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Análise: Castlevania: Symphony of the Night (Mobile) leva a clássica aventura literalmente pro seu bolso

Um dos mais cultuados títulos da cultura gamer é transportado de forma competente para os smartphones.

O que torna um jogo digno de ser chamado de clássico? Sua jogabilidade? A narrativa? O contexto histórico do seu desenvolvimento e lançamento? O valor nostálgico? A soma de todos estes pontos? Quando nos referimos a Castlevania: Symphony of the Night, um dos adjetivos mais usados é justamente este, um clássico, e todos estes pontos têm força para justificar isso.

Mundialmente cultuado como um dos melhores jogos de todos os tempos, a aventura de Alucard em Castlevania foi um título que marcou uma geração de jogadores e redefiniu um gênero, com toda sua complexidade e suas peculiaridades, e ainda servindo como referência para os títulos que integram o chamado metroidvania.

Em 2020 a Konami revive mais uma vez o clássico, mas desta vez para um público diferente, trocando o controle pela tela de toque do celular e proporcionando que uma nova geração tenha acesso a este ícone da cultura gamer mundial.

Na análise de hoje vamos ver quão competente é a versão mobile de Castlevania: Symphony of the Night.

Recapitulando…

Lançado em 1997 para o primeiro PlayStation, Castlevania: Symphony of the Night (PS) é uma sequência direta de Castlevania: Rondo of Blood (PC Engine CD), lançado exclusivamente no mercado japonês. Nele, assumimos o papel de Alucard, filho único de Drácula com uma mulher humana. O meio-vampiro desperta de um sono secular para adentrar os maléficos corredores do castelo de seu pai a fim de derrotá-lo após um atípico retorno poucos anos depois de ser derrotado por Richter Belmont.

Com uma jogabilidade que se tornou o novo padrão para a maioria dos jogos da franquia, Alucard pode se equipar com diversas armas e itens, além de obter novas habilidades que o permitem transpor obstáculos dentro do castelo, levando-o a descobrir os reais motivos do retorno precoce de seu pai ao mundo dos mortais, além de contar com a inesperada ajuda da jovem Maria Renard, que também se dirigiu ao castelo para saber do paradeiro de Richter, que desapareceu um ano antes, quando o castelo reapareceu.

A versão original do título contou com uma localização para o inglês de qualidade ímpar, que gerou falas que se tornaram imortais como o icônico “What is a man?”, de Drácula durante o diálogo que precede o embate contra Belmont no início do jogo. Foi relançado em formato digital para o PS3 e posteriormente ganhou uma versão revisada para o PSP, incluída como um extra em Castlevania: The Dracula X Chronicles (PSP), remake de ‘Rondo of Blood’ com novos atores na dublagem e uma tradução dos diálogos mais coerente com a versão original japonesa.


Em 2018 voltou com sua prequela no pacote Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood (PS4), exclusivamente para o PlayStation 4. O título traz os dois jogos, antes disponíveis como extras no remake do PSP, com suporte a troféus e com a opção de jogá-los em seus idiomas originais.

Chegamos então em 2020, com o lançamento do game nas lojas de aplicativos do Android e do iOS em uma versão devidamente adaptada para os smartphones, fazendo uso de alguns novos recursos visuais e nova jogabilidade, para aproveitar melhor a portabilidade que o título oferece nestas plataformas.

Adaptações muito bem-vindas

A versão utilizada como base para trazer o jogo para os smartphones é a do PSP. Apesar de o jogo oferecer mais opções de idioma do que seus outros lançamentos, a dublagem clássica não está disponível, o que pode decepcionar os jogadores mais saudosistas. Além do japonês e do inglês, o título conta com suporte a mais idiomas desta vez, mas sem o português brasileiro.

Os diálogos e janelas de informação agora contam com fontes mais arredondadas, substituindo as velhas fontes pixeladas de suas outras contrapartes, proporcionando uma apresentação mais moderna dos textos do jogo. O aspecto de tela original de 4:3 foi mantido, permitindo que os controles na tela de toque não ocupem totalmente o espaço da tela de jogo. As laterais são preenchidas com um uma imagem de fundo que comporta dois botões de atalho, um de cada lado, acima dos botões de movimento e ação, respectivamente.


Os controles estão devidamente adaptados para a tela de toque, com botões indicando as principais ações do jogo, como movimentação e ataques, além do acesso ao mapa. Joguei praticamente o tempo todo apenas com os comandos na tela e não senti muitos problemas. Alguns comandos ainda exigem que a entrada seja feita manualmente, como o uso das armas secundárias pressionando o direcional para cima seguido do botão de ataque, mas uma adição bem-vinda são os botões de atalho para as transformações e os feitiços de Alucard.


