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Análise: Ghostrunner 2 (Multi) entrega mais ação, mas com um ritmo menos frenético

A qualidade se mantém em relação ao antecessor, mas o ritmo de jogo deixa a desejar em alguns momentos.

Lançado em 2020, Ghostrunner trouxe uma experiência de ação rápida em primeira pessoa raramente vista nos jogos atuais. No papel de uma espécie de ninja cibernético, nossa missão era livrar o povo de Dharma, uma cidade vertical em um futuro distópico, das garras de uma déspota com sede de poder.

Nos anos seguintes a seu lançamento, o título se manteve relevante graças a adição de novos conteúdos de jogo, incluindo um DLC de história, e um relançamento para a nova geração de consoles. Esse suporte da One More Level, desenvolvedora do game, aperfeiçoou umas das gratas surpresas que tive o prazer de experimentar naquele ano.
Em setembro de 2023 o primeiro jogo alcançou a marca de 2,5 milhões de cópias vendidas mundialmente
Eis que em 2023 temos a oportunidade de voltar a empunhar uma lâmina supersônica em Ghostrunner 2, sequência direta do primeiro título que promete ainda mais ação com uma jogabilidade frenética e visuais ainda mais impressionantes. É o que vamos conferir na análise a seguir.

Jack is back!

Ghostrunner 2 nos reinsere na pele de Jack, o último dos Ghostrunners, que foi resgatado e reparado pelo grupo de resistência de Dharma, conhecido como Escaladores. Ele tem uma forte ligação com Zoe, que é uma das líderes do grupo eresponsável por sua sobrevivência e operacionalidade.

Um ano após a queda de Mara, a líder opressora que buscava o poder em Dharma, e com o que restou da inteligência artificial do Arquiteto, o idealizador do projeto Ghostrunner, a cidade continua imersa em conflitos. Grupos remanescentes das Chaves, os seguidores de Mara, ainda lutam contra os Escaladores e outras facções que surgiram após a súbita mudança de poder na megalópole.


Os Escaladores, antes considerados uma mera resistência, agora buscam restaurar a ordem e a justiça em Dharma, mesmo que isso cause mais mortes. No meio dessa tumultuada transição, um misterioso grupo surge com a intenção de assumir o controle da cidade e se tornar a força dominante.

Os Asura, formado por antigos Ghostrunners que se tornaram independentes e acreditam que têm o direito de reivindicar o poder na cidade. Eles são liderados por Mitra, o primeiro membro do projeto Ghostrunner, e atuam fora das muralhas de Dharma, em um ambiente que se tornou desolado e estéril após um cataclisma nuclear ter assolado o mundo e aprisionado os humanos na Torre Dharma. O código do Bushido, que restringia os Ghostrunners de causar danos aos humanos, foi misteriosamente anulado, tornando o grupo uma das maiores ameaças aos cidadãos da cidade.

Com receio de que a sede de poder provoque mais derramamento de sangue inocente, Jack inicia uma caçada para deter Mitra, em uma jornada que revelará mais verdades sobre sua própria existência, a história de Dharma e sua identidade anterior à sua transformação em um guerreiro implacável que luta por justiça.

Uma espada veloz com sede de sangue

A dinâmica de gameplay em Ghostrunner 2 mantém-se fiel ao seu antecessor. Jack, munido de uma espada cibernética, pode derrotar qualquer inimigo com um único golpe, mas a recíproca é verdadeira, pois inimigos podem eliminá-lo com um único ataque certeiro.

Jack possui habilidades super humanas que o permitem correr pelas paredes e se projetar no ar com a ajuda de um arpéu laser, o qual serve para alcançar locais estratégicos no ambiente, se aproximar rapidamente de inimigos atordoados e até mesmo acionar elementos no ambiente para usar como armadilhas. O arsenal de Jack ainda inclui shurikens e técnicas especiais, como criar um clone holográfico e lançar uma onda de alta pressão para mover objetos e inimigos.


Uma adição significativa ao conjunto de habilidades de Jack é a capacidade de defesa. Enquanto no primeiro jogo ele podia rebater tiros ao atacar no momento exato em que fosse atingido, agora ele pode adotar uma postura defensiva para bloquear disparos e ataques. Executar essa ação no timing correto também permite que ele rebata tiros ou contra-ataque de forma devastadora quando atacado diretamente por alguns inimigos.

Essa nova mecânica, embora sutil, tem um impacto notável no gameplay, tornando a defesa mais acessível e proporcionando ao jogador a opção de ser ofensivo ou adotar uma abordagem mais cautelosa. Consequentemente, a dificuldade acentuada, que é característica marcante do primeiro jogo, torna-se mais gerenciável.

A árvore de habilidades de Jack também foi aprimorada na forma como é configurada. Agora, o jogador adquire créditos ao longo do jogo, que podem ser usados para comprar melhorias em pontos de venda ou na base dos Escaladores durante os intervalos entre fases. Essas melhorias se apresentam como módulos que devem ser encaixados na placa mãe de Jack, sendo que esta precisa ser melhorada ao coletar peças durante o jogo, permitindo o uso de mais módulos.

A forma de instalação das habilidades de Jack na placa ainda inclui um sistema de limitação para evitar que o personagem se torne excessivamente poderoso, assim como no primeiro jogo. Cada habilidade tem um custo que deve ser respeitado para a instalação. No entanto, algumas habilidades oferecem bônus quando instaladas de acordo com certas regras, como quando são a única em uma trilha de dados ou estão cercadas por outras habilidades. Isso possibilita a criação de um GR poderoso, embora com concessões.


