Mais oito mulheres acusam a Sony de permitir abusos sexuais e cultura machista em seus escritórios

Relatos de funcionária e ex-funcionárias do PlayStation se juntam a um processo movido em novembro de 2021 por outra ex-empregada da empresa.


Mais relatos de preconceito e abusos sexuais ganham a luz na indústria dos games. De acordo com o GamesRadar+ e o site Axios, funcionária e ex-funcionárias do PlayStation, em um total de oito, relataram que a Sony permite, em seus escritórios estadunidenses, comportamentos machistas, como o favorecimento de empregados homens em detrimento das mulheres e piadas obscenas, e abusos sexuais. Os relatos foram incluídos no processo movido em um tribunal na Califórnia, EUA, em novembro de 2021 pela ex-funcionária Emma Majo, que acusa a empresa de criar um ambiente tóxico para as suas funcionárias.

Um pouco do processo

Segundo Emma Majo, a Sony não paga salários às suas funcionárias de forma igual aos homens na mesma função, não paga bonificações de maneira igual, tolera e cultiva um ambiente tóxico para mulheres e com quem se identifica como uma, mantém políticas e práticas que favorecem a promoção de homens, entre outras ações negativas/falta de atitudes.

Enquanto funcionária, ela alega que se precisasse fazer requerimentos diretos a Yu Sugita, um dos gerentes, teria de fazer através de um homem, pois Sugita a ignorava. Este mesmo gerente, se Majo e um outro homem estivesse na mesma sala, escutava somente o empregado do sexo masculino. Também alega que, quando questionava sobre o que precisava fazer para ser promovida, era ignorada. Chegou até a ser rebaixada.

Ouvia também comentários preconceituosos. Se uma empregada tivesse algum problema pessoal, era comum escutar de gerentes: "Entendemos que ela não está trabalhando bem porque tem muita coisa acontecendo na casa dela". Comentários que não eram feitos para homens.

Alguns relatos

Entre as descrições, está a de Maria Harrington, que trabalhou por 16 anos na Sony. Ela conta que, em diversas reuniões de avaliação do desempenho da empresa, sempre percebia a falta de mulheres nos principais cargos e que, em uma dessas sessões, somente quatro mulheres teriam sido cogitadas para promoção, enquanto o de homens teria sido próximo de 70. Também teria ouvido comentários sobre a vida dos familiares das candidatas que não eram feitos sobre os familiares dos candidatos. Por fim, afirma que homens compartilhavam piadas e imagens obscenas de mulheres.

Outro relato é de Kara Johnson, ex-gerente de programas. Informa que, por diversas vezes, tentou notificar os seus superiores sobre preconceitos de gênero, discriminações contra grávidas e a resistência de um homem de cargo alto no RH em agir nestes casos. Outro ponto é que, antes de sair da empresa, outras dez mulheres deixaram seus cargos em um período de quatro meses. Para Johnson, a Sony "não está preparada para lidar apropriadamente com ambientes tóxicos".

Outras mulheres não teriam desejado relatar por medo de retaliação por parte da Sony,

A Sony

Inicialmente, a Sony pediu o arquivamento do processo pela falta de "fatos específicos", que Majo "falha em identificar uma única política, prática ou procedimento no PlayStation que teriam formado a base de uma discriminação difundida intencionalmente ou que tiveram um impacto discriminatório nas mulheres".

Após da inclusão dos relatos, a empresa ainda não havia se pronunciado.

A acusação contra a Sony, que você pode ler na íntegra aqui (documento em inglês), é mais um caso de preconceito contra as mulheres na indústria dos games. O mais famoso e que chocou este setor é o da Activision Blizzard.


Aventurando-se pelos games desde pequeno (mais do que já sou), sempre admiro as trilhas sonoras, pois ajudam a trazer um tempero, emoções às histórias.


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