Entrevista

CCXP 2019: conversamos com Wendel Bezerra, um dos maiores dubladores do Brasil

Em um rápido bate-papo, ele nos contou um pouco sobre como funciona a seleção de vozes para os campeões de League of Legends e deu sua opinião sobre a falta de dublagem em jogos da série Dragon Ball.

Como já destacamos em nosso site anteriormente, a Riot Games marcou presença na CCXP 2019 com um belo estande repleto de atrações. Entre elas estavam sessões de Meet and Greet com alguns dos dubladores do jogo. Um deles era nada mais, nada menos, que Wendel Bezerra, dono da voz de um vasto elenco de personagens em diversas mídias, como os sempre citados Goku e Bob Esponja, além de Markus, de Detroit: Become Human (PC/PS4) e Lee Sin, um dos campeões de League of Legends (PC). 

Além disso, a Unidub, estúdio fundado por ele, cuidou da dublagem e localização de diversos títulos, como Injustice 2 (Multi), Mortal Kombat 11 (Multi) e os dois citados anteriormente. Em meio à correria do evento, Wendel parou uns minutinhos e conversou rapidinho com o GameBlast. Confiram como foi.

GameBlast: Além de fazer a voz Lee Sin, a Unidub cuida da dublagem de League of Legends, que possui mais de 140 campeões (até o momento 146). Como que é lidar com a seleção de um elenco tão grande?

Wendel Bezerra: Cara, é bem difícil… é bem trabalhoso porque tem uma diversidade de vozes. Você não pode ficar repetindo essas vozes. Então temos que achar vozes que dão match com a original. Então fazemos uma seleção de vozes, a Riot ouve e com algumas delas fazemos testes até chegar na voz que a Riot entende que é a ideal. Então é um trabalho difícil de fazer porque ele é feito com muito critério, mas é um prazer fazer parte de um projeto tão bacana. É motivo de orgulho.

GB: Vocês têm liberdade de fazer adaptações de expressões estrangeiras para a nossa linguagem?

Wendel: Sim. A Riot é responsável pela tradução. São eles que já deixam o texto arrumado, mas ali no estúdio gravando às vezes você tem uma ideia, ou de repente acha que tal palavra vai funcionar melhor. A gente sempre conversa com eles e eles sempre acompanham as gravações sempre. Existe realmente um cuidado muito grande, então às vezes rola ali um brainstorming rapidinho sobre tal frase ou palavra, para não fugir do personagem também.

GB: Agora fugindo um pouco de League of Legends e indo de encontro ao sempre querido Goku, está chegando mais um jogo de Dragon Ball, assim como já tiveram outros tantos. Agora que você tem mais experiência com a dublagem de jogos, você sente uma certa resistência das empresas japonesas em confiar no nosso trabalho? Porque além de Dragon Ball, outras duas séries com muitos fãs no Brasil, Cavaleiros do Zodíaco e Naruto, ganharam jogos com grande parte do seu elenco no nosso idioma. Inclusive você participou das outras duas, em Cavaleiros do Zodíaco com dois personagens. Já Dragon Ball nunca teve uma localização sequer em português.…

Wendel: Sim, a impressão que eu tenho, e me perdoem se eu estiver sendo injusto e julgando sem saber é de que como vende do mesmo jeito, o público acaba comprando, eles preferem não investir. Se você for dublar, é um custo. Eles precisam gastar. Uma coisa é você legendar no game, outra é gravar com 40 atores mais direção e horas de estúdio. Se fosse algo que não vendesse, talvez eles investissem para vender mais. É business, negócios, então eu acho que passa por aí.

Nota do Redator: Wendel Bezerra fez as vozes de Kidomaru em Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 e da dupla Fenrir de Alioth e Baian de Cavalo Marinho em Cavaleiros do Zodíaco: Alma do Soldado. Ambos os jogos foram distribuídos pela Bandai Namco, também responsável pelos títulos de Dragon Ball e desenvolvidos por CyberConnect 2 (Dragon Ball Z: Kakarot) e Dimps (Dragon Ball Xenoverse 1 e 2) respectivamente.

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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