A maior inovação é, sem dúvida, a introdução da motocicleta. Em determinado ponto da campanha, Jack adquire uma moto de alta potência que alcança velocidades impressionantes em um instante. Em uma etapa crucial da campanha, a moto é essencial para percorrer longas distâncias em uma área aberta e alcançar objetivos. Além disso, a moto proporciona a Jack a capacidade de executar manobras impressionantes e é útil em combates ocasionais.

Infelizmente, o uso da motocicleta não é perfeito, uma vez que sua potência às vezes dificulta a manobrabilidade e ocasionalmente leva a situações de emperramento inexplicáveis. Embora sejam casos mais isolados, ainda são possíveis de ocorrer. A exploração na área aberta do jogo também não é tão prazerosa quanto aparenta, trazendo muitas áreas vazias com pouco a desbravar mas ainda com alguns segredos a serem descobertos.

Um ritmo familiar, só que um pouco diferente

Como alguém que teve uma experiência significativa com o primeiro jogo da série, pude discernir com maior clareza as melhorias e inovações trazidas por Ghostrunner 2 em comparação com seu antecessor. Sem dúvida, uma das áreas que apresentou melhorias mais notáveis na sequência foi o gameplay. Os controles continuam ágeis e agora oferecem uma precisão ainda maior, mesmo quando se joga com um controle, como no meu caso.

Do ponto de vista gráfico, Ghostrunner 2, sendo um título exclusivo para a nova geração, demonstra uma melhoria substancial nos visuais, beneficiada pelas altas resoluções oferecidas e pelas diferentes opções de modo de jogo. Além dos modos de qualidade e desempenho já tradicionais, que são comuns na maioria dos jogos lançados para PC e os novos consoles, Ghostrunner 2 também suporta taxas de atualização mais altas, acima dos 60Hz. Vale ressaltar que um monitor ou televisão compatível com essa tecnologia é necessário para aproveitar essa vantagem, que é particularmente bem-vinda em um título com foco na ação, como é o caso deste jogo.


Nesse ponto, a ênfase, em minha opinião, é dada a um ritmo de jogo menos frenético em comparação com seu antecessor. Enquanto no primeiro Ghostrunner, frequentemente nos encontrávamos sem fôlego diante da intensidade das situações na tela, Ghostrunner 2 oferece um equilíbrio entre ação e jogabilidade mais gerenciável e menos caótica.

Até mesmo os enfrentamentos com os chefes, que foram pontos altos do primeiro jogo, parecem ser menos desafiadores em minha sincera opinião. Ao contrário do antecessor, no qual eu frequentemente morria repetidas vezes até compreender os padrões de ataque dos inimigos, nesta sequência, talvez devido à experiência adquirida com o primeiro Ghostrunner, senti que os desafios eram menos árduos.

Não que Ghostrunner 2 seja um jogo fácil, longe disso, mas em comparação direta com seu antecessor, enfrentar as hordas de inimigos e os temíveis chefes do jogo pareceu menos complicado. A qualidade do jogo ainda é evidente, mas com doses de caos ligeiramente mais moderadas e menos complicadas até mesmo para quem está chegando agora a este universo.

Para quem busca uma dose extra neste aspecto, algumas fases trazem provas de habilidade em que o jogador precisa completar determinadas tarefas em um tempo pré-determinado. Além disso, o modo roguelike, adicionado posteriormente no primeiro jogo, já está disponível de cara em GR2, prometendo mais horas de jogabilidade para quem quer se tornar um cyber ninja de excelência. Para ter acesso ao RogueRunner.exe, é necessário progredir um pouco na história. Ele também estará disponível no menu principal assim que for habilitado.


Fechando o pacote temos o retorno de Daniel Deluxe encabeçando a trilha sonora do game com faixas de synthwave que injetam mais adrenalina em nossa experiência com Ghostrunner 2. Responsável integralmente pela trilha sonora do primeiro jogo, Daniel assina a trilha do game juntamente com We Are Magonia, Gost, Dan Terminus, e Arkadiusz Reikowski.

Um retorno afiado e promissor

Ghostrunner 2 foi desenvolvido como uma honesta sequência para quem se tornou fã da série em 2020 e agora tem a oportunidade de voltar a empunhar uma lâmina sônica para desmembrar inimigos e realizar movimentos impressionantes para andar pelos psicodélicos cenários de um mundo cyberpunk com histórias interessantes para contar e mais corpos para dilacerar.

A sequência é uma evolução bem-vinda de seu antecessor, com melhorias substanciais na jogabilidade e nos aspectos visuais, mantendo a ação eletrizante que caracteriza a série, enquanto proporciona um ritmo mais controlado e gerenciável. É uma continuação que deve agradar tanto aos fãs do primeiro jogo quanto a novos jogadores em busca de ação e desafio.



Prós

  • O enredo foi substancialmente melhorado;
  • Trilha sonora empolgante;
  • Jogabilidade aprimorada em relação ao antecessor, com mobilidade mais precisa e habilidades especiais mais funcionais;
  • Ritmo de jogo mais equilibrado e nível de desafio mais acessível em relação ao primeiro jogo;
  • O modo roguelike (RogueRunner.exe) promete boas horas extras de ação para quem quer mais desafios.

Contras

  • A jogabilidade com a motocicleta é divertida mas ainda deixa a desejar em alguns aspectos;
  • A área de mapa aberto é pouco interessante e monótona de explorar;
  • O desafio mais regrado pode desanimar um pouco os que curtiam a experiência mais exigente do jogo anterior.
Ghostrunner 2 — PC/PS5/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Juliana dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela 505 Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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