Western: a influência do gênero no mundo dos games (Parte 5)

Os anos 2000 foram ótimos para os fãs de faroeste, com dezenas de filmes sendo lançados ao longo dos anos, além de séries de TV — a esperança, como sempre, é que bons jogos sejam inspirados no melhor que o gênero pode oferecer.

Apesar dos pesares e da repetição de fórmulas, muitos cineastas investiram fortemente no gênero western ao longo dos anos 2000. A busca por algo inovador fez com que o faroeste se enamorasse, inclusive, com a comédia — culminando em Shanghai Noon (“Bater ou Correr”), lançado no início do milênio, estrelando Jackie Chan, Owen Wilson e Lucy Liu —, culminando em “bizarrices” como BloodRayne II: Deliverance.


Também oportunizou diretores como Robert Rodriguez a escreverem e dirigirem Once Upon a Time in Mexico (“Era Uma Vez no México”), de 2003, bem como Ang Lee em seu aclamadíssimo Brokeback Mountain (“O Segredo de Brokeback Mountain”), de 2005, que foi de encontro ao estereótipo do cowboy heterossexual e misógino.

No mundos dos jogos, alguns conceitos, como se esperaria, ainda perduraram. No entanto, novos gêneros foram aprimorados e inseridos, como Estratégia. Embora não fosse algo novo (Six-Gun Shootout fez algo do tipo ainda em 1985), maior imersão no enredo e melhores elementos visuais contribuíram para o destaque de diversos títulos.

Antes de prosseguir, perdeu a carruagem sobre o tema? Então aproveite essas passagens diretas no trem da história dos jogos western que estão bem aqui: Parte 1, Parte 2, Parte 3 e Parte 4.

Desperados: Wanted Dead or Alive

  • Console: PC
  • Geração de consoles: não se aplica
  • Ano de lançamento: 2001
Wanted Dead or Alive aproveitou muito bem o frisson de jogos táticos que surgiu principalmente para computadores pessoais e explorou o melhor de dois mundos. O enredo é típico: em 1881, cansada de sofrer uma onda de assaltos pela quadrilha de um indivíduo conhecido como El Diablo, a Twinnings & Co oferece uma recompensa de $ 15.000 por sua captura. No controle de John Cooper e de seus antigos companheiros caçadores de recompensas, o jogador lidará com perseguições, investigações e um plot twist digno de um longa.
Bonito, mesmo para os padrões atuais.


Os gráficos são muito bem feitos e detalhados mesmo para os padrões de hoje e seguem a estrutura de títulos como Commandos: Behind Enemy Lines e Police Quest: SWAT 2, com a necessidade de ações furtivas e tomada de decisões com inteligência e preparação. Um port estava previsto para para ser lançado no ano passado para PlayStation 4 e Xbox One, mas não há mais notícias sobre ele. Três sequências foram lançadas respectivamente em 2006 (Desperados 2: Cooper's Revenge), em 2007 (Helldorado) — exclusivamente para sistemas Windows — e em 2019 (Desperados III) para PC, PS4 e XBO, ambas mantendo o conceito “tático” do jogo original.

The Westerner

  • Console: PC / Wii / Dispositivos móveis
  • Geração de consoles: 7ª geração (aplicável ao Wii)
  • Ano de lançamento: 2003
The Westerner foi desenvolvido pela Revistronic na categoria Adventure Point-and-Click, diante de sucessos como Grim Fandango e Full Throttle, lançados em anos anteriores pela LucasArts.

Diferentemente do longa homônimo de 1940 (com Gary Cooper no elenco), o enredo do jogo é bastante simples, centralizado no desaparecimento da amada do protagonista enquanto estes eram recebidos na residência de um comerciante de gado, após o herói auxiliá-lo contra uma tentativa de roubo.
É isso, basicamente.


Em absoluto, o título não contribui como deveria aos jogos inspirados no Velho Oeste, servindo tão somente como um exemplo de como a indústria buscou alternativas de jogabilidade para o gênero.

