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Análise: Warhammer 40,000: Boltgun (Multi) traz explosões e toneladas de tiros, mas peca na parte sonora

Em um shooter aos moldes dos clássicos Doom e Quake, espalhe miolos de cultistas por masmorras e calabouços em nome da ordem.

Vocês piscaram e mais um título da extensa franquia Warhammer 40,000 chegou às plataformas. Warhammer 40,000: Boltgun é o 63º jogo da série de boardgames criada em 1987 e que foi levada para os videogames em 1992. Ao todo, são englobados os cenários  Warhammer 40,000, Epic, Space Hulk e Space Crusade. 

Vale citar também que eles variam entre diversos gêneros, como RPG, FPS, ação, aventura, entre outros. Boltgun, por sua vez, é um legítimo Boomer Shooter… mas o que seria isso exatamente?

Se tem corpos no chão é porque já passei por aqui, certo?

Para você, que não conhece este termo, eu darei uma breve explicação. Boomer Shooter são os jogos de tiro em primeira pessoa lançados após 2010, que buscam trazer a mesma experiência dos clássicos Doom (1993) e Quake (1996). Ou seja, o foco total está na ação desenfreada, com pilhas de inimigos pelo mapa, deixando de lado uma narrativa mais densa. Alguns exemplos recentes de Boomer Shooters são Amid Evil, Ion Fury e Ultrakill.

Boltgun segue exatamente essa premissa, com o visual noventista dos seus “avós”, e totalmente voltado para o extermínio total das criaturas que aparecem pelo caminho. Logo, temos pouca informação, para não dizer nenhuma, do porquê estamos atirando e explodindo tudo que se move.

Entretanto, isso não é nenhum impeditivo para curtir o jogo. É muito satisfatório sair pelos cantos de cada arena bradando a Boltgun, ou as outras sete armas escandalosamente fortes que encontramos pelo caminho, espalhando miolos de monstros, Space Mariners, cultistas e demais criaturas. Se acabarem as balas, ainda contamos com uma serra, que serve para o combate corpo-a-corpo.

A jogabilidade tem um papel chave nisso. Por mais que nossa missão só envolve andar, atirar e pular, os controles respondem muito bem e com precisão, o que é imprescindível nas dificuldades mais altas, que exigem atenção e reflexos mais afiados.

O que faltava para deixar tudo perfeito seria um mapa. Entendo que os caminhos labirínticos também sejam uma característica deste tipo de shooter, mas fases que poderiam ser concluídas rapidamente podem fazer alguns jogadores inexperientes demorarem o dobro do tempo, só pelo fato de ser necessário visitar mais de uma vez a mesma área após encontrar alguma chave ou item vital.

Nem mesmo dá para levar em consideração a estratégia de deixar uma trilha de corpos pelo caminho, pois como os inimigos continuam aparecendo, ficam cadáveres por todos os lados. Nem que fosse um indicativo após eliminar uma onda de criaturas ou o chefe da área, já ajudaria muito.

Cadê meu tema?

Mesmo com a estética pixelizada, os ambientes soturnos e macabros de Boltgun são detalhados, e o mesmo pode se dizer dos inúmeros inimigos que estão à espreita. Desde as cores até os formatos, tudo é muito chamativo e cria o clima hostil ideal para a matança.

Quanto aos níveis de dificuldade, há desde um mais brando até outro que simplesmente abarrota milhares de seres infernais no mesmo metro quadrado. Diferente de outros gêneros, aqui faz parte do desafio exterminar largas levas em um espaço limitado e o nível mais extremo torna-se altamente divertido, principalmente após coletarmos todas as armas. É a graça de Boltgun, afinal.

Para quem não se sentir confortável com o tanto de coisas acontecendo ao mesmo tempo, já que a inevitável poluição visual pode causar um certo incômodo, há uma maneira de tornar a experiência mais branda. Nos recursos de acessibilidade, é possível acionar invencibilidade e seleção de fases. 

Não estão disponíveis outras trapaças, como munição infinita ou um indicativo de onde estão os segredos de cada estágio, mas particularmente acredito que eles não são necessários, pois a munição é abundante em todos os cantos e os segredos não são tão difíceis assim de serem achados.

Quanto à trilha sonora, ela simplesmente não dá uma amostra sequer de presença. O ritmo frenético de Boltgun, e inclusive da série Warhammer 40,000, demanda algo forte e impactante junto com as explosões e tiros, como uma dose de heavy metal ou trilha mais pesada. Um exemplo disso é outro jogo da franquia, Shootas, Blood & Teef, que investiu em diversos temas fortes e isso ajudou a tornar o ritmo da ação mais coeso e agradável.

Sem contar que o próprio Doom já mostrou quanto a música apropriada faz diferença na hora do tiroteio desenfreado. Tanto o original quanto a versão de 2016 têm uma canção para cada situação, o que torna impecável a sensação de ser um caçador de demônios.

Um festival de sangue e balas

Warhammer 40,000: Boltgun não veio para contar história e sim para promover o caos com diversão, o que ele faz com louvor. Ser direto ao ponto aqui não é um defeito e o torna um título ideal para quem sentia saudades dos clássicos dos FPS, ou melhor, dos Boomer Shooters.

Prós

  • A jogabilidade é simples e ideal para um shooter;
  • Ótimos visuais retrô baseados em Doom e Quake;
  • Recurso de invencibilidade torna viável para os mais inexperientes jogarem nas dificuldades mais altas.

Contras

  • As rotas labirínticas causam confusões na hora de progredir;
  • Em alguns momentos há poluição de explosões e monstros na tela;
  • O impacto da trilha sonora inexiste.
Warhammer 40,000: Boltgun - PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise:PS4
Revisão: Thais Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Focus Entertainment

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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