Blast from the Past

Um Mario Party com uma pitada de RPG e diversão a gosto: Relembre Dokapon Kingdom (PS2/Wii)

em 05/01/2014

Se você gosta de jogos do gênero Party, isto é, que geralmente envolvem disputas entre amigos envolvendo minigames e situações... (por Anônimo em 05/01/2014, via GameBlast)

Se você gosta de jogos do gênero Party, isto é, que geralmente envolvem disputas entre amigos envolvendo minigames e situações com ou sem tabuleiros, provavelmente já está bastante acostumado com títulos como Mario Party, Fuzion Frenzy, Wii Party, Rayman Raving Rabbits e outras coleções. Afinal, o que constitui um jogo desse gênero são os próprios minigames, certo? É melhor pensar duas vezes, porque Dokapon Kingdom redefiniu esse conceito quando foi lançado em 2008 para PlayStation 2 e Wii ao misturar elementos de jogabilidade de RPG em uma partida típica do gênero Party, com tabuleiros, itens e outros elementos tradicionais dessa categoria. Confira o jogo que consegue destruir amizades ainda mais do que Mario Party!

Na riqueza e na… pobreza?

O Reino Dokapon é um lugar bastante rico e governado por um rei igualmente ganancioso e sua filha, a princesa Penny. Os problemas começam quando um dia, de repente, o reino começa a ser atacado por criaturas malignas que estão aterrorizando os habitantes do reino e — talvez o pior de tudo — roubando todo o precioso imposto da realeza no processo! Só restaria uma coisa a se fazer: convidar todos os aventureiros do reino a combaterem esse mal e em troca terão a mão da princesa Penny para um casamento que os tornará o próximo rei de Dokapon!

Não resta mais nada a fazer do que convocar todos os heróis do mundo!
Você e seus amigos tomam o lugar desses aventureiros que buscam por riquezas e glória, viajando pelo reino em formato de tabuleiro e reconquistando vilas dominadas por monstros (o que seria quase o equivalente a comprar uma propriedade em um jogo de Banco Imobiliário) através de batalhas e outras mecânicas típicas do gênero de RPG.

Jo Ken Pô!

Em Dokapon Kingdom, a meta principal é conseguir a maior quantidade de dinheiro, o que irá te ajudar a superar os outros adversários e inimigos mais facilmente no caminho para alcançar o objetivo do tabuleiro, que varia dependendo do modo em que se está jogando. A forma mais direta de conseguir isso é salvando vilas aterrorizadas, o que te recompensará com impostos arrecadados daquela vila. E o meio de se realizar isso é batalhando com esses monstros em combates por turnos.

A visão de tabuleiro, com uma casa de vila aterrorizada logo a direita
Isso mesmo: Ao invés de depender de minigames aleatórios, Dokapon Kingdom decide o sucesso dos jogadores na base da experiência do seu próprio personagem. Cair em uma casa vazia inicia uma luta aleatória com um monstro do mapa, o que te concede mais dinheiro (que pode ser usado em lojas, como em qualquer outro RPG) e experiência, que tornará seu personagem mais forte. Uma vez que ele esteja forte o suficiente, você pode arriscar uma luta contra um monstro-chefe para conquistar uma cidade e, assim, ter mais uma fonte de renda. Cair em um espaço vazio compartilhado por outro jogador inicia uma luta obrigatória entre ambos os jogadores!

Para tornar as coisas mais interessantes e ajudar nas viradas surpreendentes, o combate em Dokapon Kingdom é baseado em um sistema de pedra-papel-tesoura. Depois de decidido na sorte quem começará atacando e quem deverá se defender, quatro opções são disponibilizadas: Ataque, Ataque Mágico, Investida e uma habilidade especial (que varia de acordo com a sua classe criada no começo do jogo). Em compensação, o defensor deve escolher entre Defesa, Defesa Mágica, Contra-ataque ou desistir da luta. Com excessão da habilidade especial e de desistir, as outras habilidades são equivalentes entre si e exigem que você preveja o que o oponente irá fazer para responder de acordo.
Depois da vez do atacante, o defensor tem a chance de virar a mesa e ser o atacante e, após isso, se nenhum dos lados for derrotado, a batalha continua apenas no próximo turno (de tabuleiro) de um dos jogadores envolvidos na luta, o que garante que os outros jogadores não precisem ficar esperando para jogar.

