Análise: Call of Duty: Black Ops 6 retorna a franquia ao nível de qualidade esperado para um FPS do seu calibre

Com mudanças importantes e positivas, o lançamento redime os últimos títulos da série com uma ótima experiência.

em 08/11/2024

“Antes tarde do que nunca” talvez seja uma das melhores definições para o lançamento de Call of Duty: Black Ops 6. Conforme conferimos na sua matéria prévia, depois de vários títulos sem muito brilho — sendo o último um pouco polêmico e apenas mediano —, finalmente a franquia de FPS mais popular da atualidade recebeu um game digno dos seus melhores tempos. Vista seu colete e pegue seu arsenal favorito, pois a análise já vai começar!

Depois de um longo inverno...

O último game da franquia foi Call of Duty: Modern Warfare III, lançado em novembro de 2023. Inicialmente previsto como uma expansão de Modern Warfare II, que chegava com a promessa de um suporte por longo tempo, o título chegou com preço de jogo completo, mas jeito de DLC. Mesmo sendo tão popular, a série sofreu com críticas da mídia e do público.
 
Felizmente, em paralelo a esses dois jogos e do anterior, Call of Duty: Vanguard, Black Ops 6 já estava em produção. Algo em torno de quatro anos, próximo do lançamento de Black Ops: Cold War lá em 2020. Esse tempo de produção mais longo certamente beneficiou o mais novo jogo da franquia, que acerta basicamente em todos os pontos.
Se joga no novo Black Ops 6
Tal como eu fiz em análises passadas de outros Call of Duty, vou dividir o texto em seções de acordo com os modos de jogo principais do título. Antes disso, alguns comentários gerais: tecnicamente, o game está muito bonito, com visuais caprichados e ótimas texturas. Os cenários estão bem detalhados e as animações são suaves, ainda que o nível não seja o esperado para a nova geração de consoles. Inclusive, é possível configurar o jogo para carregar parte das texturas de forma online, onerando menos a memória do aparelho.
Agora é possível realizar movimentos ainda mais acrobáticos
A chegada do movimento omnidirecional — que permite correr, saltar e deslizar em qualquer direção — trouxe mais flexibilidade ao jogo. Embora eu tivesse receio de que essa mudança pudesse trazer problemas, no geral, considero-a equilibrada e positiva para a franquia. O game como um todo está bem acabado e com bom desempenho, salvo em dois pontos: a exigência de conexão constante (até para os modos para um jogador) e o confuso menu que substituiu o Call of Duty HQ, um HUB que reúne todos os títulos mais novos da franquia.
Por que colocar mais etapas entre abrir o jogo e iniciar uma partida?

Campanha de cinema

Dando continuidade ao enredo de Black Ops: Cold War, Call of Duty: Black Ops 6 tem uma história que ocorre no passado. Mais especificamente, no início dos anos 90, na qual temos uma possível infiltração terrorista na CIA. A provável presença de traidores no centro de inteligência, assim como uma suposta ligação com o grupo paramilitar Panteão, resulta numa série de missões e conflitos na busca pela verdade.
Muitas reviravoltas ao longo do enredo
Eu gosto de histórias com uma boa dose de mistério, incluindo espiões, conspirações e reviravoltas. Portanto, a campanha do game me agradou bastante, pois além de oferecer esses elementos, ela faz isso de forma competente e envolvente; inclusive, tem uma reviravolta sobrenatural bastante interessante (sem mais spoilers). Entre as missões, é possível retornar a uma casa que funciona como um quartel-general, repleto de segredos para descobrir e coisas para liberar.
 
Essa quebra de ritmo é refrescante, além de oferecer melhorias permanentes para as missões. A campanha também tem diálogos variados para aprofundar o enredo e a personalidade dos personagens. Outra qualidade é a liberdade de resolver as missões de múltiplas formas diferentes, tanto de maneira mais violenta quanto furtiva.
As mecânicas secundárias ajudam a dar o ritmo da aventura
Não bastasse ser bastante interessante por si só, o modo campanha proporciona recompensas para outros modos. Além disso, ele funciona como uma introdução a Call of Duty: Black Ops 6, incluindo suas mecânicas e novidades em relação aos títulos anteriores. Vale a pena conhecer e aproveitar essa espécie de filme de ação interativo.

Multijogador divertido

São dezesseis novos mapas introduzidos, com destaque para Babylon, Derelict e Subsonic; o jogo também trará de volta alguns favoritos da comunidade, como o clássico Nuketown. Gostei das opções disponíveis, que trazem uma boa variedade de temáticas e estruturas para as partidas. A seleção de armas é igualmente variada e de qualidade, construindo um arsenal flexível e poderoso.
Prepare-se para grandes momentos
Temos alguns desequilíbrios, como fuzis de assalto estarem um pouco à frente das submetralhadoras, mas em breve teremos uma atualização para balancear as coisas. Nomes como XM4 e Jackal PDW estão entre os destaques para novos jogadores. Vantagens, curingas e melhorias de campo também trazem novidades importantes.
Novas opções para montar o seu arsenal
Por exemplo, é possível obter uma especialidade ao equipar três vantagens da mesma categoria. Todas essas customizações — bem como as já numerosas opções cosméticas, sobretudo para quem adquirir a versão Cofre de Black Ops 6 — permitem disputar partidas dos mais diversos tipos. Um retorno interessante são os níveis de prestígio, obtidos ao chegar ao nível máximo de experiência.
O Podium é um dos poucos momentos chatos do modo Multijogador
Ao optar por reiniciar o seu nível, o jogador recebe cosméticos exclusivos. Outras novidades são os modos Quartel-General e Jura de Morte, ambos bem divertidos. O primeiro exige capturar e defender zonas, mas sem reaparecimentos para quem estiver na defesa. Já o segundo coloca um alvo de alto valor (AAV) de cada lado: o jogador AAV obtém mais pontos ao eliminar oponentes, mas também fornece pontuação aos inimigos ao ser eliminado.

