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Análise: The King of Fighters XIII Global Match (PS4/Switch) — O retorno de um dos títulos mais amados da franquia

Lançado em um período nebuloso, KoF XIII se tornou um clássico, além de marcar um período de transição tanto para a série quanto para a SNK.

Após mais de uma década de seu lançamento, o décimo terceiro KoF ganha um relançamento para PlayStation 4 e Nintendo Switch, trazendo de uma vez todo o conteúdo base e o extra juntos. Além disso, o principal chamariz para esta versão é o uso do rollback netcode para as partidas online, por isso ela foi batizada de The King of Fighters XIII Global Match. Mas será que isto é o bastante para visitar o último título da saga Tales of Ash?

O canto do cisne

Para quem não sabe como estavam as coisas lá em 2010, eu explico. A SNK, casa do KoF, passou por um período caótico financeiramente, a ponto de decretar sua falência. Em agosto de 2001, ela foi comprada pela Playmore Corporation, o que deu um novo fôlego para a empresa. Mas isso não quer dizer que Kyo e companhia estavam em boa fase.

Após os lançamentos dos não tão queridos Maximum Impact (2004), Maximum Impact 2 (2006), Maximum Impact Regulation A (2007), além dos remakes ‘94 Re-Bout e Neowave, dos Kof 94 e 2002, respectivamente, veio o insólito The King of Fighters XII, com diversas falhas, principalmente na jogabilidade e sem contar história alguma, apesar de ser considerado o terceiro episódio da saga Ash até então.

Para recuperar os fãs frustrados, The King of Fighters XIII trouxe combos, golpes mais apurados, modos de jogo que sempre foram de praxe em seus antecessores e a clássica formação de trios. Além disso, seus eventos o ligavam diretamente a KoF XI, ignorando a existência do décimo segundo capítulo e dando o desfecho devido à história de Ash Crimson.

A boa recepção tanto do público quanto da mídia especializada fez com que KoF XIII fosse um dos queridinhos da franquia, o que justifica seu relançamento para algumas das plataformas atuais. Este foi o último jogo da série lançado pela SNK Playmore, que futuramente viria a ser adquirida por um conglomerado chinês, o que fez a empresa voltar ao seu nome de costume e adotar o slogan “The Future is Now”. Este também foi o último título inédito a usar gráficos em 2D, já que The King of Fighters XIV foi o primeiro a utilizar modelos tridimensionais, o que foi seguido pelo seu sucessor, Kof XV.

Um bom clássico nunca perde seu apelo

Ter um título mais antigo assim em mãos, principalmente por se tratar de um jogo de luta, traz uma ótima sensação de completude. Isso acontece pelo fato de não haver DLCs ou conteúdos que precisam ser desbloqueados com dinheiro. É ridículo falar isso, mas nos dias de hoje dificilmente é possível ter um elenco completo sem ter que pagar um passe de temporada que custa praticamente metade do valor cheio de um jogo, ou mais até.

Quer liberar Billy ou Saiki? É só cumprir as metas para cada um, ser desafiado por um deles no meio do modo Arcade e derrotá-los. Quer usar as versões secretas de Kyo, Iori ou Takuma (Mr. Karate)? É só apertar Select, ou o Touch Pad na versão para PS4, e eles estarão lá. Tudo o que o jogador precisa para completar 100% dos seus objetivos, seja concluir a Galeria ou até conseguir o famigerado troféu de platina, está lá desde o começo — sim, estou olhando para vocês, SF6 e MK1.

Este port conta com todos os modos de jogo originais de KoF XIII, como o tradicional Arcade, o modo História, o Treino e os desafios, divididos entre Time Attack, Survival e os Trials. Neste último, cada personagem do elenco tem 10 combos que precisam ser realizados. Eles começam simples, mas logo se tornam insanos e até ganharam destaque há alguns anos, em diversos vídeos nos quais pro players de vários jogos de luta tentam realizar todas as sequências possíveis.

A jogabilidade é um dos fatores mais determinantes para que este jogo seja divertido. Realizar combinações é bem fácil, pois a conexão entre os movimentos acontecem de maneira intuitiva. Isso aumenta a gama de possibilidades para os jogadores veteranos, além de ser um sistema de aprendizado bem palatável para os iniciantes. Eu mesmo me senti mais à vontade jogando este do que o KoF XIV, mas até aí é puramente uma questão de gosto. 

