Minecraft (Multi): dez anos do jogo de blocos que se tornou um clássico (Parte 1)

Dos computadores aos consoles, acompanhe conosco as origens de Minecraft.


É incrível como alguns jogos e franquias nos são apresentados, explorados em seu máximo e por fim, esquecidos. Mesmo aqueles que foram um enorme sucesso em seu lançamento.


Recentemente nós apresentamos uma lista com dez jogos lançados para o PlayStation 3 e outros dez jogos presentes no PlayStation Vita que se encaixam perfeitamente nessa categoria. Minecraft (Multi), por outro lado, corresponde àqueles jogos que vieram, foram explorados e definitivamente cravaram uma estaca nos corações de milhões de jogadores mundo afora.

Nesse mesmo dia em que a primeira parte (a segunda parte já está no ar!) dessa matéria é publicada, Minecraft completa nada mais nada menos do que dez anos de existência, ocupando espaços nos computadores, consoles (de mesa e portáteis), dispositivos mobile e até mesmo televisores.

Na semana passada, analisamos sua última atualização, Village and Pillage e demos uma palhinha do por que o jogo se mantém entre alguns dos melhores produtos já lançados para o entretenimento eletrônico.

Tendo esse aspecto como ponto de partida, retomemos a história do segundo jogo mais vendido do mundo (marca alcançada em 2017 e que se mantém no pódio logo atrás de Tetris), desde sua origem com a versão Classic, passando por Alpha, Beta e algumas das mais importantes versões e atualizações que se seguiram.

O criador

A origem de Minecraft surge do trabalho do sueco Markus Alexej Persson (mais conhecido como “Noch”), desenvolvendo seu primeiro jogo com apenas oito anos. Entre os anos de 2004 e 2009, trabalhou como programador para a King, responsável por jogos sociais como Candy Crush Saga. Após deixar a empresa, foi um dos programadores responsáveis pelo serviço de compartilhamento de imagens Jalbum, bem como um dos criadores do Wurm Online, da Code Club AB.
Noch (em destaque na fotografia)
Em 2009, com o sucesso de vendas da versão Alpha, Markus Persson funda a desenvolvedora indie Mojang, que logo anunciaria a versão Beta de Minecraft. Após cinco anos, foi adquirida pela Microsoft numa transação no valor de US$ 2,5 bilhões. No momento, Noch desenvolve outros jogos para a Mojang, tais como 0x10 c, Caller Bane e outros.

Atualmente ele não está envolvido em projetos relacionados a Minecraft e, a partir da atualização 1.14, muitas das diversas menções a “Noch” na tela principal do jogo foram retirados. Segundo a Microsoft, tal decisão se deu em razão de publicações polêmicas do desenvolvedor em sua conta no Twitter, a despeito de seu nome ainda constar nos créditos.

A criatura

Minecraft é um jogo de mundo aberto em 1ª pessoa desenvolvido na linguagem Java. O personagem que controlamos se chama “O Jogador”, que é representado tanto pela skin “Steve” quanto pela skin “Alex” (à escolha do usuário). Como o próprio nome indica, o protagonista é o jogador e as “peles” servem tão somente como uma personificação do mesmo dentro do jogo, cujas diferenças são meramente estéticas.

O jogo tem uma proposta que foge à maioria dos jogos que conhecemos: “faça o que bem entender”. E isso não significa liberdade de ações aos moldes de Grand Theft Auto, condicionadas a prerrequisitos ou mesmo ao enredo.
Uma imagem típica no início do modo Sobrevivência.


O jogador tem total e plena liberdade em jogá-lo da forma que lhe seja mais divertida. Gostaria de fazer construções enormes, detalhadas, gigantescas? Vá em frente! Prefere se aventurar mundo afora, descobrindo segredos e enfrentando inimigos? O limite são os 30 milhões de blocos à sua frente (na versão em Java, lançada para PC, o que gera praticamente um mundo infinito). Sua preferência está em construir e decorar sua moraria, alimentar e reproduzir animais, pescar ao final da tarde? Há diversas possibilidades para isso. Ou sua inspiração está na possibilidade em criar máquinas malucas que facilitam sua vida em jogo? Sim, há um sistema “elétrico-mecânico” aqui, divirta-se!

