Entrevista

BGS 2017: Mario + Rabbids, Assassin's Creed e mais — entrevista com diretor da Ubisoft América Latina

Bertrand Chaverot falou sobre a relação com a Nintendo, próximos lançamentos e das lições do passado.



Durante a edição deste ano da Brasil Game Show, tivemos a oportunidade de bater um papo com Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina. O executivo nos contou quais os planos do estúdio para os próximos meses, falou sobre as expectativas em cima dos novos Assassin's Creed e South Park e também detalhou como foi trabalhar com a franquia de maior expressão da Nintendo. Confira logo abaixo:


GameBlast — Mario + Rabbids Kingdom Battle foi lançado há pouco tempo e já parece ser um sucesso. Como está o desempenho do jogo no mercado?

Bertrand Chaverot — Quando o game chegou à América Latina, as vendas somente do primeiro mês superaram o dobro do que esperávamos atingir no ano inteiro.

GameBlast — Com esse desempenho bastante favorável, a Ubisoft pretende apostar cada vez mais no Switch?

Chaverot — A Ubisoft sempre manteve ótima relação com a Nintendo, uma grande intimidade. Vamos continuar a investir em outros games e criações originais para o Switch. Recentemente, além do Mario + Rabidds, também lançamos Rayman Legends para o console híbrido e o próximo a chegar na plataforma será Just Dance, em uma versão bastante caprichada. Além disso, temos vários outros projetos, mas não posso revelar agora.

GameBlast — Isso é bom! Então o Switch está sendo lembrado.

Chaverot — Com certeza está no radar da Ubisoft!



GameBlast — Como foi para o estúdio ter conseguido o aval da Nintendo para trabalhar com o personagem mais icônicos deles?

Chaverot — Na verdade, esse é o resultado de muitos anos de trabalho conjunto. A Ubisoft tem, há bastante tempo, boas relações com toda a diretoria da Nintendo. Existe um grande relacionamento e a maior prova disto é que eles nos confiaram seu personagem mais querido e valioso. Assim, fizemos questão de retribuir com um game extremamente caprichado.

GameBlast — Na época do Wii U, muitos estúdios acabaram abandonando a Nintendo. Mas, a Ubisoft se manteve fiel, lançado Watch Dogs, Assassin's Creed, Just Dance...

Chaverot — Acredito que, por isso, a Nintendo tem essa gratidão pela Ubisoft. Nós sempre os acompanhamos, tanto nos anos bons, quanto naqueles em que as coisas não caminhavam bem. É uma história de muito tempo.



GameBlast — Quais as expectativas da Ubisoft para o próximo ano?

Chaverot — Continuaremos a investir bastante em jogos de mundo aberto, mantendo as superproduções de grandes games. Seguiremos a linha do que já fizemos com Watch Dogs 2, The Division, Far Cry Primal, entre outros. Estamos criando expertise nessa área e o objetivo é continuar desenvolvendo mundos bastante interessantes. Seja viajando para São Francisco, indo para a pré-história ou estando no Egito antigo, a proposta é sempre entregar conteúdos muito profundos.

GameBlast — O que nós podemos esperar dos próximos lançamentos?

Chaverot — Em outubro chega Assassin's Creed Origins, com uma verdadeira enciclopédia da religião, arquitetura e cultura do Egito antigo. Depois, vem o novo Just Dance, com a versão Unlimited incluída gratuitamente durante os três primeiros meses — com isso, serão mais de 300 músicas e coreografias. Também temos South Park: A Fenda que Abunda Força (o melhor título para um videogame) [risos].

GameBlast — Parece que houve bastante carinho com a versão brasileira de A Fenda que Abunda Força.

Chaverot — Neste jogo, a Ubisoft caprichou, trazendo as vozes originais da versão dublada do desenho animado, o que não aconteceu no game anterior. Outra novidade é que daremos de graça o The Stick of Truth para os primeiros compradores do A Fenda que Abunda Força.

GameBlast — Houve dificuldades em trazer as vozes do desenho?

Chaverot — Não foi complicado uma vez que conseguimos convencer o time oficial para fazer as vozes.

GameBlast — Qual a expectativa para A Fenda que Abunda Força?

Chaverot — Apostamos muito nesse jogo. Obviamente, não é recomendado para menores de 18 anos. É um game bastante pesado por conter referências sexuais, religiosas e de raça. Por exemplo, ao escolher personagem negro, o jogo se torna mais difícil.



GameBlast — A Ubisoft tem interesse em incentivar que sua equipe também desenvolva projetos menores?

Chaverot — Sim, temos todo o interesse. Temos muitos talentos na equipe e ideias fantásticas podem surgir, além de funcionar também como incentivo. Por exemplo, Assassin's Creed Origins é um projeto de quatro anos, que começou a ser elaborado dois anos antes do lançamento do Syndicate. Então, pessoas que se dedicam quatro anos ao mesmo projeto, que envolveu 800 profissionais, podem receber em contrapartida um incentivo para desenvolverem seus trabalhos menores.

GameBlast — Quais lições a Ubisoft tirou de seus erros no passado, tanto na parte executiva quanto na questão técnica de desenvolvimento dos jogos?

Chaverot — Os principais problemas que tivemos recentemente estão vinculados aos games multijogadores. Com o sucesso no lançamento, não estávamos preparados para atender à todos, como foi o caso do Rainbow Six e For Honor. Os servidores não foram pensados inicialmente para comportar tantas pessoas, mas acabaram sendo situações pontuais que foram corrigidas. Esse acaba sendo o resultado de termos lançado tantos jogos bons. Agora, nosso compromisso com a comunidade é lançar menos jogos, utilizando melhor o tempo para caprichar no trabalho e também para responder rapidamente quando ocorrerem problemas. Jogos bons tem duração de vida mais longa, por isso, temos que ter atenção para oferecermos conteúdos legais e bem feitos...

GameBlast — Ainda mais atualmente, quando os jogos são caros.

Chaverot — Sim, levando em consideração o poder aquisitivo no Brasil, os jogos são bem caros. O que tentamos fazer com frequência na Ubisoft são promoções regulares, tanto nas lojas físicas quanto nas digitais. Essa é uma boa maneira para os jovens não queimarem toda a mesada com um único jogo.
E você, caro leitor, tem gostado do trabalho da Ubisoft recentemente? Qual futuro lançamento do estúdio está te deixando mais ansioso? Não deixe de colocar suas opiniões nos comentários.

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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