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Análise: Tiny Tina’s Wonderlands (Multi) é um spin-off de Borderlands repleto de magia, caos e diversão

Sem fugir muito da fórmula consagrada da série, o novo título entrega um mundo mágico com muita aventura e muitos tiroteios.


Conforme conferimos na sua prévia, Tiny Tina’s Wonderlands tinha tudo para ser uma nova e divertida experiência no estilo Borderlands. Afinal, unir magia e fantasia à clássica franquia FPS e seus tiroteios caóticos não tinha como dar errado, não é mesmo? Ou será que tinha? Pegue o seu livro de feitiços, sua escopeta encantada e não se esqueça do dado de vinte lados, pois a análise do game vai começar!

De volta para a fantasia

Lançado no dia 25 de março de 2022 para PC, PS4, PS5, XBO e XSX, Wonderlands se passa cronologicamente após Borderlands 2 (Multi). Mais especificamente, podemos considerar que o game é uma continuação do DLC Tiny Tina’s Assault on Dragon Keep, original de 2013. Aliás, uma versão standalone desse último título foi lançada no final do ano passado e sua análise pode ser conferida aqui.
Um ótimo aperitivo do que estava por vir
Portanto, temos aqui um título que se passa bem antes de Borderlands 3 (Multi); na realidade, mesmo com as várias referências e participações especiais presentes em Wonderlands, o game funciona bem para ambos fãs e novatos da franquia, uma escolha acertada na minha opinião. Em termos técnicos, por outro lado, o lançamento usa o motor gráfico e várias das mecânicas introduzidas no terceiro jogo.

Embora tenha um desempenho aceitável, o FPS ficou devendo nos consoles da nova geração. As telas de carregamento são longas e não temos melhorias visuais consideráveis. Seja como for, o estilo caricato da série Borderlands é muito agradável e compensa essas limitações de ordem mais técnica, proporcionando personagens e cenários bonitos.

Um mundo mágico para ser explorado (e explodido)
Falando da produção sonora, aqui temos um ponto quase intocável. Disparos, explosões e outros efeitos são ótimos, mas o destaque vai para a dublagem original em inglês. Ela oferece muita diversão com todo tipo de diálogos e vozes engraçadas para os personagens. Essa característica é tradicional da série Borderlands e conseguiu se superar neste game.

Uma história de aventura e de magia

Wonderlands acompanha Tiny Tina, uma jovem de 13 anos amante de coelhos e explosões, a dupla Valentine e Frette — um humano malandro e um robô de contabilidade — e você, um novato no grupo. Os quatro membros estão jogando Bunkers e Bambambãs, um RPG de mesa semelhante aos jogos tradicionais do gênero.
Da esquerda para a direita: Valentine, Tina e Frette preparando a partida
Como mestra da história, Tina coloca os três jogadores para explorar as Terras Maravilindas, tradução do título do game. Aliás, aproveito este momento para falar da sua tradução. Eu saúdo a dedicação em adaptar trocadilhos e nomes compostos para o português brasileiro, mas preciso criticar a ausência dela em certos pontos, como telas de carregamento e menus. Um exemplo simples é o próprio título: “Wonderlands” e “Terras Maravilindas” aparecem intercaladamente de forma confusa.

Voltando ao jogo em si, o jogador “novato” e candidato ao papel de Chefe do Destino deve montar seu personagem para utilizar no RPG de mesa, incluindo todo tipo de personalizações visuais e funcionais (mais sobre as últimas logo mais). Podemos definir corpo, raça, cabelo, pele, cicatrizes, armaduras, entre tantas outras opções e suas cores variadas. Até mesmo a voz pode ser escolhida entre várias alternativas interessantes.

Monte o seu personagem do seu jeito
Depois de montar seu personagem, o game começa propriamente. As primeiras missões são mais lineares e auxiliam o jogador a entrar no clima de Wonderlands, além de estabelecer um conjunto básico de recursos, como os diversos tipos de lojas. Quando tudo parece tranquilo, eis que O Senhor dos Dragões, vilão principal do game, surge como uma nova e perigosa ameaça.

Fique atento para as várias reviravoltas e surpresas espalhadas pelo enredo, incluindo a história principal e as numerosas missões secundárias. Elas fazem bom uso dos estereótipos fantástico e mágico, unindo piratas, duendes, fadas, castelos, entre tantos outros, de maneira única. Piadas e referências são constantes, todas de boa qualidade e bom gosto.

Um legítimo RPG (ou quase)

Partindo para uma análise mais funcional, Wonderlands traz várias boas mecânicas e ideias. Além da já comentada customização visual, é possível definir atributos e habilidades do personagem protagonista. Elas estão inseridas em um sistema com seis classes diferentes: Mago-Atirador, Protetor do Esporo, Facadamante, Garraforte, Necronata e Brr-Ucutu.
As customizações de classe são variadas e poderosas
Cada uma delas tem características únicas, como furtividade (Facadamante) ou magia sombria (Necronata). Elas podem, inclusive, ser combinadas através de um sistema de multiclasses. Gostei muito dessa mecânica, criando possibilidades únicas na jogabilidade, sobretudo se lembrarmos dos vários atributos como dano crítico e resistência aos elementos.

Seja qual for a sua classe, ter um arsenal de armas poderosas será sempre necessário. Escopetas, metralhadoras e várias outras opções fazem parte de um profundo sistema de geração aleatória, de tal forma que é muito difícil obter itens iguais. Some isso aos vários fabricantes e raridades diferentes, e temos uma infinidade de escolhas para escolher e disparar.