Do lado direito, conforme as transformações são habilitadas, é possível selecionar qual delas você quer deixar pronta para uso. Segurando o botão, todas as transformações disponíveis são mostradas e o jogador seleciona qual quer usar. A última selecionada ficará destacada como padrão na tela para que seja ativada com facilidade em um segundo momento.

O mesmo se aplica aos feitiços, no botão do lado oposto. Conforme Alucard os habilita, o mesmo pode ser feito para agilizar o acesso e o uso deles no jogo. Um pequeno infortúnio é o fato de o jogo exigir que o feitiço seja feito manualmente na primeira vez para que sua entrada seja habilitada na roda de seleção. Realizar alguns destes comandos na tela de toque é bem complicado, mas ao realizá-lo uma vez, basta selecionar o feitiço no botão de atalho para executá-lo novamente a partir de então.


Os menus também foram refeitos, dando uma praticidade maior proporcionada pela tela de toque. Com abas organizadas na parte superior da tela, fica bem mais fácil navegar nos menus de equipamentos, relíquias e opções, dando menos trabalho na hora de equipar itens, simplesmente tocando no que você deseja usar diretamente na tela.


E claro! Caso você seja do tipo que não se dá bem com controles diretamente na tela, o jogo proporciona suporte total a controles bluetooth, permitindo que você jogue da melhor maneira possível.

Praticidade e comodidade

O jogo roda com a mesma performance de sua versão original, sem quedas de quadros ou perda de qualidade visual. Durante minhas sessões de jogo não notei um consumo exagerado de bateria do meu celular, principalmente pelo título não utilizar muita coisa em 3D e não necessitar de conexão contínua com a internet. Joguei por várias horas durante um fim de semana, e esporadicamente durante espaços livres de tempo durante os demais dias e não senti que o jogo consumiu bateria que me faria falta durante o resto do dia.

Outra função adicionada é a de continuar praticamente de onde parou. Já que a proposta aqui é jogar em um dispositivo móvel, era necessário algo que não obrigasse o jogador a depender das salas de salvamento o tempo todo. Caso você precise fechar o jogo repentinamente, ao retornar, há uma opção de retornar no início da última sala que adentrou.


Isso não exclui totalmente a necessidade de usar as salas de salvamento, mas adiciona uma comodidade a mais para quem é do tipo que pega o celular para jogar alguns minutos, como numa viagem rápida de ônibus ou metrô, e precisa fechar o jogo de forma imediata. O único ponto negativo aqui é que o título não faz uso de salvamento na nuvem. Se você desinstalar o jogo, todo seu progresso será perdido.


Outra comodidade adicionada na versão mobile de ‘Symphony of the Night’ é a de poder jogar como Richter ou Maria sem a necessidade de terminar o jogo para habilitar essas opções.

Se você não está a fim de explorar o castelo como Alucard para só depois habilitar o uso destes personagens, agora é possível jogar como um deles imediatamente após instalar o jogo.

Vale a pena jogar de novo?

Se você nunca teve a oportunidade de jogar Castlevania: Symphony of the Night, temos aqui uma excelente opção para quem não tem algum dos consoles onde está disponível. Se você tiver um controle bluetooth, a experiência será praticamente perfeita.

Mas e pra quem já jogou? Vale a pena reviver a lenda? Pessoalmente, mesmo que eu jogue aos pouquinhos, eu considero um ótimo jogo para se ter no celular. Principalmente por não precisar de conexão contínua com a internet e fazer uso de mecânicas que limitam seu tempo de jogo, como vidas limitadas, pontos de energia, e outras coisas que são padrão em jogos grátis. O título não é gratuito, mas não é exageradamente caro para um jogo para dispositivos móveis. Para mim foi um investimento financeiramente baixo e bem honesto por uma experiência renovada de um eterno clássico para jogar na hora que eu quiser.

Prós

  • Um dos melhores e mais robustos jogos da franquia Castlevania;
  • Controles na tela funcionam de forma responsiva e eficiente;
  • Melhorias visuais dão um ar de renovação, também deixando a navegação nos menus mais ágil;
  • Ótimo custo-benefício;
  • Baixo consumo de bateria;
  • Suporte a controles bluetooth.

Contras

  • Sem suporte a salvamento na nuvem;
  • Comandos manuais, como movimentos especiais e feitiços, são muito ruins de executar na tela de toque.
Castlevania: Symphony of the Night – Android/iOS – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Android
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia adquirida pelo redator.

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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