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Análise: Nightmare Reaper (Multi) traz boas ideias ao gênero FPS com direito a muita ação e variedade

Enfrente os seus pesadelos nessa aventura repleta de tiroteios no melhor estilo clássico.


Desde que o gênero despontou no mercado com nomes como Wolfenstein 3D, em 1992, e Doom, em 1993, jogos do tipo FPS evoluíram muito, com direito a produções de ponta e mecânicas modernas. Mesmo assim, volta e meia temos lançamentos com uma pegada mais clássica, como o recém-chegado Nightmare Reaper. Que tal conhecer esse ótimo game, que também traz algumas novidades pontuais, em mais uma análise repleta de ação e emoção?

Longa e orgulhosa estirpe

Originalmente lançado para PC em 28 de março do ano passado, Nightmare Reaper finalmente chegou em 18 de maio de 2023 para todos os consoles da geração atual e anterior: PlayStation 4 e 5, Xbox Series e Switch. Sua proposta é a seguinte: no papel de uma mulher internada em um hospital psiquiátrico, o jogador precisa enfrentar os misteriosos pesadelos da moça, que são repletos de monstros e outros perigos.
Tudo remonta a misteriosa instalação médica
Admito que demorei para entender o que estava acontecendo, visto que não há qualquer cutscene ou vídeo de introdução. Existem algumas dicas sobre o enredo em alguns detalhes do jogo (e no material promocional), mas elas surgem de forma lenta e pouco impactante. É uma pena, pois confesso que a ideia teria potencial para tornar Nightmare Reaper ainda mais interessante e viciante.
Uma verdadeira festa de explosões e fragmentos
Por exemplo, uma pergunta que fica é: qual a ligação dos pesadelos – com seus desafios cada vez mais difíceis e variados – com a vida real e a protagonista? Será que os dois mundos realmente são separados? Seja como for, a atração principal do game fica na jogabilidade dos combates e exploração, tal como nos já citados títulos semelhantes.
Afinal, até mesmo uma grande produção como Doom Eternal (Multi) acabou deixando o enredo no banco do carona e colocou a ação intensa na direção. A campanha é razoavelmente longa, com fases que mudam lentamente, trazendo novos tipos de inimigos e cenários regularmente. Essa evolução nunca deixa a aventura se tornar repetitiva e mantém o nível de dificuldade sempre equilibrado.

Variedade para ninguém botar defeito

Uma característica importante dessas fases é que elas têm elementos gerados aleatoriamente. Ou seja, se morremos em alguma delas, ao tentarmos novamente vamos encontrar desafios diferentes. Nem sempre a disposição das partes que compõem os níveis é feita de forma totalmente adequada e eventualmente vemos algumas repetições, mas no geral elas são bem construídas.
Segredos estão escondidos por todas as partes
Temos muitos inimigos para enfrentar, como dragões, zumbis e magos, e algumas seções de plataforma e quebra-cabeças leves, assim como eventos aleatórios. Esses últimos são bem interessantes, como a vez em que entrei em uma fase na qual a gravidade era invertida a cada certo número de segundos. Também é interessante procurar passagens e itens secretos pelas fases.
Alguns chefes são assustadores e poderosos
Os tiroteios, entretanto, são o destaque de Nightmare Reaper. São 80 armas diferentes, incluindo motosserras, tomos mágicos, escopetas, facas, carabinas, machados, entre tantas outras. Cada uma é dividida em níveis de raridade e contam com efeitos secundários que incluem mais de 30 opções. Todas são divertidas de utilizar e possuem características bem distintas, mas ficam algumas ressalvas.
Muitas opções para derrotar os inimigos
Inicialmente, apenas duas armas podem ser equipadas por vez – é possível aumentar esse número comprando melhorias – e, ao final da fase, somos obrigados a escolher somente uma para começar o próximo nível (o resto se transforma em dinheiro para as melhorias). Mesmo que novos equipamentos apareçam de forma farta, fica um gosto ruim ao abrirmos mão de itens com raridade alta e que talvez não encontremos tão cedo.