Modo zumbi renascido

Finalmente chegamos ao modo que mais carecia de novidades, sobretudo em relação ao lançamento anterior. Voltando às raízes da série, como o clássico Call of Duty: Black Ops 3, temos partidas disputadas por rodadas, progressivamente mais e mais difíceis. Derrotar zumbis resulta em dinheiro para comprar mais armas, itens e melhorias.
A eterna luta contra os zumbis em seu mais novo capítulo
O movimento omnidirecional ajudou as partidas a ficarem mais fluidas e movimentadas. Afinal, o jogador precisa ser mais ágil e veloz que os mortos-vivos desengonçados. Os dois mapas disponíveis, Terminus e Liberty Falls, são bem diferentes, mas igualmente divertidos: o primeiro é ambientado numa ilha-prisão, enquanto o segundo numa pequena cidade interiorana.
 
Seja online ou localmente — esse último conta com uma saudável opção de salvamento —, o modo Zumbis de Black Ops 6 é divertido e desafiador na medida certa. Eu estava com saudades de disputar uma boa partida desse tipo, com direito a elementos clássicos como as melhorias de arma do Soco Em Lata e os reforços ao beber as Vantagens-Cola.
Ah, nada como uma Veloci-Cola geladinha!
Novidades legais no modo Zumbis incluem as Gomas de Matar, um item consumível que pode fornecer vários tipos de vantagens diferentes durante as partidas. Já os Aumentadores são melhorias permanentes para vantagens e equipamentos, obtidos por meio de pesquisas realizadas cumprindo tarefas. Para não dizer que não tenho críticas, é uma pena não podermos mais construir barreiras em janelas e portas.

Ótimo e que pode melhorar

O maior ponto de atenção do jogo é a sua integração com Warzone: com uma mudança tão drástica na movimentação omnidirecional, será que as coisas vão funcionar corretamente? Afinal, o battle royale saiu no final de 2022 e muitas coisas mudaram na franquia desde então. Só resta esperar para ver, lembrando que o mapa de Verdansk vai retornar ao jogo gratuito em algum momento de 2025.
O novo mapa é inspirado em Nuketown
Aliás, como de praxe nos últimos títulos da franquia, diversas novidades interessantes estão prometidas para o futuro de Call of Duty: Black Ops 6. O modo Zumbi receberá uma opção guiada, ajudando os jogadores a concluírem os easter eggs sem a necessidade de procurar tutoriais online ou bancar o detetive. Um novo mapa de ressurgência, chamado Area 99, chegará ao modo Warzone ainda em novembro.
Muitas novidades com a chegada da Season 01!
Falando em datas, a primeira temporada deve chegar em 14 de novembro, com direito a vários itens novos, tanto gratuitos quanto pagos. Três novos mapas também estarão disponíveis, assim como a já comentada integração com Warzone. Essa data será determinante para que o game consolide sua proposta sólida e continue no caminho de se tornar um dos grandes jogos da marca.

Voltando ao devido lugar

Depois de alguns títulos que ficaram devendo, Call of Duty: Black Ops 6 finalmente conseguiu retornar a franquia de FPS para o seu devido lugar. A campanha é ótima, servindo como uma aventura envolvente e uma boa introdução; o multijogador traz desafios variados e divertidos; e o modo Zumbis é envolvente e repleto de segredos. Em suma, um ótimo título, seja você um fã ou alguém que esperava por um lançamento digno dos melhores da série.
Com destaque para o modo Zumbi, o novo título é um sucesso!

Prós

  • Jogo de tiro supera os últimos lançamentos e mantém a franquia como referência no mercado;
  • Visuais, efeitos sonoros, animações e dublagem — tanto em inglês quanto em português brasileiro — são ótimos;
  • Jogabilidade sólida, com ótima estreia da movimentação omnidirecional;
  • Boa quantidade inicial de conteúdo, com promessa de mais em curto, médio e longo prazo;
  • Campanha divertida e envolvente como um filme de ação;
  • Modo Zumbis revive os seus tempos áureos e propicia ótimos momentos;
  • Multijogador continua como uma fonte de diversão e desafio.

Contras

  • Gráficos, travamentos e tempos de carregamento relativamente longos não condizem com um jogo para a nova geração de consoles;
  • Menu que reúne o título aos demais produtos da franquia é contraintuitivo e não funciona adequadamente, assim como a necessidade de conexão constante;
  • Integração com o battle royale Warzone ainda é uma incógnita.
Call of Duty: Black Ops 6 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.5
Plataforma usada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Activision
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é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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