Western Outlaw: Wanted Dead or Alive

  • Console: PC
  • Geração de consoles (não se aplica)
  • Ano de lançamento: 2003

Western Outlaw: Wanted Dead or Alive foi lançado exclusivamente para computadores pessoais e segue como o segundo título desenvolvido na categoria FPS, após o relativo sucesso de Outlaws, lançado seis anos antes. O título foi desenvolvido pela Jarhead Games e, para aqueles cujo nome não lhes pareça familiar, lhes direi apenas três palavras correspondentes a outro projeto que a empresa se encarregou: Duke Nukem Forever.
Se um western FPS for indispensável, prefiram Outlaws.
Western Outlaw foi lançado em uma época em que jogos sobre a 2ª Guerra Mundial estavam bastante populares tanto nos consoles, quanto nos computadores. O que a desenvolvedora fez, por outro lado, foi criar um mod de Quake II (que é um ótimo jogo, mesmo para os padrões atuais) e transformá-lo em um western com gráficos e jogabilidade questionáveis, além de um enredo digno de ser punido criminalmente.

Tal como The Westerner, é válido tão somente como mais uma tentativa de desenvolvedoras em inovarem em jogos de faroeste, mantendo o gênero vivo. O ponto negativo é lançar ao mundo títulos que, no fim, servem apenas para ficarem na lembrança (nesses casos, as piores delas).

Red Dead Revolver

  • Console: PlayStation 2 / Xbox
  • Geração de Consoles: 6ª geração
  • Ano de lançamento: 2004
Red Dead Revolver talvez seja um dos títulos mais aguardados para os jogadores nesta lista, ao lado de Sunset Riders e Wild Guns e, como a maioria das pessoas sabe, é a origem do famoso Red Dead Redemption — embora ambos não possuam conexão no enredo. O que muitos não sabem é que, quando se encontrava em desenvolvimento pela Angel Sudios — sob os cuidados da Capcom —, a ideia inicial seria a de que Red Dead Revolver seria o sucessor espiritual de Gun.Smoke.
Preparado para a concorrência. Mas cuidado em não ser uma bala no próprio pé.


Em 2002, a Take-Two Interactive, controladora da Rockstar, adquiriu alguns estúdios de desenvolvimento, entre eles a Angel, e em 2003. Diante do cancelamento do título pela Capcom, a Rockstar adquiriu os direitos de marca e investiu em seu completo desenvolvimento, já que o produto inicial era considerado “injogável”.

O resultado foi um grande título de ação cuja base era um enredo baseado em intrigas, traições, alianças, honra e vingança. Até aquele momento, não havia algo tão próximo em jogos para o que os fãs de western viam em seus filmes favoritos — e tudo isso a distância de um cabo de joystick.

As cartas foram dadas, façam suas apostas!

Embora não fosse a “obra máxima” do entretenimento eletrônico que envolva o Velho Oeste, Red Dead Revolver estabeleceu para fãs e, principalmente, para as desenvolvedoras, que agora havia um “padrão pré-determinado”, que poderia influenciar enormemente no sucesso — ou fracasso — de futuros títulos, incluindo os que eventualmente fossem lançados pela própria Rockstar.

Alguns meses antes do lançamento de Red Dead Revolver, a Human Head Studios, Inc. havia desenvolvido Dead Man's Hand, o terceiro western no estilo FPS que, ao contrário do que muitos esperariam, possuía ótimos gráficos e um grande enredo. No entanto, pecou um pouco em game design, tendo alguns problemas em detecção de acertos de disparos ou movimentação de adversários.
Um título ofuscado, mas digno de atenção.


Lançado originalmente para Xbox, recebendo um port para computadores pessoais (com algumas melhorias e correções de bugs), não fosse pelo iminente sucesso de Red Dead Revolver, provavelmente Dead Man’s Hand fosse o maior representante, até aquele ano, dos jogos western — considerando que o melhor da categoria FPS, até aquele momento, se devia a Outlaws. Ainda assim, é recomendado aos fãs do Velho Oeste experimentarem Dead Man’s Hand, onde quer que seja possível encontrá-lo.

Como previsto, a tendência dos jogos de faroeste seria a de melhoria constante. O público nicho do gênero, assim como os jogadores, só têm a aproveitar. Não se esqueçam de que ainda estamos ainda na metade da década, há muito mais a conferir. Continuem acompanhando!

Revisão: Ives Boitano

Mineiro, apaixonado por livros, música, filmes, discussões, Magic: The Gathering e, claro, jogos eletrônicos.
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