Meus jogos favoritos de 2020 — João Pedro Boaventura

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.


Bom, estou aqui para listar alguns dos meus jogos favoritos de 2020, seguindo a série de posts com as preferências dos redatores do GameBlast. Alguns nem são lançamentos de fato, tratando-se apenas de reedições tardias para o mercado ocidental ou para o console em que joguei. Bom, sem mais delongas, segue minha lista particular sem uma ordem definida e lembrando que podemos ter alguns jogos como favoritos tendo completa noção de que estão muito longe de serem os melhores (e vice-versa). 

Sakura Wars (PS4)

Nos últimos anos, se existe alguma empresa que conquistou um respeito que, da minha parte, nunca tinha existido antes, é a Sega. A estratégia que a companhia vem adotando de uns tempos para cá é bastante interessante, com a consolidação da franquia Yakuza, por exemplo, e a retomada pontual da imagem de um grande ídolo dos anos 90, Segata Sanshiro, na forma de seu filho: Sega Shiro. O filme do Sonic também realizou a façanha de ser o melhor produto do personagem em pelo menos dez anos — isso sem contar Sonic Mania.


Dentro desse bolo, chama a atenção como a empresa decidiu ressuscitar um clássico de sua era de ouro. Lançado originalmente como Project Sakura Wars em 2019 no Japão, Sakura Wars (PS4) chegou no ocidente apenas em 2020, completamente repaginado para novas audiências do século XXI. O título me impressionou por trazer uma narrativa verdadeiramente envolvente, alternando entre momentos de visual novel, dating sim e jogo de ação — este último substituindo o tradicional RPG tático da franquia —, tudo embalado pelos designs de personagem produzidos pelo Tite Kubo (de Bleach, julgue-me) e a clássica música-tema da franquia.

Dragon Ball Z: Kakarot (Multi)

Dragon Ball FighterZ (Multi) fez um baita sucesso quando lançado e eu nunca entendi muito bem toda essa idolatria pelo jogo. Não me convenceu nem com sua jogabilidade pouco diversa e truncada, nem pelo seu visual que falsamente emula a sensação de estar jogando o anime. Agora, fan service por fan service, Dragon Ball Z: Kakarot (Multi), por sua vez, já me conquistou como a experiência definitiva para a série nos games, trazendo um frescor para a franquia depois de tantos jogos de luta.


Claro, Dragon Ball Xenoverse (Multi) já existia antes como um RPG, mas não era consistente por não ser um título contido em si, como é o caso de Kakarot, em que, mais do que reviver as cenas clássicas de maneira magistral em belíssimas cutscenes, podemos explorar um interessantíssimo mundo aberto cheio de atividades paralelas e uma escrita verdadeiramente competente para as missões secundárias. Depois de quase um ano no mercado, vale trazer o lembrete de que, apesar de adiados por conta da pandemia, dois dos DLCs já foram lançados, baseados nos filmes Batalha dos Deuses e Renascimento de Freeza, além de uma série de atualizações que refinaram a robusta experiência já oferecida desde seu lançamento original. 

Catherine Full Body (Switch)

A versão original tem quase dez anos e todos os meus amigos que jogaram sempre me recomendaram o título, dizendo que a atmosfera dele era a minha cara. Agora, pela primeira vez, decidi testá-lo em sua versão do Switch e, a bem da verdade, eu o achei péssimo, tecnicamente falando, uma vez que há pouquíssima jogabilidade prática para sequências enormes de contemplação em que tudo o que resta ao jogador é cruzar os braços e esperar até que a cutscene acabe. Não se trata de um jogo narrativo, que insere a história no gameplay, visto que existe uma separação clara entre esses dois aspectos, além do fato de que vários dos temas que ele traz terem sido abordados de uma forma datada para os dias de hoje. 


A realidade é que Catherine (Multi) é um desses nomes que ganharam uma base de seguidores fervorosos e que se tornam responsáveis por fazer um produto que já foi recebido de maneira morna ainda em sua época parecer melhor e mais atraente do que realmente é. Independentemente de tudo isso, o jogo ainda assim me segurou do começo ao fim com a história de Vincent, cujos sentimentos se dividem entre sua namorada de longa data, Katherine, sua sedutora amante, Catherine, e a jovem e misteriosa Qatherine, novidade dessa versão Full Body. A despeito de todos os defeitos, ele nos traz um vislumbre da empresa inventiva que a Atlus era há uma década, antes de cair no ostracismo que se resume a produzir e requentar seus Personas. 

Assassin’s Creed Valhalla (Multi)

Fazia algum tempo que eu não jogava um Assassin’s Creed. Gosto da franquia e estava com vontade de revisitá-la. Minha escolha (isso por volta de outubro) foi Assassin’s Creed Unity (Multi), que selecionei no intuito de rejogar para averiguar se era tão ruim assim como me lembrava. A verdade é que ele continua o mesmo desastre técnico e narrativo, agora ainda mais datado por conta das mecânicas envelhecidas. 


Por sorte, não muito tempo depois, tive a oportunidade de testar Assassin’s Creed Valhalla (Multi) aqui para o GameBlast e fui surpreendido positivamente. O game rodou muito bem no PlayStation 4 e pude experimentar uma aventura bastante longeva que me propiciou uma diversão honesta, mesmo com seus problemas pontuais. Afinal, não se trata de um cordon bleu, obviamente, mas tem horas que a gente não abre mão de um belo arroz com feijão do nosso dia a dia. 

