Análise: Destiny 2: A Forma Final alcança o ápice da franquia com um final emocionante e épico

A Saga de Luz e Treva chega ao fim após dez anos, em uma das melhores expansões já feitas pela Bungie.

em 15/06/2024

Quando a expansão Queda da Luz foi lançada em 2023, a Bungie atingiu um marco extremamente negativo para Destiny 2. A crítica especializada detonou o projeto, o número de jogadores atingiu a pior média da história do título, e a fé no final da maior saga de Destiny foi completamente abalada.


Foi um longo caminho desde então, mas A Forma Final chegou depois de atrasos e mudanças no estilo de lançamento e finalmente entregou a jornada que os guardiões esperavam. Com o peso de encerrar uma saga de dez anos, atrair antigos e novos jogadores, apresentar novos sistemas e subclasses, a expansão consegue melhorar os pontos mais criticados do último ano e avançar com ótimas escolhas que vão refletir no futuro da empresa.

O Ultimato de Destiny



Desde a trilha sonora até as artes de divulgação, estava claro a inspiração de tom e narrativa que a equipe da Bungie queria evocar com A Forma Final. Vingadores: Ultimato teve um grande impacto na cultura pop com seu épico de diversos heróis se juntando numa última investida contra o grande vilão e seu exército, e claramente essa foi a fonte que inspirou a expansão. Em Destiny, sempre existiu a possibilidade da narrativa pender para esse lado, considerando a lógica do vilão, chamado de A Testemunha, que é um ser paracausal que busca exterminar toda a vida conhecida na galáxia por causa de uma filosofia niilista.

Assim, ficava claro que seria necessária uma grande coalizão de forças para derrotar o vilão. Anos antes, a Bungie já trabalhava para tornar algumas facções inimigas em aliadas, como os Cabais, Decaídos e até a Colmeia. E, felizmente, agora no último capítulo, a narrativa entregou o tom apocalíptico, urgente e épico que uma estrutura como essa pedia.




A campanha tem o maior número de cutscenes até hoje e consegue manter um ritmo que lembra uma grande aventura de jogos single-player, com uma história concisa que alinha bem a gameplay, extinguindo sistemas irritantes que exigiam que o jogador matasse um determinado número de inimigos para avançar, mantendo uma crescente emocional que foca no que mais importa: os personagens.

Aqui vemos uma das maiores evoluções narrativas de personagens já estabelecidos na trama. Zavala, o comandante de fé inabalável, torna-se irresponsável e desesperado. Ikora, uma das mais poderosas guardiãs, teme pelo futuro de seus companheiros. E, por fim, Cayde-6 retorna dos mortos para refazer seu próprio destino e consolidar Corvo como um personagem digno do panteão de heróis da Bungie. Tudo isso envolto em um dos melhores trabalhos de dublagem nesses dez anos de Destiny.

Uma evolução bem-vinda



Como citado, foram feitas algumas mudanças extremamente positivas na jogabilidade. Uma das principais diferenças em relação ao último ano é a forma como a nova subclasse é apresentada e desbloqueada. Diferente de Queda da Luz, que exigia um grind infinito para desbloquear todos os aspectos, aqui o jogador encontra cada pedaço da subclasse pela campanha, e o que falta pode ser conseguido em atividades básicas do planeta, sem a necessidade de perda de tempo extensa no mesmo local.

Falando sobre a nova subclasse, chamada Prismática, a Bungie deu um passo adiante nos sistemas de poder com essa nova forma de jogar. Agora, com a Prismática, é possível utilizar todos os elementos do jogo, algo que antes era impensável. Uma granada de vácuo, um corpo a corpo de arco e uma super solar? O cérebro até demora a raciocinar as possibilidades. A quantidade de builds e possibilidades ficou mais ampla com a subclasse.


Isso se traduz de forma muito natural no jogo. O sistema de luz e treva, que foi o tema da saga inteira, é a mecânica básica da Prismática. Com suas habilidades, você enche duas barras de energia, uma de luz e outra de treva, para ativar a subclasse. Com isso, é possível unir os dois mundos e misturar as melhores partes das builds antigas em um só kit de poder.

Episódios, novos itens e endgame



Algo muito criticado nos últimos anos em Destiny era o estilo de temporadas que havia sido implementado: um sistema de missões repetidas que avançava bem pouco da história uma vez por semana. Com A Forma Final, foram introduzidos os Episódios, uma nova maneira de contar histórias depois da jornada contra A Testemunha.

