uma fatia um tanto indigesta para quem não está acostumado com sabores muito diferentes. Vamos falar das novas adaptações das Tartarugas para a TV e o cinema e dos jogos que passaram a ser lançados pela Ubisoft e Activision.

Revisão: Matheus Araujo

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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