Atualmente, Minecraft contém quatro modos de jogo:
  • Criativo: voltado exclusivamente aos construtores de plantão, com disponibilidade imediata de todos os blocos do jogo no menu, além do modo “vôo”, que dá total liberdade de direcionamento ao jogador, sem dano oriundo de quedas;
  • Sobrevivência: o modo mais comum utilizado pelos jogadores, que consiste (como o próprio nome indica) a sobreviver em um novo ambiente, extraindo recursos e se aprimorando contra os perigos existentes no jogo;
  • Aventura: equiparado ao Sobrevivência mas com limitações quanto à extração de determinados blocos, como madeira e pedra, que só droparão itens com o uso das ferramentas adequadas, como o machado e a picareta respectivamente;
  • Hardcore: possui os mesmos elementos de Sobrevivência, contudo, há uma única “vida”. Em caso de morte, o progresso e o mundo então existentes serão apagados.
Com o sucesso nos computadores pessoais (disponível para Microsoft Windows, Linux e macOS), não tardaria para que adaptações para video games surgissem a fim de acompanhar a onda.

Os gráficos seguem a tendência dos jogos indie, que optam pela remição aos jogos em 8 bits, sendo essa boa parte do charme de Minecraft. Isso torna o jogo minimalista, concentrado na diversão e o mais importante: acessível a jogadores que possuem máquinas menos robustas.

Os controles respondem muito bem ao teclado e mouse das versões para computadores. As edições para consoles e dispositivos móveis, por sua vez, sofreram uma série de adaptações para um uso efetivo dos joysticks e das telas de toque dos telefones celulares e consoles como Wii U, PS Vita, New 3DS e Switch. Felizmente, todas foram suficientemente eficazes a fim de que a experiência das partidas não sofresse com controles desajeitados ou ineficazes, causando prejuízo ao jogador e consequente desinteresse em tais versões.
Menus de criação facilitados nas edições para consoles.


A trilha sonora simpática, toda sob a autoria do compositor Daniel Rosenfeld (mais conhecido como C418), que é também responsável pela sonoplastia do jogo contribui para a imersão da experiência. Ela não é constante (senão quando na tela do launcher ou do menu principal), havendo pausas enormes entre uma e outra, geralmente vinculadas a determinadas horas do dia. Outras 13  canções (não executadas durante a jogatina) são disponibilizadas em discos (vinis, guardados em baús encontrados em minas, mob spawnners ou como loot de monstros) e podem ser ouvidas em caixas de música criadas pelo jogador.

Outro aspecto que favoreceu o interesse de Minecraft nas edições para consoles e dispositivos móveis (considerando a impossibilidade de utilização de mods) foram os pacotes de texturas e skins (alguns obtidos gratuitamente nas próprias lojas virtuais dos respectivos consoles). Muitos destes remetem a franquias famosas como Super Mario (exclusivos aos consoles fabricados pela Nintendo), Fallout e mesmo jogos além consoles, como o pacote de skins para PS Vita do jogo de cartas colecionáveis Magic: The Gathering.
Skins e texturas exclusivas compensam a ausência de mods nas edições para consoles.



A Java Edition, por sua vez, diante da total liberdade de incremento no conteúdo do jogo original, permite a utilização de skins personalizadas pelo próprio jogador, seja criando a sua própria em programas específicos (não desenvolvidos pela Mojang), seja transferindo arquivos de peles criadas por outros jogadores, facilmente encontradas em sites na Internet afora.