Até o lançamento, não era possível saber como seriam esses episódios, mas ficou claro que é uma forma um pouco mais expandida das temporadas. O maior diferencial são as cutscenes de história no meio das missões e um sistema de atos. O primeiro episódio se chama Ecos e terá três atos, cada um com uma duração média de um mês. Existe uma diversidade maior nas atividades, mas ainda lembra bastante o sistema repetitivo das temporadas.




Agora, falando sobre o endgame especificamente, com o poder ainda mais elevado dos guardiões, as atividades também ganharam novos patamares de dificuldade. A nova raid Limiar da Salvação foi a mais difícil da história, com times demorando mais de 30 horas seguidas para conseguir finalizá-la.

Isso foi algo que não era visto desde a raid Último Desejo, na expansão Renegados, de 2018. Parece masoquismo, mas essa dificuldade foi algo pedido pela comunidade e agradou boa parte dela, principalmente porque esse conteúdo é o mais endgame possível, e só jogadores com vasta experiência se atrevem a fazer.




Por fim, tivemos a adição de um novo item exótico no jogo. Além das armas, agora também é possível ter um item de classe exótico, que tem chances aleatórias de ter até dois perks diferentes de outras exóticas do jogo, oferecendo basicamente uma oferta de dois por um. O mais interessante é a missão necessária para obter esse item, que exige cooperação de dupla, porém termina com uma sessão de um contra um, como se fosse numa partida de PvP.

Ousadia no momento mais crucial



É curioso notar que no momento mais importante para a franquia, onde a Bungie precisava entregar o que a base de jogadores queria, ela foi extremamente ousada no modo de apresentar a nova expansão. Até no design de construir o novo destino, Coração Pálido do Viajante, onde existe uma dualidade na estética, que dança entre o surrealismo e um paisagismo que lembra jardins paradisíacos.

Até na forma de construir a narrativa houve passos interessantes. O sistema clássico era formado pela história da campanha, que interligava com o novo destino e dava saída para as histórias da temporada. Em A Forma Final, a jornada é contada inicialmente na campanha, tem um ápice na raid, onde o confronto com A Testemunha ganha força total, e é encerrada em uma missão com 12 jogadores, algo raramente visto no jogo. 




Esse final, que tem o nome de Excisão, é uma das melhores coisas feitas pela Bungie. Tem um forte fio narrativo, uma cutscene que faz jus ao já citado Vingadores Ultimato, e a participação de todos os grandes personagens que nos acompanharam nessa viagem, além de mecânicas da raid diluídas para jogadores menos experientes. Foi um encerramento que uniu a grande ameaça do universo, com temas intimistas como a sua relação com seu Fantasma, e o destino dos personagens que te ajudaram a chegar até aqui.

O que o futuro reserva…

A Forma Final conseguiu corrigir os piores erros da expansão anterior e deixou um terreno fértil para novas possibilidades. A sombra de um possível Destiny 3 ainda paira no ar, mas, até lá, Destiny 2 encerra sua primeira grande saga em grande estilo, deixando a barra mais alta do que A Bruxa Rainha deixou em 2022.

Com ótimas adições como a subclasse Prismática, novas formas de contar sua narrativa, um sistema refinado que diluiu o grind excessivo e um novo patamar de dificuldade, A Forma Final entrega uma experiência que arrebata qualquer jogador que teve sua marca na jornada dos guardiões. Eu confesso que entrei nessa era desesperançoso, desejando encerrar minha história com Destiny exatamente no fim dessa saga, mas saio animado e esperançoso pelo futuro da Vanguarda e do Viajante.

Prós

  • Encerramento épico de uma saga construída desde Destiny 1 com grande apelo emocional pra jornada dos jogadores e destino de personagens amados;
  • Nova subclasse Prismática eleva o nível de poder combinando diversos elementos diferentes em um único kit;
  • Novo sistema de destino, missões e loot tornam o grind menos agressivo;
  • Todo o elenco de dublagem entrega o texto com o peso necessário para tornar ainda mais imersiva a ameaça do fim de tudo.

Contras

  • Os Episódios ainda mantêm boa parte da estrutura das temporadas e não mostram muita mudança;
  • Parte da campanha passa pela raid, o que pode tornar o compreendimento completo da história mais difícil para jogadores casuais;
  • Como finalização de uma grande saga, é difícil para novos jogadores se conectarem com a história e se inteirar do que aconteceu nos últimos anos.
Destiny 2: A Forma Final — PC — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bungie
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Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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