A mecânica de pedra-papel-tesoura torna o jogo mais acessível e evita a complexidade desnecessária
Ser derrotado em combate nesse jogo é uma punição muito mais severa do que nos outros jogos. Em Dokapon Kingdom, além do vencedor (seja ele um jogador ou monstro do jogo) poder decidir roubar uma propriedade, dinheiro bruto, itens, equipamentos ou até mesmo sacanear o amigo mudando o nome ou a aparência de seu personagem, você também é obrigado a perder três turnos para reviver novamente no Castelo Dokapon e retomar sua jornada. Pode parecer injusto para o perdedor, mas, com as chances de que todos tem de se intrometer em lutas contra monstros-chefe (ou até lutas entre jogadores!) para atrapalhar os amigos, as reviravoltas são sempre inesperadas e ao alcance de todos.

Conquistar uma vila sempre envolve combater um monstro-chefe difícil e perigoso. Os outros jogadores podem tanto atrapalhar como ajudar na luta, mas quem quer que dê o último golpe receberá a recompensa sozinho!

Agradando gregos e troianos

Contando com as três classes iniciais (Warrior, Magician e Thief), Dokapon Kingdom oferece o total de doze classes desbloqueáveis que podem ser acessadas conforme a progressão do seu personagem e trocadas no Castelo Dokapon. Confira as habilidades, armas de preferência e como obter cada uma:

  • O Warrior é uma das três classes iniciais que podem ser escolhidas antes do começo do jogo. Sua proeza é a chance de receber um bônus aleatório no atributo de Ataque no começo de uma luta. Warriors tem mais sucesso em combate ao usar espadas.
  • Magicians são heróis fisicamente frágeis mas poderosos nas artes arcanas que também pode ser escolhidos no começo do jogo. Eles tem a habilidade de usar duas magias de campo antes de seu turno acabar, onde outras classes normalmente poderiam usar só uma. Eles funcionam melhor com varinhas e cajados.
  • Thief é a terceira classe inicial do jogo, que preza velocidade e destreza sobre resistência física ou força mágica. Ele pode roubar um item ou magia de campo aleatória de um jogador quando passa pela casa dele no tabuleiro. Thiefs lutam melhor com uma adaga em mãos.
  • A classe Cleric está disponível assim que o jogador aperfeiçoar qualquer uma das três classes iniciais. Clerics se curam em alguns pontos aleatórios de HP no início de seu turno, e tem por preferência o uso de lanças.
  • Um Acrobat é capaz de se fingir de morto durante uma luta para escapar de situações perigosas que custariam sua vida. Eles tem por aptidão o uso de bestas, e podem ser desbloqueados adquirindo um Show Ticket no cassino em Casino Cave.
  • Spellsword é uma das três classes secundárias do jogo, que exige que você aperfeiçoe a classe Warrior e Magician antes de acessá-la. Essa classe pode ativar um escudo anti-magias de campo em momentos aleatórios, se protegendo de ofensivas inimigas. Espadas são a escolha de preferência para essa classe.
  • Ninja é outra classe secundária que só pode ser acessada ao aperfeiçoar Warrior e Thief. Eles são capazes de usar dois itens de campo antes do fim do seu turno, onde outras classes geralmente só poderiam usar um. Em combate, Ninjas preferem espadas.
  • Alchemist é a terceira classe secundária do jogo que envolve aperfeiçoar as classes Magician e Thief. De tempos em tempos, o Alchemist duplica um item ou magia de campo aleatório que estiver guardando consigo. O combate se torna mais fácil usando cajados e varinhas com essa classe.
  • A classe Monk pode ser desbloqueada depois de aperfeiçoar a classe Cleric. Monks tem o poder de ocasionalmente aumentar em 50% todos os seus atributos, durante situações de risco em uma batalha. Eles preferem usar os punhos para lutar.
  • Uma das classes finais, o Robo Knight é acessível para aqueles que conseguirem aperfeiçoar as classes Alchemist e Monk, além de obter o item Lost Technology em Underwater Shrine. No começo de seus turnos, eles podem ocasionalmente ter o poder de escolher qualquer casa para cair dentro do alcance de seis casas. Eles não tem armas de preferência.
  • Hero é a outra classe final, e uma das mais difíceis de se desbloquear por exigir aperfeiçoamento em Spellsword, Ninja e Acrobat, além de obter o item Hero License em Castle in the Clouds. Além de terem a vantagem de evoluir todos os cinco atributos durante um Level Up, Heroes podem usar uma magia de campo e um item antes do seu turno terminar. Eles não tem armas de preferência.
  • De longe a classe mais poderosa do jogo, a Darkling é uma classe especial acessível apenas aos azarados que ficarem por muito tempo em último lugar. Quando isso ocorrer, um morcego sobre a cabeça do seu personagem indica a possibilidade de virar o jogo ao se transformar em um Darkling caindo na casa de Dark Space. Todo início de turno, um Darkling gira uma roleta que lança efeitos catastróficos sobre os outros jogadores, mas todo esse poder dura apenas duas semanas (14 turnos). Após isso, o jogador voltará à sua antiga classe.