Além disso, há diversas características que tornam KoF XIII um jogo único e divertido. Ao jogarmos o Arcade, cada lutador tem uma interação única com os demais integrantes do elenco, inclusive com seus parceiros de time. Quem já conhece um pouco da lore da franquia, verá interações divertidas e curiosas entre Kyo e Iori, Mai e Andy, Ralph e Clark, só para citar algumas.

Para quem gosta de padronizar seus times, é possível editar as cores de cada lutador, podendo deixar qualquer um deles com aparência similares entre si, ou até brincar livremente e usar uma cor que nunca foi do seu guarda-roupa. As possibilidades são inúmeras.

Por fim, a Galeria é algo que sempre fez diferença em KoF, pois ela incentiva os jogadores a testar times com diferentes componentes para desbloquear ilustrações secretas. Um exemplo é formar uma equipe com Kyo, Terry e Ryo, que são considerados os heróis das franquias The King of Fighters, Fatal Fury e Art of Fighting, respectivamente.

Minha única ressalva é que, por ser um jogo de 2010, os gráficos se tornaram datados. Por um lado, eles parecem ultrapassados em comparação com outros jogos de luta em 2D atuais. Por outro, por mais bonitos que os sprites sejam, não têm o mesmo apelo nostálgico de outras pérolas noventistas que foram portadas para as atuais gerações.

Tudo ainda roda a 720p, como na época em que foi lançado. Não faria mal um tratamento full HD no visual dos personagens e cenários, ou pelo menos um upscalling que acompanhasse a resolução dos monitores atuais.

Globalizando a pancadaria

Deixei para falar separadamente do modo online, que é o principal chamariz desta versão, tanto que está até no nome. Esse tipo de modelo com rollback netcode não é novidade, já que outros títulos receberam o mesmo tratamento, e novas nomenclaturas, como The King of Fighters ‘97 Global Match, The King of Fighters 2002 Unlimited Match e The King of Fighters ‘98 Ultimate Match Final Edition.

No caso de KoF XIII, ele originalmente tinha o delay based netcode, que até cumpria o seu papel na época. Que o rollback netcode tornou os jogos de luta mais dinâmicos não é novidade, mas aqui ele resolveu em partes.

É possível fazer uma busca direta por partidas ranqueadas ou criar lobbies para as casuais. Antes de iniciar a caça por um oponente, podemos delimitar alguns parâmetros, como a latência da conexão, o número máximo de frames de delay permitidos e se queremos um rival da mesma região que a nossa ou de outra qualquer (sem poder escolher qual). Lógico que, quanto mais parâmetros, mais demorada será a busca.

Quem optar pelas ranqueadas, pode ficar aguardando pacientemente, ou passar o tempo no Treino ou no Arcade até aparecer alguém, e parece que desta segunda maneira a procura é até mais rápida.

Entretanto, o maior problema que tive durante algumas lutas foi o ping altíssimo de outros jogadores, por provavelmente estarem em outras regiões. Estranhamente, em alguns casos o primeiro round decorria bem, mas do segundo em diante era um show de personagens se teletransportando pela tela.

Para não ser totalmente injusto, as poucas partidas que consegui com jogadores brasileiros decorreram muitíssimo bem, como se estivéssemos no mesmo console. As revanches foram imediatas e praticamente não houve delay de comandos.

Infelizmente, não há a opção de crossplay para enfrentarmos os donos de Nintendo Switch ou até mesmo quem já adquiriu o jogo no PC. Cada versão está restrita à sua plataforma. Vale lembrar que não há uma versão nativa para PS5, logo ele rodará a de PS4. 

Um marco de sua geração que merece ser lembrado

The King of Fighters XIII Global Match é um título competente por si só e vale muito a pena tê-lo em sua biblioteca, mesmo com algumas marcas do seu tempo. Por mais que a experiência online tenha suas falhas também, é interessante como um jogo de quase uma década ainda pode funcionar tão bem com as devidas atualizações, mantendo-se dinâmico e divertido.

Prós

  • A jogabilidade continua muito boa para os padrões atuais;
  • É um jogo completo, sem a necessidade de conteúdos extras;
  • Diversos modos de jogo e a Galeria aumentam o fator replay;
  • Customização de cores;
  • Modo Arcade com interação única entre lutadores;
  • O modo online tem ótima estabilidade e conexões rápidas contra oponentes da mesma região.

Contras

  • Gráficos datados e travados em 720p;
  • Variações bruscas de ping durante as partidas online;
  • Não é possível escolher uma região específica para buscar adversários online.
The King of Fighters XIII Global Match — PS4/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut 
Análise feita com cópia digital cedida pela SNK

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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