Jogamos

Análise: Evil West (Multi) é uma aventura no velho oeste repleta de ação e diversão

Combates muito bem trabalhados e com boa dose de desafio são o destaque desse ótimo game.


São muitos os gêneros explorados pelo universo dos games para ambientar grandes aventuras. Dentre eles, o faroeste tem o seu lugar de destaque, sobretudo pelo seu sucesso de seu primeiro grande lançamento, Red Dead Redemption (PS3/X360). Agora a vez é de Evil West, jogo de ação situado em um velho oeste sobrenatural.  O game segue  desbravando o mercado com competência, conforme vamos conferir nesta análise repleta de poeira, pólvora e pancadaria.

Nos tempos do velho oeste

Confesso que minhas primeiras impressões de Evil West, logo quando  foi divulgado inicialmente, é que ele seria parecido com Doom Eternal. Depois de finalmente jogá-lo, fica claro que o game na verdade se baseia em God of War. Grande sucesso de 2018, é possível notar que a aventura de Kratos foi uma fonte de ideias em termos de combate e outros elementos de forma geral.
Prepare-se para uma aventura repleta de ação
Não que o novo game seja meramente uma cópia; na verdade é muito pelo contrário, pois temos uma proposta original e interessante. A história tem como protagonista Jesse Rentier, caçador e membro de uma organização que combate monstros sobrenaturais. Após derrotar um vampiro que buscava  guerra contra a humanidade, o herói e seus aliados entram em uma luta mortal contra a poderosa filha do falecido sanguessuga.
 
É uma pena que, na prática, é como se o jogador fosse lançado sobre um cavalo em pleno trote: não existe nenhuma introdução adequada ao contexto do game, que só revela suas qualidades de forma satisfatória depois de muita estrada percorrida. Nossas ações durante a campanha também têm pouco impacto no enredo, que mais serve como consequência do que causador.
Digo isso porque citei God of War antes, um game que equilibra jogabilidade e história de forma praticamente perfeita. O leitor pode me criticar pela comparação injusta (e com razão!), mas reforço que tento apenas  expressar o meu sentimento ao jogar Evil West. A ambientação de faroeste, incluindo os elementos sobrenaturais, é digna de elogios e o enredo funciona bem o suficiente para aproveitarmos a campanha.

Um cavalo contra um fósforo riscado

Antes que os parágrafos prévios levem o leitor a pensar que o game é ruim, vamos começar a falar dos seus pontos fortes: jogabilidade e mecânicas de forma geral. Foi uma aposta arriscada ter um enredo pouco explorado, além de uma linearidade exagerada que irei explicar em breve, mas o resultado foi bem-sucedido. Evil West é divertido e desafiador de se jogar, contando com ótimas lutas e recursos.
Lembre-se de fazer bom uso das diversas habilidades disponíveis
Jesse conta com socos e chutes poderosos, assim como esquivas ágeis. No quesito armas de fogo, que funcionam por cooldown, o caçador também conta com recursos interessantes. Para longas distâncias, um rifle com alta precisão; para curtas distâncias, a escopeta é uma boa alternativa. Esses equipamentos e habilidades, que totalizam nove armas, funcionam muito bem e são divertidos de usar, sobretudo considerando a boa aplicação do efeito háptico do DualSense.
 
Cada um desses recursos é necessário dada a exigência dos inimigos. Há  todo tipo  de monstro maligno para enfrentar, cada um deles consistindo de uma amálgama de criaturas tradicionais como zumbis, vampiros e lobisomens. Eles são apavorantes de maneira equilibrada e oferecem lutas desafiadoras na medida certa. Os vilões agem em grupos, têm habilidades variadas e são bastante agressivos.
Inclusive, existem ataques que são indefensáveis, mas que podem ser esquivados e até “quebrados”, abrindo possibilidade para um contra-ataque. É possível defender investidas com uma luva elétrica e finalizar inimigos enfraquecidos com golpes fulminantes  que garantem recursos vitais. Também é fundamental fazer uso dos pontos fracos dos monstros, sobretudo utilizado as armas de fogo.

O bom, o mau e o bonito

Alguns dos elementos anteriores remontam àquelas semelhanças com a aventura de Kratos que comentei anteriormente. Mesmo não chegando no mesmo nível, tudo é digno de elogios pois cada combate é sempre divertido. Subir de nível e coletar ouro para melhorar o personagem e seus equipamentos é outra atração, sobretudo graças às boas vantagens e melhorias disponíveis.
É possível customizar a aparência, as habilidades e os equipamentos de Jesse
As mecânicas foram bem implementadas e funcionam com competência. Ao mesmo tempo, a jogabilidade é intuitiva e fluida. Realmente temos um jogo de ação com lutas competitivas e agradáveis de se disputar. Infelizmente, os dois elementos acabam sendo utilizados somente de forma linear, visto que a campanha não tem desafios extras ou proporciona grandes novidades ao jogador.
 
Quero deixar claro que a crítica é mais no sentido de desperdício do que de problema. Não há nada demais em Evil West focar em uma campanha bem delineada e nos ótimos combates pelo caminho. Isso apenas limita o seu impacto final e deixa aquele gostinho de quero mais.
Conforme o jogo avança, Jesse obtém ataques cada vez mais poderosos
Até porque existem alguns quebra-cabeças eventuais e pequenas explorações – ainda que sem muitas liberdades – para avançar na campanha, seja para enriquecer os cofres, seja para obter itens cosméticos e colecionáveis. Esses momentos são bons para quebrar o ritmo das lutas, nas quais o  maior destaque são as batalhas contra os chefes.
Evil West reserva belas paisagens
Em termos de produção técnica, o game também é bastante competente. Mesmo não sendo fruto de uma grande produtora, ele  é bonito e tem  belos efeitos. O som é igualmente interessante, sobretudo nas explosões, gritos e raios. Como última qualidade, é importante ressaltar que o game pode ser jogado de forma cooperativa

Era uma vez no oeste

No fundo, Evil West é um daqueles exemplos que reforçam o mais importante em um videogame: a diversão de  jogar. Neste caso, lutar contra monstros sobrenaturais em um faroeste bonito e desafiador. Claro que uma história mais robusta e bem azeitada com os combates seria ótimo, assim como contar com missões mais variadas. Ainda assim, temos um lançamento repleto de ação e boas qualidades para os fãs do gênero.
Uma aventura direto do velho oeste!

Prós

  • Jogo de ação e aventura divertido e radical, com combates de primeira;
  • Estilo e produção visual de boa qualidade;
  • Jogabilidade acessível e dinâmica;
  • Mecânicas de jogo bem pensadas e executadas;
  • História e ambientação justificam o game de forma interessante.

Contras

  • Excesso de linearidade e simplicidade, sem quaisquer missões extras ou melhor utilização da ambientação e seus personagens.
Evil West — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Focus Entertainment

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google