Pokémon Sword/Shield Expansion Pass (Switch)

Ao contrário do que a comunidade de fãs tanto esperneia, não acho Pokémon Sword/Shield (Switch) jogos ruins. É claro que, a essa altura do campeonato, a gente deveria esperar uma evolução maior da franquia — ou melhor, deveria esperar uma evolução da franquia (pura e simples), ao contrário dos passos para trás que ela deu com os últimos lançamentos.


Apesar de uma campanha principal que deixa bastante a desejar, eu achei os DLCs bastante superiores ao que se esperava deles. Digo, a maioria dos DLCs hoje não passa de uma espécie de fractal apêndice do jogo base. Entretanto, a Isle of Armor e, especialmente, a Crown Tundra, trazem algumas aventuras diferenciadas que superam em muito a história do game principal, dentro de suas respectivas promessas e proporções. Ambos os mapas abertos que a expansão traz fogem demais dos simplórios corredores que ligam as cidades da Galar Continental, algo que nos traz alguma esperança de que tenham aprendido a lição para os lançamentos futuros. 

Pokémon Café Mix (Switch/Mobile)

Pokémon Café Mix (Switch/Mobile) não é inovador, não é imersivo e sequer é interessante. Então por que diabos ele me desconcentrou tanto das minhas tarefas do cotidiano ao ponto de ter que desinstalar o aplicativo do meu Switch? Bem carismático dentro de sua proposta visual (o que me fez dar uma chance a ele, para início de conversa), talvez o que tenha feito com que eu ficasse por mais tempo do que deveria é porque se trata de um game extremamente fácil — ao contrário de Pokémon Shuffle (3DS/Mobile), que trazia níveis infernais. É, parece que nem como caça-níquel ele se sustenta, no fim das contas, visto que é incapaz até mesmo de arrancar trocados dos consumidores desavisados ao forçá-los a pagar para passar de fase.

No More Heroes/No More Heroes 2 (Switch)

O primeiro é meu jogo favorito de toda a minha vida. O segundo é um título pelo qual tenho bastante carinho também. A questão é que, às vezes, eu decido agir no modus operandi do homem simples e, ao ver que os dois games receberam remasterizações no Switch, eu fui jogar ambos imediatamente, passando-os na frente de toda a minha listinha de pendências. 


No fim das contas, trata-se de dois bons ports dos originais. A equipe de desenvolvimento responsável pelo processo de remasterização fez um belo trabalho especialmente na adaptação dos controles do Wii para os Joy-Cons (algo que sempre constatei ser possível quando eu advogo em prol de mais remasters provindos do dito console), sendo que minha única crítica diz respeito a algumas das texturas do segundo game que poderiam ter sido melhor trabalhadas.

Story of Seasons: Friends of Mineral Town (Switch/PC)

Enquanto o mundo jogava Animal Crossing: New Horizons (Switch) de maneira adoidada, meu tempo foi muito bem gasto neste remake do clássico Harvest Moon de Game Boy Advance. De fato, ele não tem absolutamente nada de especial, trazendo uma jogabilidade cíclica que há muito foi ultrapassada por representantes mais modernos do estilo, como é o caso de Stardew Valley (Multi), por exemplo, principalmente por se tratar de uma reprodução extremamente (de uma maneira desnecessária, eu diria) fidedigna do original.


Entretanto, o que faz ele se tornar o meu favorito do ano em particular é por conta do apelo emocional que ele traz. Às vezes, tudo o que nós queremos em um game é nos sentirmos confortáveis, sem nos surpreendermos por uma curva de aprendizado que adquire proporções pelas quais não esperávamos. No caso, então, trata-se do bom e velho Friends of Mineral Town, só que agora em um estilo gráfico similar ao de um game mobile de baixo orçamento — que é a única crítica que eu faço a ele, aliás.

Menções Honrosas e Expectativas para 2021

Gostaria de fazer uma menção honrosa a Fall Guys (PC/PS4) e Genshin Impact (Multi), dois dos fenômenos de 2020 que cheguei a jogar por algum tempo antes de desinstalá-los do meu PlayStation 4, como a maior parte da base de jogadores de ambos. Também gostaria de lembrar que Yakuza: Like a Dragon (Multi) chegou ao Ocidente e, embora eu ainda não tenha conseguido jogá-lo, tenho certeza de que se trata de um game incrível. Ressalto também que achei honesta a atitude da Konami em declaradamente fazer o PES 2021 (Multi) uma versão atualizada do 2020 com preço reduzido — algo que a concorrência faz sempre sem admitir, só no intuito de poder cobrar o preço cheio de lançamento triplo A. 

Entre os nomes que eu gostaria de trazer para a roda apenas para ficarem registrados estão Captain Tsubasa: Rise of New Champions (Multi), My Hero: One’s Justice 2 (Multi), Risk of Rain 2 (Multi) e Rune Factory 4 Special (Switch). Dos títulos de 2020 que eu gostaria de ter jogado, mas que ainda vão ficar para o futuro estão Kandagawa Jet Girls (PS4), Sakuna: Of Rice and Ruin (Multi), Samurai Jack: Battle Through Time (Multi), Ghost of Tsushima (PS4) e Immortals: Fenyx Rising (Multi).

Para o futuro, estou de olho em nada mais do que No More Heroes 3 (Switch), que foi adiado para o ano que vem. Para as expectativas com o pé no chão — e datas de lançamento definidas —, fico com Disgaea 6: Defiance of Destiny (Multi), Story of Seasons: Pioneers of Olive Town (Switch) e o remake Nier: Replicant (Multi). 

Revisão: Ives Boitano


É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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