Algumas armas criam vida (!) ao serem recarregadas e ajudam nos tiroteios
As missões secundárias são igualmente variadas, em sua maioria com motivações bem interessantes. Elas também rendem bônus valiosos ao jogador, que pode assim se equipar adequadamente para enfrentar as maravilhas e os perigos de Wonderlands. A maior delas é a Câmara do Caos, que pode ser liberada após o final do game e oferece batalhas bem difíceis, mas igualmente bem recompensadoras.

Muitas novidades...

Uma das atrações do game são as adições de armas corpo a corpo e um sistema mais robusto de equipamentos. Temos maças, floretes, machados, entre outros, cada um deles com as mesmas possibilidades que as armas de fogo. Quanto aos equipamentos, temos anéis, protetores (semelhantes a escudos) e amuletos, que podem ter os mais diversos efeitos diferentes.
Em vez das tradicionais granadas, agora temos feitiços. A variedade de tipos (raios, explosões, etc.) e elementos (gelo, fogo, cura, etc.) impressiona, sobretudo se considerarmos que qualquer classe pode equipá-los e utilizá-los. Acredite em mim, você vai precisar de cada recurso disponível, pois Wonderlands é bem exigente. O nível dos vilões é sempre proporcional ao do jogador, tornando cada batalha uma verdadeira luta pela sobrevivência (e por recompensas).

Isso vale para todos os cenários, que estão espalhados ao longo da mesa de RPG construída pela Tina e que funciona como hub. Gostei dessa organização, pois não é preciso andar a esmo procurando novidades. Basta explorar o conciso mapa principal e resolver seus segredos. Prepare-se para entrar em bosques, castelos, minas e até no fundo do oceano, cada um deles com recompensas, missões e inimigos próprios.

Fantasia e realidade se misturam de forma bem-humorada e criativa
Outros pontos interessantes incluem os dados dourados — que estão escondidos pelos cenários e proporcionam recompensas aleatórias cada vez melhores — e os encontros aleatórios de combate. No melhor estilo Pokémon, eles podem ocorrer em terrenos com grama alta no mapa principal. Os chamados Companheiros também podem lutar ao lado do Chefe do Destino, incluindo serpes e cogumelos humanóides, de acordo com as classes escolhidas.

... mas sem esquecer as bases

Embora as novidades sejam numerosas e significativas, essencialmente Wonderlands é um Borderlands clássico. Ou seja, sair atirando em meio a combates caóticos ainda é obrigatório, assim como desbravar novos territórios em busca de saques e desafios. O novo game faz bonito nesses quesitos, pois rapidamente me senti um verdadeiro Chefe do Destino ao sair explorando o mapa e explodindo tudo pelo caminho.
Nada como uma chuva de recompensas!

As recompensas me pareceram sempre justas, com itens raros aparecendo numa frequência adequada. Já as lojas receberam uma melhoria na qualidade dos produtos, ao custo de valores mais altos. Monstros e inimigos reaparecem depois de um tempo pelos cenários, facilitando aqueles que buscam as melhores recompensas possíveis.

Algumas figurinhas carimbadas também dão as caras em Wonderlands
Aliás, de maneira geral, podemos dizer que o jogo traz versões aprimoradas e refinadas de vários elementos de Borderlands já lançados até agora. Lançar magias ou disparar armas é sempre uma ação divertida e responsiva. Falando em lançar, tal como na série principal, já temos DLCs prometidos para um futuro próximo. São quatro expansões diferentes, cada uma delas com vários níveis e chefões inéditos, entre outras novidades.
Prepare-se para encontrar toda sorte de monstros e desafios
Somando isso ao tradicional modo multijogador, online ou com tela dividida, com até quatro jogadores, temos muito conteúdo para continuar jogando. A única ressalva é que as novidades, embora significativas o suficiente para dar vida própria a Wonderlands, não devem convencer jogadores que não curtam os games originais. Eu entendo perfeitamente essa questão do ponto de vista da produtora Gearbox: fugir da fórmula de sucesso consolidado poderia ser arriscado, embora ficar preso demais a ela possa levar a um spin-off sem maiores atrativos.

Felizes para sempre

Mesmo sendo uma hipérbole (ou um exagero), a expressão representa bem Tiny Tina’s Wonderlands. Mantendo boas e tradicionais mecânicas de Borderlands, ele inova o suficiente para entregar uma aventura com desafios e conteúdo para aproveitar por muito tempo. A mistura de armas de fogo com magia resultou em uma jogabilidade muito divertida e repleta de possibilidades.
No aguardo pelos próximos capítulos deste ótimo conto de fadas (ou quase isso)
Além disso, a campanha principal é repleta de bom humor e surpresas. As missões secundárias são igualmente interessantes, incluindo as recompensas e os desafios disponíveis. O FPS é muito bem otimizado e traz diversas ideias inéditas, como um mapa principal e um sistema de classes completo. Embora não seja suficiente para mudar a opinião de quem não curte a franquia, fãs do gênero têm um mundo cheio de magia, fantasia e tiros para curtir.

Prós

  • FPS que mistura armas de fogo, magia e fantasia de forma única e divertida;
  • História principal é envolvente e repleta de bom humor;
  • Jogabilidade e mecânicas de jogo são sólidas, assim como os desafios e suas recompensas;
  • Novidades na fórmula de Borderlands, como personagens customizáveis, mais equipamentos e mapa principal, são ótimas;
  • Grande quantidade de missões e conteúdos para explorar, inclusive com a ajuda dos amigos.

Contras

  • Novidades são insuficientes para quem não curte a fórmula de Borderlands;
  • Visuais e desempenho, sobretudo na nova geração, poderiam ter sido um pouco melhores.
Tiny Tina’s Wonderlands — PC/PS5/XSX/PS4/XBO — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia cedida pela 2K

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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