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Análise: The Iron Oath (PC) é um RPG tático complexo, elaborado e, por vezes, impiedoso

Conduza um grupo de mercenários em meio aos inúmeros perigos de um mundo em constante evolução.

The Iron Oath, lançado em Acesso Antecipado em 2022, transporta os jogadores para um intrincado mundo de fantasia medieval, repleto de complexos emaranhados políticos e ameaças sobrenaturais. Com seu lançamento oficial em novembro deste ano, o título coloca os jogadores no comando de um grupo de mercenários dispostos a assumir qualquer missão, ao troco de um pagamento em moedas de ouro, é claro. Nesta análise, exploraremos o que torna esse título relevante no gênero de RPG tático.

O Juramento de Ferro

The Iron Oath se passa em Caelum, uma terra imersa em perigos e conflitos. No papel do líder de um grupo de aventureiros, devemos guiá-los por diversas missões com trajetórias determinadas pelas escolhas do jogador. O dia a dia envolve recrutar mercenários para formar sua equipe e guiá-los por missões e contratos que moldarão suas relações com os habitantes de diferentes regiões do reino, mudando até mesmo a geografia do mapa, com cidades se tornando maiores e mais imponentes, além de localidades que podem até sumir por conta de cataclismos naturais ou conflitos entre facções.

Mas há mais: gerenciar recursos é crucial antes de se aventurar em missões perigosas, nas quais alguns membros podem não retornar. A interação com o mundo molda a reputação da companhia, influenciando a forma como o mundo reage e interage conosco, e vice-versa. Isso inclui a administração dos equipamentos e habilidades de cada membro da guilda.
Viajar pelo mundo custa tempo e recursos, por isso é bom estar sempre preparado para eventuais surpresas.
Enquanto viajam, o grupo encontra missões que variam de explorar calabouços e cavernas a enfrentar chefes ou coletar itens específicos e derrotar inimigos em determinado número. A exploração ocorre em um tabuleiro onde os pontos de interesse são destacados. Cada um revela um evento: uma batalha, um baú de tesouros, uma armadilha que pode ferir o grupo, um santuário que pode dar algum benefício ou um evento aleatório que exige uma decisão crucial para o grupo.

Porém, cada exploração traz uma mecânica única com modificadores que podem tornar a campanha mais desafiadora. Cada ação na masmorra consome tempo, com modificadores negativos surgindo após um número específico de ações. Por exemplo, pode-se perder a chance de organizar a equipe antes do combate ou os inimigos podem ficar mais poderosos até o fim da missão.
Ao explorar as dungeons, modificadores, em geral negativos, são adicionados para atrapalhar mais a vida do jogador.
Portanto, é aconselhável concluir as missões o mais rápido possível para evitar penalidades. Embora os exploradores sejam recompensados por verificar todos os espaços disponíveis, será que vale arriscar a vida dos guerreiros por alguns espólios a mais?

As batalhas, atividade central em The Iron Oath, acontecem em um tabuleiro hexagonal. Em turnos alternados, os mercenários do jogador e os inimigos se movem e agem até que um dos grupos seja derrotado, seguindo convenções típicas de RPG, como eficiência de equipamentos, vantagens e desvantagens elementais, e chances de acerto crítico.

Astúcia ao empunhar uma espada

Dominar as batalhas em The Iron Oath não é impossível, mas exige tempo para se acostumar às ações dos mercenários e aprender a explorar as fraquezas dos inimigos. As lutas são intensas, especialmente contra grupos liderados por inimigos de elite ou chefes.
Um grupo diversificado possibilita mais opções de abordagem contra os inimigos.
Posicionar seus guerreiros e usar suas habilidades requer prática. No início, cometi erros até aprender a fazer jogadas mais inteligentes para derrotar inimigos cada vez mais poderosos. É gratificante combinar as técnicas de vários membros para eliminar um inimigo em uma rodada. Alguns cenários têm elementos que podem ser usados a seu favor, como rochas ou buracos. Por exemplo, pode-se atrair inimigos com a valquíria e surpreendê-los com flechas da arqueira.

Mas muitas técnicas dos guerreiros são semelhantes, como magias elementais ou de buff e debuff. Escolher quem recrutar para uma campanha é desafiador devido à variedade limitada de habilidades baseadas nas classes disponíveis.

A mecânica de morte permanente adiciona complexidade. Se um guerreiro chega a zero de vida, fica em estado crítico e pode ser resgatado por um aliado. Caso contrário, morre permanentemente, abrindo espaço para um novo recruta.
Algumas decisões afetam diretamente sua reputação com os habitantes de Caelum.
A fadiga afeta os membros do grupo, prejudicando seu desempenho. Descansar em pousadas é importante para recuperar saúde e reduzir a chance de cometer erros e receber danos adicionais. Tratar ferimentos graves nas dungeons também é crucial para diminuir seus efeitos negativos. Cuidar dos mercenários é vital para o sucesso nas missões, mas pode se tornar complicado. A constante gestão de equipamentos e técnicas é custosa e crucial para o progresso.

A repetição começa a causar monotonia: cenários similares, dinâmica de batalhas constante e gestão frequente dos mercenários. A dificuldade pode limitar o progresso, já que uma batalha mal preparada resulta na perda de membros valiosos, forçando a reconstrução da equipe.
Algumas batalhas são impiedosas, mas ainda é possível se sobressair em alguns momentos.
Apesar disso, The Iron Oath não aparenta pecar ao trazer dinâmicas elaboradas para um gênero já complexo, sendo interessante para fãs de RPG tático, apesar de algumas limitações e desafios. Principalmente para jogadores que não estão muito acostumados com TRPGs. Novatos é que podem ter uma experiência um tanto desconfortável se escolherem este título para ingressar no gênero.

Moderno sem ousar demais

The Iron Oath apresenta uma abordagem desafiadora e estratégica, atraindo os aficionados por RPG tático com sua profundidade e complexidade. Seu foco na gestão de um grupo de mercenários e nas batalhas táticas oferece uma experiência envolvente, em que cada decisão carrega um peso significativo.

Certas dinâmicas, como a gestão constante do grupo, podem representar barreiras para alguns jogadores, exigindo uma curva de aprendizado mais íngreme ao longo do tempo. Ainda assim, para aqueles que apreciam desafios estratégicos e estão dispostos a mergulhar em um universo complexo de escolhas e batalhas com resultados sempre imprevisíveis, The Iron Oath oferece uma jornada repleta de desafios e recompensas para os que estão dispostos a se envolver nesse mundo.

Prós

  • O viés estratégico do gênero é bem apresentado e executado, tanto nas batalhas quanto na gestão do grupo;
  • As decisões do jogador, mesmo as mais triviais, afetam diretamente o gameplay e o progresso do jogador;
  • A atmosfera de Caelum consegue envolver o jogador, motivando a jogatina.

Contras

  • A variedade limitada de habilidades entre os personagens, baseada nas classes disponíveis, pode restringir a diversificação das estratégias ao longo do jogo;
  • Elementos e dinâmicas repetitivas, como cenários similares e constante gestão dos mercenários, deixa o ritmo de jogo um tanto arrastado e maçante;
  • A natureza exigente do jogo pode representar um desafio para jogadores menos familiarizados com RPGs táticos, exigindo uma adaptação mais demorada.
The Iron Oath — PC — Nota: 7.0
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Humble Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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