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Análise: Invector: Rhythm Galaxy (PC) é uma viagem musical pulsante por um universo estiloso

A nova entrada na série de ação rítmica continua com a atmosfera estilosa e frenética, mas falha em trazer novidades.


Em Invector: Rhythm Galaxy, dirigimos uma nave para viajar por galáxias surreais em uma viciante experiência musical. Na prática, este é mais um jogo de ritmo tradicional, porém a jogabilidade tem algumas mudanças durante as faixas, com visuais elaborados que complementam as partidas. O terceiro jogo na série Invector tem como maior novidade uma seleção musical eclética, porém acaba escorregando ao não se esforçar para tentar corrigir os problemas dos anteriores.

Navegando pela galáxia na batida do som  

Em cada uma das fases de Invector, o objetivo é apertar botões no ritmo da música para fazer a nave acelerar. As pistas têm três variações que alteram sensivelmente a jogabilidade. Nos trechos planos, as notas aparecem em colunas diferentes e precisamos mudar para a faixa correta para acertá-las. Nos túneis triangulares, é necessário mover para diferentes faces deles para conseguir alcançar os comandos. Por fim, nos trechos de voo livre, o objetivo é atravessar anéis. A transição entre os estilos de pista é suave e todos os estágios têm ao menos dois deles.


O desafio, então, é uma mistura de posicionamento da nave com ritmo, o que traz um leve aspecto de ação ao jogo. Ter que lidar com tantas coisas simultaneamente pode ser um pouco demais, porém há alternativas para diferentes tipos de jogadores. Além de influenciar a complexidade dos padrões de notas, os níveis mais avançados incluem mais botões, o que deixa as coisas mais complexas e intensas. Já o modo fácil exige apertar um único botão, sendo uma ótima opção para iniciantes.

Essas mecânicas são exploradas em dois diferentes modos. Na campanha, visitamos diferentes planetas enquanto completamos estágios espalhados em um mapa linear. Cada área conta também com uma fase de desafio na qual o escudo da nave não se regenera, nos forçando a errar o mínimo possível. Há uma trama e personagens, mas os diálogos e a narrativa são sem graça e irrelevantes. Já nas partidas livres, podemos jogar qualquer uma das músicas, com direito a placares online. Um multiplayer local para até quatro jogadores também está disponível.



Em uma experiência viciante e eclética

Ao meu ver, um bom jogo de ritmo não precisa inventar muito, bastando ter padrões de notas bem pensados e precisão de comandos. Invector: Rhythm Galaxy atende a esses requisitos e consegue ir um pouco além com suas características singulares. Dirigir a nave no compasso da música é empolgante, principalmente por causa das mudanças constantes de estilo de pista: cada tipo de terreno tem particularidades próprias e é um bom desafio readaptar o pensamento e os comandos com frequência. Os comandos são precisos e há uma sensação constante de fluidez durante as partidas.


Um dos maiores destaques de Rhythm Galaxy é a sua trilha sonora. Enquanto os títulos anteriores da série focavam apenas nas composições majoritariamente eletrônicas do produtor sueco AVICII, o novo Invector apresenta uma seleção eclética de 40 faixas licenciadas. Há de tudo um pouco, como Paramore, Linkin Park, Charli XCX, Duran Duran e até mesmo Tina Turner. O foco está mais no pop e eletrônico, mas algumas faixas exploram estilos diferentes, como a exótica batida com inspirações indianas em “Adalam Va!” de Priya Ragu e o som latino de “Esta Noche”, de Greeicy Rendón. Confesso que não estava familiarizado com a maioria delas, porém me diverti conhecendo novas músicas.


A qualidade das sequências de notas varia um pouco. Nas faixas de estilo eletrônico ou com ritmo mais acelerado a correspondência de comandos é fluida, já as músicas mais lentas ou com batidas irregulares têm padrões estranhos que nem sempre combinam bem com o áudio. Nas dificuldades mais altas o resultado é melhor, pois há mais notas e botões, no entanto o saldo geral é positivo.

Visualmente, Rhythm Galaxy é um espetáculo. Em nossa viagem pela galáxia, atravessamos planetas gelados, cidades futuristas, regiões tomadas por lava, áreas espaciais repletas de estruturas brilhantes e mais. Além de serem elaborados, os cenários contam com elementos que são influenciados pela trilha sonora, como construções que brilham na batida da música ou alterações na altura da pista de acordo com a intensidade do som. A combinação desses elementos deixa as partidas bem imersivas.



Problemas que soam como um disco arranhado

Precisão é uma máxima em jogos de ritmo e, infelizmente, Invector: Rhythm Galaxy peca um pouco neste aspecto. O visual repleto de explosões e elementos é interessante, mas algumas decisões atrapalham as partidas. Em alguns momentos, a pista assume ângulos agudos que atrapalham saber que notas vêm a seguir — há casos em que os comandos ficam completamente obstruídos pela pista. Além disso, sem motivo aparente, a velocidade da ação e o nível de zoom da câmera mudam, atrapalhando nosso senso de espaço e de ritmo.


O desafio tem alguns picos estranhos. Certas sequências são desnecessariamente complicadas, bastando errar uma única nota para perder todas as subsequentes. Isso acontece especialmente quando a pista vira o túnel, sendo muito fácil se perder nas rotações da câmera. Faltou também maior equilíbrio na complexidade das faixas: algumas músicas são bem fáceis e outras bem difíceis, mas é complicado saber isso, pois não há indicação nos menus. Essa questão fica ainda mais aparente na campanha, cujo desafio é todo irregular. A curva de dificuldade também é brutal, com estágios extremamente complicados nas dificuldade Difícil e Ultra.

O pior é que muitos desses aspectos negativos já estavam presentes em AVICII Invector e, infelizmente, eles se mantêm aqui. Inclusive, muito do conteúdo do jogo anterior é reaproveitado, como certos cenários e elementos visuais. Houve tentativas de trazer um pouco de novidade, como desafios na campanha e diferentes visuais para a nave, porém o impacto é mínimo.


Mesmo assim, a experiência é sólida. Com treino e insistência, fui capaz de contornar os problemas para terminar a campanha e até mesmo arriscar algumas tentativas nos níveis Difícil e Ultra. No entanto, é uma pena que a oportunidade de melhorar os elementos tenha sido desperdiçada.

Deslizando em um formidável universo sonoro

Invector: Rhythm Galaxy mescla ritmo e visual em uma ótima jornada musical. Controlar uma nave na batida do som é empolgante, especialmente por causa das constantes mudanças de estilo da pista. Além disso, a atmosfera é impressionante com cenários coloridos e brilhantes que pulsam no compasso da eclética trilha sonora. Alguns elementos poderiam ter sido melhor trabalhados, como a curva de dificuldade e o caos visual, e há poucas novidades em relação ao título anterior. Envolvente e com bom desafio, Invector: Rhythm Galaxy oferece uma experiência harmoniosa recomendada para fãs do gênero.

Prós

  • Mecânicas de ritmo sólidas e com algumas boas ideias espalhadas por três estilos de jogabilidade;
  • Seleção musical diversa com 40 faixas licenciadas;
  • Complexidade interessante de sequências de notas exploradas em diferentes níveis de dificuldade;
  • Visual belo e elaborado que pulsa no ritmo da música.

Contras

  • Problemas visuais atrapalham ver as notas em muitos momentos;
  • Os níveis de dificuldade e a curva de aprendizado poderiam ser mais consistentes;
  • Muitos elementos reaproveitados do título anterior.
Invector: Rhythm Galaxy — PC — Nota: 8.0
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Warner Music Group

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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