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Análise: Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões (PC) é a melhor adaptação da Sony para os PCs até agora

A franquia Uncharted estreia nos PCs com um port otimizado e uma coletânea imperdível para fãs de aventura.

Lançada em janeiro deste ano para PlayStation 5, Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões é uma remasterização de duas das melhores aventuras single player da vasta biblioteca do PlayStation 4: Uncharted 4: A Thief’s End e Uncharted: The Lost Legacy.


Embora a adaptação para o console mais recente da Sony tenha sido amplamente criticada e até mesmo rotulada como um caça-níquel pelas pequenas melhorias frente às versões já acessíveis via retrocompatibilidade, a chegada da versão de PC desta coletânea deve ser comemorada por todo entusiasta de aventuras cinematográficas em terceira pessoa. 

Afinal, a elogiada e outrora exclusiva franquia Uncharted finalmente estreia em uma nova plataforma — e o resultado, sendo sincero, é o melhor port da Sony até agora em questões de performance e otimização.

Todo o legado de um ladrão

Como as qualidades individuais dos dois jogos desta coletânea já foram bradadas por inúmeras análises desde os seus lançamentos originais em 2016 e 2017, respectivamente, não vou me demorar muito nesses aspectos; esta será uma análise mais focada na parte técnica da adaptação para os computadores, portanto.

Ainda assim, caso você por algum motivo não conheça a saga Uncharted, aqui vai uma breve descrição da franquia e do que é possível esperar tanto no quarto jogo da saga quanto em sua expansão The Lost Legacy, ambos disponíveis nesta coleção.

Criada por Amy Hennig, uma das mulheres mais influentes da indústria dos games, Uncharted é uma das séries mais longevas e também mais aclamadas dos consoles PlayStation. Desde a sua estreia com Uncharted: Drake’s Fortune (PS3), a história do caçador de recompensas Nathan Drake e de suas aventuras pelo mundo ganhou inúmeros prêmios e elogios de crítica e público, que enxergou no jovem protagonista um carismático híbrido de Lara Croft e Indiana Jones.

Concebido pela americana Naughty Dog, que logo viu seus lançamentos escalarem tanto em qualidade quanto em vendas, não demorou muito para que Nathan Drake e Uncharted se tornassem um símbolo da Sony e um ícone cultural do final dos anos 2000. Sua aceitação foi tamanha, que a saga logo se expandiu para outras mídias, como livros, quadrinhos e cinemas, com um longa-metragem estrelado por Tom Holland sendo lançado este ano.

Méritos de uma franquia que sempre entregou aquilo que se propôs a fazer: games envolventes com o equilíbrio correto entre ação cinematográfica, plataforma e puzzles. Uncharted 4: A Thief’s End é o ponto mais alto da saga e a conclusão (até agora) da saga de Nathan Drake. Já Uncharted: The Lost Legacy traz uma aventura menor em duração e escala, protagonizada pelas caçadoras de recompensas Chloe Frazer e Nadine Ross. 

Mesmo anos após seus lançamentos originais, ambos os títulos conservam seu poder de impactar o jogador, oferecendo horas e mais horas de diversão com momentos épicos, reviravoltas e tudo o que se pode esperar de produções AAA da Sony. Não se engane: a verdade nua e crua é que, anos depois, pouquíssimos jogos lançados superam a qualidade desses dois games. Portanto, a chegada de Legado dos Ladrões ao PC, ainda que tardia, deve ser muito comemorada.

Uma ótima primeira impressão

Feitos os elogios, de quase nada adiantaria Uncharted chegar ao PC se o port fosse malfeito ou explorasse de forma pífia os recursos da plataforma. Felizmente, é com um sorriso no rosto que escrevo que este não é o caso aqui. Na verdade, esta coleção é, de longe, a melhor adaptação da Sony para os computadores até agora.

É uma grande surpresa, principalmente se levarmos em conta que a versão para PCs praticamente não foi mostrada ou mencionada pela empresa japonesa após o anúncio original, em setembro do ano passado. Para efeito de comparação, nesse mesmo intervalo, tanto God of War quanto Marvel’s Spider-Man Remastered tiveram suas versões de PC reveladas e lançadas antes de Uncharted ter ao menos uma data de chegada à nova plataforma. 

Tamanha demora levou alguns jogadores (incluindo este redator que vos escreve) a questionar se haveria algo errado nos bastidores. Assim, acredito que você pode imaginar qual foi a minha surpresa ao notar a boa otimização da coletânea logo na sequência inicial de Uncharted 4.

Usando um Ryzen 5 3600XT, 16GB de RAM em 3200 MHz e uma GTX 1080 Ti (equipamentos capazes, mas de gerações já ultrapassadas de hardware), obtive entre 90 e 100 quadros por segundo no preset mais alto do jogo em 1080p. A alta e impressionante média se manteve constante por todo o período de review e em todos os cenários que vi no game, logo me levando a testar o jogo em 4K, sem e com o auxílio da tecnologia FSR, aqui implementada em sua versão 2.0.