Um por todos, todos por ninguém!

Uma das maiores diversões de Dokapon Kingdom é desbravar seu Story Mode. Diferente de outros modos mais expressos, como o Normal Mode onde se define um limite de semanas (turnos) ou o Battle Royal que te coloca em uma corrida para dominar cidades, derrotar monstros ou comprar itens específicos, o Story Mode pode se entender por sessões inacreditavelmente longas para um jogo desse tipo, chegando até mesmo a demorar tanto quanto um RPG tradicional, com a diferença que você tem os seus amigos para ajudar (ou atrapalhar!)

Eventos aleatórios prometem manter as coisas interessantes e ajudar nas reviravoltas
Dokapon Kingdom se limita apenas a conter um imenso e gigantesco tabuleiro e, no modo história, o jogo é dividido entre capítulos que terminam assim que um continente desse tabuleiro é totalmente expurgado de monstros e todas suas cidades já são propriedades dos jogadores. Todo final de capítulo conta como um “checkpoint” no progresso da história, mas a aventura continua com os mesmos níveis sem parar, o que torna o jogo muito mais longo do que uma partida convencional de Mario Party (ou talvez até mesmo um jogo completo em todos os tabuleiros). Para isso, existe o compromisso da parte de cada jogador de terminar um jogo que, mesmo podendo ser salvo a qualquer momento ou ter jogadores substituídos pela CPU, é muito mais divertido em cooperação com outros amigos, o que não acontece em outros jogos de Party.

Decisões variadas te esperam pelo jogo, como, por exemplo, testar a sorte assaltando uma loja correndo o risco de ter uma recompensa pela sua cabeça (o que certamente interessará outros jogadores!)
De uma forma similar à aventura cooperativa de The Legend of Zelda: Four Swords, uma vez que os capítulos finais se aproximam e um poderoso vilão em comum é revelado, a atenção de todos os jogadores muda da competição mesquinha por dinheiro para o objetivo comum de derrotar o maligno oponente e finalizar o jogo, num sutil equilíbrio entre Party Game e jogo de RPG cooperativo onde literalmente não há perdedores e, depois de tantas horas de evolução e combate, a sensação de trabalho em equipe é imensamente satisfatória.
Uma experiência única e ainda insuperada, Dokapon Kingdom une o melhor de dois mundos ao trazer uma aventura em RPG multiplayer com mecânicas de tabuleiro de um típico jogo do gênero Party. A progressão do jogo vai se moldando e exige que cada jogador forme alianças ou crie rivalidades contra outros jogadores para seu próprio sucesso num nível muito maior do que aquele visto em Party Games tradicionais. Chame seus amigos, prepare-se para um aventura imensamente longa e não espere por nada nesse jogo cheio de surpresas e reviravoltas!

Revisão: Ramon Oliveira de Souza
Capa: Diego Migueis

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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