A segunda temporada de Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft foi lançada em 11 de dezembro de 2025 pela Netflix. A série mantém o modelo de oito episódios e, até o momento, recebeu uma nota positiva em sites como o IMDb, no qual conquistou nota 8 (de 10) em praticamente todos os seus capítulos. Esse aumento na avaliação é compreensível, visto que, milagrosamente, a série melhorou muito.
De boas intenções o inferno está cheio
Lara Croft retorna para mais uma aventura, mas, desta vez, não está acompanhada de Jonah Maiava, personagem regular na última trilogia de jogos (Tomb Raider 2013, Rise e Shadow). Em vez disso, temos o retorno de Sam, a melhor amiga da protagonista, que só havia aparecido no primeiro jogo e que, logo após isso, foi escanteada.
Com o retorno de uma figura antiga, temos também uma Lady Croft mais calma, que trata muito melhor seus amigos e está um pouco menos imprudente — só um pouquinho. Uma das minhas maiores críticas à primeira temporada foi justamente o comportamento que descaracterizava a personagem. Na tentativa de deixá-la mais humana, acabaram a transformar em uma adolescente que destratava seus amigos gratuitamente.
Embora a protagonista tenha melhorado, nesta segunda temporada da série, ela não evolui tanto assim, apesar de haver alguma evolução. O próprio retorno de Sam traz um ar diferente ao ritmo dos episódios, já que ela entrega uma visão mais ingênua e otimista em muitos casos, mas ela também não tem um grande arco de desenvolvimento pessoal. Sinceramente, isso não faz falta: a química entre as duas “amigas” carrega alguns momentos e até passa uma ideia de algo a mais.
Um lugar chamado Bahia, no Brasil
Talvez essa informação tenha furado a bolha ou não, mas o seriado tem um episódio inteiro dedicado ao Brasil, chamado “Festa de Iemanjá”. Ele se passa, mais precisamente, em Salvador, na Bahia, com direito a música nacional tocando e uma excelente representação visual do nosso país.Lara e Sam, no entanto, não vieram às terras tupiniquins para tirar férias. O foco desta nova temporada gira em torno da mitologia e religião africana, com ênfase nos orixás, divindades importantes no Candomblé e na Umbanda. Este, para mim, foi o ponto mais alto desta nova temporada e o que a torna muito mais memorável do que sua antecessora.
Toda a cultura apresentada foi muito bem retratada, tanto de forma narrativa quanto visualmente. É sempre muito legal ver uma cultura pouco usada em grandes obras recebendo uma merecida atenção, ainda mais uma que está tão conectada ao Brasil e a outros países. Isso foi bem mais interessante que a parte histórica apresentada na última aventura da heroína.
Com a introdução da cultura africana, temos novos personagens apresentados. Para evitar spoilers, um deles — que aparece no terceiro episódio — se torna frequente no grupo da protagonista e rouba a cena em toda aparição. É nele que reside o principal desenvolvimento de personagem da temporada.
Nem tudo são flores
Embora a temporada tenha melhorado muito seus principais pontos fracos, como a protagonista, a série ainda erra no vilão. Mila, a antagonista, é tão esquecível quanto o da temporada passada, Charles Devereaux — talvez até pior. Este é, claramente, o calcanhar de Aquiles do seriado: a antagonista tem um plano previsível, não é ameaçadora nem carismática, sendo totalmente dispensável.
Além disso, muitos dos amigos de Lara que estavam na última aventura acabam sendo escanteados, o que não é um problema, pois facilita o foco em outros personagens. A animação continua boa, nada espetacular, mas funcional. No entanto, é nítido que falta mais criatividade em muitas cenas para dar um diferencial visual.
Como último ponto, esta jornada de Lara é recheada de magia em um nível muito maior do que o visto com Charles. Quem não curte um Tomb Raider muito mágico (embora a personagem já tenha lutado até contra dinossauros nos jogos) não vai apreciar a série, que escalonou o sobrenatural a um novo patamar dentro da franquia.
Uma melhora praticamente milagrosa
Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft, em sua segunda temporada, milagrosamente melhorou todos os pontos fracos da temporada anterior, tornando-os, no mínimo, aceitáveis. Até o momento, a Netflix não tem planos de anunciar uma terceira temporada, o que significa que esta é, por enquanto, a última incursão da exploradora de relíquias em animação. Felizmente, a série se encerra de forma positiva: com uma protagonista mais madura, uma exploração rica da cultura africana e o retorno de Sam. A única falha notável é a construção da antagonista.
Revisão: Ives Boitano