Em 4K nativo no preset médio, o jogo flutuou em torno dos 30 quadros por segundo em meu PC. Já com o upscaling proporcionado pela solução da AMD, foi possível atingir taxas mais próximas dos 60 quadros, especialmente quando usado no modo equilibrado ou desempenho.

Assim, considerando os requisitos divulgados pela Sony e a minha própria experiência, preciso elogiar a adaptação da Naughty Dog e da Iron Galaxy. Pelo que presenciei, não há motivos para acreditar que placas de entrada como a GTX 1060 e a RX 570 terão muitas dificuldades para renderizar esta aventura em 900p ou Full HD. Do mesmo modo, donos de uma RTX 3060 Ti ou placas equivalentes podem mirar resoluções mais altas sem medo de serem felizes. 

Uma experiência perfeitamente adaptada para os PCs

Investigar o menu desta coleção revela seis parâmetros gráficos que podem ser ajustados de acordo com a preferência e o hardware do jogador. É possível configurar individualmente a qualidade das texturas; qualidade dos modelos; presença de filtro anisotrópico; sombras; e reflexos e oclusão de ambiente.

Além disso, é possível mudar a resolução da tela e de renderização separadamente, travar a exibição do jogo em 30 quadros por segundo; ativar tecnologias de upscaling, como o FSR e o DLSS e definir a intensidade do desfoque de movimento. Também convém citar que o impacto das alterações pode ser medido em tempo real por meio dos indicadores de uso da VRAM e do contador de quadros por segundo in-game. 

É preciso mencionar que, em suas configurações mais altas, ambos os jogos apresentam um espetáculo visual mais bonito e principalmente mais fluido do que o encontrado no PlayStation 5, reforçando o fato de que, desconsiderando a ausência do irrelevante modo multiplayer presente no lançamento original do quarto título, esta torna-se a versão definitiva desses games a partir de hoje. 

Até mesmo o Áudio 3D e os recursos do DualSense estão presentes aqui, bastando utilizar o controle mais recente da Sony plugado via USB em seu PC. Mas não que isso seja necessário, pois a adaptação para mouse e teclado também foi bem realizada e as teclas podem ser personalizadas livremente de acordo com a vontade do jogador.

Achou o bastante? Calma, que ainda cabe citar o suporte para resoluções ultrawide, highlights da Nvidia, a taxa de quadros desbloqueada, os possíveis mods… com tantos recursos e a presença do suporte completo à nossa língua pátria, a verdade é que só consigo pensar em dois pontos fracos desta coletânea. 

O primeiro envolve a ausência de Ray Tracing. Por mais que a versão de PS5 não suporte a tecnologia, seria legal ver a sua implementação aqui, especialmente considerando os hardwares mais capacitados para lidar com os efeitos. Já o segundo envolve a estranha ausência dos três primeiros jogos da saga, vistos pela última vez em Uncharted: The Nathan Drake Collection (PS4).

Por mais que seja possível sim curtir Uncharted 4: A Thief’s End e Uncharted: The Lost Legacy sem ter experiência anterior com a franquia, é inegável que estes são os capítulos finais de uma história cuja parte maior foi contada ao longo de outros games. Seria muito interessante ter toda a saga de Nathan Drake disponível em um único pacote, mesmo que como DLC. Então, fica aqui a esperança de que as aventuras restantes não demorem para chegar aos computadores — a franquia como um todo só tem a ganhar.

Escapando a prisão da exclusividade

Um tesouro valioso

Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões mostra que vale a pena esperar o que vale a pena possuir. Bem otimizada e com um arsenal considerável de opções gráficas ajustáveis, a versão de PC é o lançamento definitivo de duas das melhores aventuras single player da história e a desculpa perfeita para viver (ou reviver) dois capítulos fundamentais de uma das franquias mais celebradas da indústria. Que venham os próximos.

Prós

  • Dois dos melhores games da geração passada disponíveis com melhorias visuais em um só pacote;
  • Dezenas de horas de conteúdo de qualidade e vários níveis de dificuldade garantem aventuras tão envolventes quanto acessíveis;
  • Uma aula de direção de arte e level design;
  • Taxa de quadros por segundo desbloqueada;
  • Suporte nativo a altas resoluções, como 4K, 2K e Ultrawide;
  • Suporte às tecnologias de upscaling FSR 2.0 e DLSS, bem como escala de resolução própria; 
  • Muito bem otimizado;
  • Suporte completo a português brasileiro (legendas, dublagem e menus).

Contras

  • Poderia contar com a adição de Ray Tracing;
  • Também poderia incluir os três primeiros jogos da franquia.
Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões — PC — Nota: 9.0
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela PlayStation PC

é bacharel em Produção Cultural pela UFF e estudante de Comunicação Social pela FSMA. Na infância, ganhou um Super Nintendo dos pais e, desde então, nunca mais deixou o mundo dos games. Ainda sonha em ser um Mestre Pokémon.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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