Ideias novas e velhas

Para avançar pela campanha de Nightmare Reaper, é possível comprar melhorias diversas para a protagonista. O sistema que permite isso é curioso: por meio de um dispositivo que lembra um Game Boy Advance SP, o jogador utiliza cartuchos para acessar minigames que, ao serem completados, concedem efeitos como mais vida, maior capacidade de carregar munição, resistência ao fogo, entre tantos outros, além de novas habilidades como pulos duplos e dashes.
Super Mario Bros. 3 do NES, digo, Nightmare Reaper é divertido
Esses minigames não são incríveis, mas ajudam a quebrar o ritmo acelerado das fases e seus combates cada vez mais difíceis. Caso o jogador não queira disputar os minigames no estilo Super Mario ou Pokémon (sim, isso mesmo), basta desligá-los nas configurações e acessar as melhorias diretamente. Aliás, o game conta com uma generosa quantidade de customizações disponíveis, incluindo mods para quem busca mais dificuldade e até desafios no estilo speedrun.
Se por um lado os minigames têm os já comentados atrativos, por outro eles salientam um problema do título: os visuais. O estilo pixelado, embora remeta aos clássicos do gênero FPS, nem sempre é usado de forma adequada e em vários casos resulta em situações confusas e feias. Por exemplo: quando temos muitos inimigos próximos em meio a tochas flamejantes, explodindo em poças de ácido e próximos de paredes quadriculadas, as coisas ficam bastante desagradáveis.
Sair voando pelos cenários é uma experiência aleatória interessante
Felizmente, no geral os visuais não prejudicam e até ajudam a dar um tom meio tenso, sobretudo nas explorações. Nos demais quesitos técnicos, Nightmare Reaper faz mais bonito, com destaque para a trilha sonora no estilo heavy metal. Com exceção de quando abrimos o game, as telas de carregamento são inexistentes.

Faltou um pouco mais

De maneira geral, temos aqui um jogo que presta homenagem a vários outros games, adicionando algumas características próprias interessantes. Eu me considero um entusiasta do gênero FPS: além da já citada aventura do Slayer e seus DLCs, posso incluir outros títulos na lista como Serious Sam 4 (Multi), House of the Dead: Remake (Multi) e Project Warlock (Multi). Todos eles, à sua própria maneira, trouxeram algo novo à fórmula.
Seria legal ter visto as artes e os vídeos promocionais dentro do game
Da mesma forma, Nightmare Reaper faz uso de elementos clássicos como os visuais, as fases labirínticas e repletas de segredos e a jogabilidade simplificada, adicionando algumas novidades pontuais. Elas incluem: um sistema de melhorias único; o elemento roguelite das fases geradas aleatoriamente; uma história interessante; grande variedade de armas, habilidades e melhorias; entre outras.
Embora o resultado dessa mistura seja divertido e competente, não espere uma revolução ou uma experiência imperdível. A própria apresentação do game, incluindo a sua abertura (lembrando que não existem cutscenes ou mesmo uma tela inicial) e os menus, é modesta demais, tal como a já comentada história. Mais um pouco de cuidado e o game seria ainda mais recomendável.

Uma ótima e dinâmica aventura

Mantendo uma base muito próxima dos clássicos do gênero, enriquecida com elementos modernos, Nightmare Reaper é um ótimo jogo de FPS, sobretudo para os fãs de Doom e cia. Os tiroteios são sempre divertidos e com dificuldade equilibrada, incrementados por um arsenal bastante farto. Alguns elementos ficaram devendo ao bom nível geral do game, mas ainda assim ele é uma bela pedida para a sua biblioteca.

Atire e lute para garantir a sua sanidade em Nightmare Reaper

Prós

  • FPS divertido com pegada clássica e bom nível de desafio;
  • História de fundo é interessante;
  • Grande quantidade de armas, habilidades e equipamentos para utilizar;
  • Boa quantidade de segredos e fases para explorar;
  • Jogabilidade é sólida e tem boas opções, como um sistema de melhorias criativo;
  • Trilha sonora de alta qualidade.

Contras

  • Visuais poderiam ser um pouco mais caprichados em certos elementos;
  • História e apresentação geral, entre outros elementos, teriam potencial para ganhar mais destaque.
Nightmare Reaper — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Davi Sousa
Análise redigida com cópia digital cedida pela FEARDEMIC

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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