Análise: Amazing Alex (iOS/Android)

Reações em cadeia. Essa é provavelmente uma das primeiras matérias avançadas que aprendemos como crianças mesmo sem saber. Ao assistir... (por Fellipe Camarossi em 13/01/2013, via GameBlast)

Reações em cadeia. Essa é provavelmente uma das primeiras matérias avançadas que aprendemos como crianças mesmo sem saber. Ao assistir uma fileira de dominós sendo derrubada apenas pela primeira peça a cair, nós já ficamos fascinados pela forma que um único objeto pode mudar o fluxo de tudo, e logo tentamos fazer isso com outras coisas. Esta Análise fala de um jogo que relembra essas brincadeiras de infância enquanto assumimos o personagem Alex em Amazing Alex, um game que vai te fazer relembrar o poder da imaginação de uma criança.

Apenas uma criança entediada

Qual o problema com Angry Birds?

Como todas as obras da Rovio (responsável por Angry Birds e Bad Piggies), o jogo não possui a história mais bem trabalhada e desenvolvida, mas sobra carisma da parte dos personagens – ou, no caso, do personagem. Alex é um garoto que está simplesmente entediado e resolve brincar com os muitos objetos aleatórios que estão pela sua casa, indo do quarto ao jardim, para a garagem e por aí vai.

A imersão fica por conta desta característica única de que todo e qualquer objeto utilizado por Alex em sua aventura imaginária são coisas que podem ser encontradas na maioria das casas, senão todas. Cestas, bolas, balões, tesouras, barbantes, prateleiras, máquinas-que-disparam-socos-com-uma-luva-de-boxe... Tá, esse último nem tanto. Mas a maioria é facilmente encontrada na loja de um e noventa e nove mais próxima.

Realmente incrível Alex

Agora que já falamos um pouco da história (que história?), vamos para a jogabilidade que é sempre o atrativo em jogos móbile. O jogo é um tanto quanto simples: a tela demonstra um objetivo – que pode variar entre jogar uma bola em uma cesta ou estourar um balão – e te dá um número limitado de objetos para concluir este objetivo. A princípio o jogo te mostra exatamente o que fazer, deixa contornado onde colocar uma certa prateleira, a inclinação que a tesoura deve ficar, onde deve soltar a bola, etc. Porém, mais a frente é que o desafio realmente começa.

Okay, o que raios eu faço aqui?

Como exemplo, irei usar a escola. Eu sei, é um exemplo complicado quando se falando de um jogo, mas logo vão entender. O professor ensina os alunos a fazerem soma, e demonstra exemplos. Em seguida, a subtração, e mais uma vez temos exemplos. A história se repete com a multiplicação e a divisão. Depois de explicar tudo, é colocado na lousa um cálculo que envolve o uso da soma, subtração, multiplicação e divisão simultaneamente, e o professor apenas sorri e diz “façam tudo que eu ensinei até aqui”.

Essa é a exata sensação passada por Amazing Alex após os níveis introdutórios. É explicado o funcionamento de cada objeto, a maneira que podemos mudar suas posições, tudo mais. Após um tempo, o jogo simplesmente para com as dicas e te dá um arsenal de itens para concluir o objetivo. É quase como se te botasse numa sala bagunçada e falasse “organiza aí da melhor maneira, se vira aí”. Todos os itens passados até então são jogados de uma vez só e você deve saber como lidar com cada um deles para terminar o desafio. Soma, subtração, multiplicação e divisão ao mesmo tempo.

MAS, MAS... HÃ?!

Ao mesmo tempo em que esse é um excelente modo de jogar, a dificuldade às vezes pode beirar a insanidade. Novamente usando o exemplo da escola, imagine que depois da conta usando as quatro operações, o professor já introduza incógnitas e raiz quadrada. É, é esse nível de dificuldade. O jogador fica totalmente perdido e leva ao menos meia hora olhando para a tela sem mover nada para enfim chegar a conclusão de que não sabe resolver. Você esperava outro final nesse parágrafo, não é?

Mas essa dificuldade não é bem um motivo para não jogar. Se você quer um desafio, este jogo decerto vai te dar, com os puzzles do jeito que a Rovio faz melhor, simples e direta.

Realismo perfeccionista

Agora vamos falar um pouco da arte e da mecânica do jogo. Os desenhos simples ficam belíssimos na tela de um tablet, embora não sejam os melhores dos jogos mobile, ainda assim são ótimos “na medida certa”. O traço cartunesco faz um excelente contraste com os efeitos sonoros de cada objeto que é possível interagir.

A qualidade do som é um caso a parte; embora a trilha sonora não seja tão evidenciada (apesar de ser ótima), o destaque vai para os sons do jogo. O balão estourando, a bola batendo na madeira, a pancada da luva de boxe nos livros e a queda de cada um deles na cesta de plástico. Todos efeitos são perfeitamente sincronizados e gravados, dando um realismo incrível para o jogo. Como tudo isso poderia ficar melhor ainda? A resposta é: perfeccionismo.

Repararam na menção à Angry Birds aqui embaixo?

Por mais que a vista o game pareça extremamente simples, Amazing Alex possui uma mecânica que beira o impecável. Um único milímetro que você mude pode alterar toda a trajetória de um movimento, realçando o efeito de reação em cadeia.

Aí você para pra pensar: se cada milímetro vai causar uma mudança, então como vou acertar a combinação que completa o puzzle, considerando que há milhões de possibilidades? O que resolve este impasse é que não existe apenas uma combinação. É preciso deixar a imaginação fluir, pois existem dezenas de maneiras de concluir uma mesma fase, dependendo apenas do que o jogador vai pensar. Se todos somos diferentes, essa é a melhor maneira de demonstrar isso!

E no final, arrume a casa!

Amazing Alex é possivelmente um dos melhores e mais complexos jogos disponíveis no mercado mobile, seja para Android, seja para iOS. Ele foi o marcador que permitiu a Rovio que sabe fazer mais do que apenas jogos da franquia Angry Birds e o fez com maestria, nos apresentando um game que explora sua criatividade e imaginação ao limite. O mais incrível é que sua única falha é ser complexo demais. E aí sabichões, estão prontos pro desafio?

Porque o céu é o limite quando se tem imaginação.

Requisitos:

iOS 4.3 ou posterior: tanto a versão normal quanto a versão HD (exclusiva para iPad);
Android 2.2 ou superior: tanto a versão normal quanto a versão HD (exclusiva para tablets com Android).