Captain Wayne – Vacation Desperation é mais um dos populares boomer shooters, jogos de tiro em primeira pessoa com estética retrô inspirados em clássicos da década de 1990, como Quake, Doom e Duke Nukem. Se você busca algo que tenha tom nostálgico, ritmo insano e que seja capaz de render boas horas de jogatina, talvez encontre algo interessante aqui.
Cara, cadê meu barco?
No papel do personagem-título, embarcamos — meio que literalmente — em uma aventura insana na pele de um pirata canastrão com um braço mecânico que adora comer peixes e chutar traseiros. Após um encontro inesperado com um bando de mercenários, Capitão Wayne se vê preso em uma ilha e fará de tudo para derrotar os responsáveis e explodir tudo em seu caminho.
A principal arma de Wayne é seu braço, que funciona como espingarda e até como metralhadora. Além da botina usada para literalmente desferir bicudas nos inimigos, o capitão também tem à sua disposição outras armas, como dinamites, um canhão e, claro, seus punhos.
Inspirado em títulos como Doom e Quake, é em Duke Nukem que se percebe a inspiração para a personalidade de Wayne. Durante o jogo, sua língua é tão rápida quanto seu punho de metal para soltar palavrões e fazer piadas de gosto duvidoso sobre as situações nas quais se mete.
A campanha principal conta com oito fases, seguindo uma dinâmica semelhante à dos shooters já mencionados. Em meio a grandes cenários, Wayne precisa avançar enfrentando inimigos e obstáculos, obtendo chaves para abrir portas e acionando dispositivos para chegar ao fim da fase, o que em algumas delas culmina em uma batalha contra um chefe.
Uma campanha secundária (baseada em desafios de sobrevivência) completa o pacote e oferece uma experiência diferente para quem deseja uma pausa nos tiroteios caóticos da campanha principal. Além disso, proporcionam mais cutscenes com histórias simples, porém divertidas.
A apresentação de Vacation Desperation se destaca pela direção de arte, que utiliza modelos com estilo cartunesco e cutscenes entre as fases para contar a presepada em que Wayne se meteu. A história é esdrúxula e traz um humor característico, cheio de ironias e situações ridículas. Não é nada muito elaborado, mas há o bastante para arrancar algumas risadas durante a jogatina.
Andando na prancha
Captain Wayne – Vacation Desperation tem um ritmo frenético e acelerado. Se na apresentação o jogo aposta na excentricidade e no humor, no gameplay ele já se mostra como algo mais exigente. A ação é intensa, rápida e lembra um Doom clássico com sua dificuldade elevada. Ficar parado só é opção para quem quer morrer rápido.
O jogo exige reações ágeis para derrotar inimigos e atravessar o mapa. Itens de cura e munição aparecem em abundância, e cabe ao jogador assumir o controle de Wayne para dar aos bandidos a surra que merecem.
A trilha sonora acompanha bem o ritmo, com faixas enérgicas que impulsionam a jogatina. Enquanto as balas voam para todos os lados, um rock pesado toca ao fundo para manter o jogador animado e atento ao caos na tela.
Apesar da proposta de ser propositalmente feio para os padrões atuais, Captain Wayne apresenta identidade própria e se mostra uma adição interessante a um gênero que tem ganhado espaço ao longo dos anos.
Um exemplo dessa expansão é o representante brasileiro do gênero, Aviãozinho do Tráfico 3: Abri um Portal pro Inferno na Favela Tentando Ressuscitar Mit Aia e Preciso Fechar, que inclusive foi recomendado pelo criador de Megabonk como substituto na premiação do The Game Awards deste ano após o mesmo abrir mão da nomeação.
A estética carregada do título traz alguns problemas de interface que, ao meu ver, incomodam mais do que prejudicam a experiência geral. Em certos momentos, informações ocupam quase toda a tela, o que atrapalha especialmente nas cenas de maior ação. Além disso, a tradução para português parece estar incompleta, com muitos textos misturados entre português e inglês, o que me fez preferir jogar no idioma original.
Captain Wayne é uma boa escolha para quem aprecia esse estilo de jogo — trazendo uma aparência retrô, mas com jogabilidade moderna, inclusive com suporte confortável a controles. Quem procura algo brega, porém divertido, pode acertar ao investir seu tempo dando tiros, comendo camarão e distribuindo bicudas na cara dos inimigos.
Ahoy, mandrião!
Captain Wayne – Vacation Desperation entrega exatamente o que promete: um boomer shooter exagerado, veloz e cheio de personalidade. Sua estética propositalmente grotesca, somada ao humor absurdo e ao combate acelerado cria uma experiência que não tenta reinventar o gênero, mas o celebra com entusiasmo.
Apesar de alguns problemas na interface e na tradução, o jogo se destaca pelo ritmo intenso, pela criatividade e pelo carisma de seu protagonista excêntrico. Para quem gosta de ação desenfreada, tiroteios caóticos e uma boa dose de nonsense, é uma aventura que vale a pena conferir.
Prós
- Ritmo de ação frenético e bem executado;
- Humor exagerado e protagonista carismático;
- Direção de arte cartunesca cria uma identidade própria;
- Trilha sonora enérgica que acompanha o caos na tela;
- Abundância de recursos (cura e munição) favorece o fluxo do combate;
- Suporte eficaz para jogabilidade com controles.
Contras
- Interface visualmente carregada pode atrapalhar em momentos intensos;
- Tradução para português incompleta e inconsistente;
- Estética “propositalmente feia” torna o jogo pouco atraente para uma audiência mais jovem.
Captain Wayne – Vacation Desperation — PC — Nota: 7.0
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Silver Lining Interactive