A edição para computadores também possuem a possibilidade de instalar mods, alterando substancialmente a experiência do jogador. Tais alterações variam desde a inserção de texturas realistas e em 3D para o cenário, como novos itens, inimigos, animais e estruturas, sendo agradável tanto para o usuário convencional quanto para criadores de conteúdo.

A primeira versão destinada ao público (que recebeu o nome de Classic) foi lançada em 23 de dezembro de 2009 para computadores pessoais. Consistia basicamente na criação de estruturas ao bel prazer do jogador e isso por si só já chamou a atenção de milhares de entusiastas que gostariam de um jogo que, mesmo sem um objetivo pré-definido, permitisse explorar livremente sua criatividade (essa versão, inclusive, foi disponibilizada gratuitamente para uso em qualquer navegador de Internet desde o dia 8 deste mês, com capacidade de partidas multiplayer para até nove jogadores, em comemoração ao seu décimo ano de aniversário).
A versão Classic no browser. Gráficos e texturas bastantes simples, mas o trabalho de C418 está presente.




Com o intuito de expandir horizontes, em 2010 foi lançada a versão Alpha, que tinha como foco o modo de jogo que hoje conhecemos por “Sobrevivência”, que incluiu a primeira versão do Nether, funcionalidades com redstone, novos biomas e itens, além do modo multiplayer.

A versão Beta, lançada no mesmo ano em dezembro, foi a quinta atualização antes de Minecraft 1.0. Essa versão incluiu uma mecânica de conquistas, novos itens e blocos que interagiam diretamente com redstone, dentre outras melhorias, atualização gráfica e correções de bugs. Foi nessa mesma versão que o Adventure Update teve início, o qual se concentrava nos combates, na aventura mundo afora, além da inserção da barra de fome, dentre outros elementos que se tornaram tão comuns atualmente.

Lançada em 2011, A versão 1.0, por sua vez, trouxe a segunda parte do Adventure Update, que apresentou The End, mecânicas de encantamento, fermentação, reprodução de animais e o modo Hardcore, além das tradicionais melhorias de jogabilidade, inserção de novos biomas, blocos e correção de bugs, sendo basicamente essa a versão base para todas as atualizações recebidas até então.
Versão 1.0, com gráficos e texturas mais suaves e agradáveis.


Reconheço que Minecraft foi um jogo que passou despercebido por mim durante anos porque, embora não fosse um hater, simplesmente não me atentava àquilo que o jogo promovia. Meu primeiro interesse surgiu na atualização 1.8, quando adquiri um livreto dedicado à ela, com dicas para iniciantes, encantamentos, guia de monstros e as principais novidades.

Mas foi somente com a atualização seguinte que me rendi, adquirindo as edições Java, PS Vita e PS3 (e atualmente, também a edição para PS4). Habituado a jogos de ação, aventura e corrida, cada qual com seus próprios objetivos, Minecraft foi (e é) uma experiência interessante, charmosa e divertida. Me adaptei até mesmo à utilização de skins, sendo a minha atualmente Copy X (Mega Man Zero), enquanto minha esposa utiliza a pele de um dos Minions (do longa Meu Malvado Favorito) e um amigo que participa de jogatinas comigo utiliza Desmond (Assassin’s Creed).

Ainda não acabou!

Na próxima semana, continuaremos essa série de artigos com informações sobre as diferentes edições de Minecraft, as diferenças entre computadores e consoles, as atualizações mais interessantes, como o jogo se expandiu para além do clássico e as ações humanitárias promovidas pela Mojang e Microsoft com a utilização de Minecraft.

Enquanto isso, compartilhe conosco suas opiniões! Para aqueles que conhecem Minecraft, quando foi sua primeira experiência com o jogo e o que mais gosta nele? Para aqueles que ainda não o jogaram, nos diga o por que. Até a próxima semana!

Revisão: Raphael Barbosa.

Mineiro, apaixonado por livros, música, filmes, discussões, Magic: The Gathering e, claro, jogos eletrônicos.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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