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Análise: Skully (Multi) é um belo e desafiador jogo de plataforma, mas peca pela falta de criatividade

Desbrave e role pela Ilha da Vida para colocar um ponto final na luta entre os elementos enquanto descobre seus poderes de transformar-se em diversos golems.


Desenvolvido pela Finish Line Games e distribuído pela Modus Games, a mesma publisher de Rock of Ages 3, Skully é um jogo de plataforma 3D e aventura que começa com uma bela apresentação e de forma divertida, mas cuja repetitividade de puzzles e inimigos pode comprometer a experiência no seu decorrer. Confira nesta análise se o jogo da gentil caveira merece sua atenção.

Resolvendo uma crise familiar

Skully se passa na Ilha da Vida, onde controlamos uma caveira que foi encontrada e reanimada por Terry, o espírito dominante do elemento terra. Seu criador e novo amigo, que batiza a caveira de Skully, informa que tenta parar uma disputa entre seus três irmãos, cada qual sendo o espírito responsável por um dos elementos (ar, água e fogo), que estão atrás do Coração da Vida para obter o poder supremo. Terry está muito fraco para conseguir enfrentar seus irmãos sozinho e, por isso, criou Skully em um poço de argila mágica para ajudá-lo a confrontá-los.


O enredo de Skully é bastante simples e atraente no início, mas, no decorrer do jogo, ele torna-se bastante previsível e sem muitos momentos de impacto. Até mesmo o que deveria ser a “grande” reviravolta na história não tem tanto efeito em sua execução. A dificuldade do jogo, principalmente entre os percursos de obstáculos, garantem boas horas de jogatina, mas a duração da campanha em si é bem curta. Sem muitas complicações é possível finalizar a campanha em torno de cinco horas.

As cutscenes são muito bem apresentadas e desenhadas, todas em um formato de imagens fixas, como se fossem sequências de fotos. A atuação dos dubladores é um grande destaque no jogo e a trilha sonora faz a diferença em diversos momentos, mas é inexistente em várias partes, deixando o jogo um tanto quanto monótono enquanto você pula de pedra em pedra para evitar cair na água ou na lava.

Golems ao resgate!

A jogabilidade de Skully divide-se em duas vertentes que se revezam. Parte do jogo você controla a simpática caveira em sua forma original, passando por percursos com obstáculos, pulando sobre pedras e vitórias-régias e desafiando seus reflexos enquanto rola em alta velocidade. Os controles de Skully nesta forma são bastante leves e responsivos, mas que exigem certo treino e paciência para se acostumar com sua velocidade.

Mas na maior parte da campanha assumimos a forma de um golem que a caveira pode criar em poças de argila mágica espalhadas pelos capítulos. São três opções de golem disponíveis, cada qual com suas habilidades únicas: o Forte, único capaz de derrotar inimigos, derrubar paredes e arremessar Skully para pontos inalcançáveis; o Rápido, que consegue correr em maior velocidade para saltar longas distâncias e mover rochas para criar pontes; e o Saltitante, que executa pulos duplos e levita plataformas verticalmente.


Há diversos puzzles espalhados pelos capítulos, mas é mais para a última hora do jogo onde iremos utilizar e combinar as diferentes habilidades dos golems para solucionar os desafios e avançar pelas fases. Os quebra-cabeças são, no geral, bastante simples e até muito similares por algumas vezes. São poucos os momentos em que o jogo difere no design dos níveis, como escapar de grandes ondas, mas que divertem e tiram um pouco do “piloto automático”.

Os inimigos, que se limitam a três ou quatro variações, são praticamente inofensivos e completamente ignoráveis, sendo possível concluir os capítulos sem sequer eliminá-los. A real dificuldade do jogo está nos momentos em que Skully precisa abandonar os golems e rolar por caminhos com diversos obstáculos. Apesar dos precisos comandos, equilibrar o personagem em minúsculas pedras espalhadas por um chão de lava é uma tarefa que exige bastante paciência e muitas tentativas.


Enquanto algumas partes são bastante desafiadoras, outras podem ser bem monótonas, onde apenas rolamos por uma floresta coletando flores, muitas vezes sem uma trilha sonora presente. Estas flores são os únicos itens coletáveis e servem única e exclusivamente para liberar artes do jogo no menu principal, ou conquistar troféus para os caçadores de platinas. Elas não possuem função na jogabilidade e algumas até são bastante difíceis de coletar, mas, como não há uma recompensa justificável para coletá-las, são facilmente rejeitáveis.

Graficamente, o jogo é muito bem desenvolvido e surpreende com as paisagens pelas quais passamos, mas a ambientação limita-se a apenas três cenários principais que contam com mínimas diferenças no decorrer dos capítulos. Como já informado, os inimigos também são bastante limitados, em variação e perigo, e não proporcionam um real desafio. Além disso, por algumas vezes a caveira fica presa em algum elemento do cenário, como entre rochas de diferentes alturas, precisando de muita paciência e pulos aleatórios para se soltar.

Um belo jogo, mas mal aproveitado

Skully causa uma ótima primeira impressão com suas cutscenes muito bem desenhadas, gráficos bem polidos e controles precisos. Infelizmente, o jogo cai em uma repetitividade de cenários, puzzles, desafios e inimigos que torna dedicação por horas seguidas uma tarefa difícil. Apesar de contar com uma bela trilha sonora que casa muito bem com certos momentos, há intervalos de quietude que intensificam a monotonia do jogo. Skully tinha um grande potencial, mas foi mal aproveitado ao cair na repetitividade.

Prós

  • Controles com ótima resposta;
  • Desafiador nas partes em que jogamos sem golems;
  • Bela trilha sonora nos momentos que está presente;
  • Qualidade das cutscenes naquilo que foi proposto;
  • Atuação dos dubladores.

Contras

  • Repetitivo;
  • Pouquíssima variedade de cenários e inimigos;
  • Coletáveis desnecessários para a campanha;
  • Quebra-cabeças fáceis e muito similares.

Skully - PS4/PC/XBO/Switch - Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4


Revisão: Ives Boitano

Análise produzida com cópia digital cedida pela Modus Games

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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