Blast from the Past

Marvel vs.Capcom 2 (Multi): 20 anos de um dos mais influentes e queridos crossovers dos jogos de luta

Grande elenco, jogabilidade frenética e visuais bem trabalhados. São duas décadas servindo de inspiração e modelo para diversos outros títulos, que ainda buscam replicar sua fórmula de sucesso.

Na metade da década de 1990, uma nova modalidade de jogo de luta estava se tornando popular: os crossovers. Em suma, eles reuniam em seu elenco personagens de diferentes franquias, como a SNK fez em 1994 com sua série The King of Fighters, se tornando uma pioneira na arte de criar essas misturas de personagens. A Capcom respondeu à altura e colocou os lutadores de Street Fighter para bater de frente com os X-Men, em 1996.


X-Men vs Street Fighter (Multi) fez um sucesso estrondoso e ocasionou mais dois crossovers lançados nos dois anos seguintes: Marvel Super Heroes vs. Street Fighter (Multi) e o aclamado Marvel vs. Capcom: Clash of Super Heroes (Multi), que trazia diversos personagens de outras franquias da Capcom, como Mega Man, Roll, Captain Commando, Jin Saotome e Strider Hiryu.

A desenvolvedora japonesa passou o ano de 1999 sem novidades, porém os fãs das porradarias entre heróis e vilões mal sabiam o que estava sendo planejado. Em 24 de fevereiro de 2000, seria lançado um dos crossovers mais influentes do planeta. Nesta data nasceu Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes (Multi).

A revolução dos combates

O elenco conta com um total de 56 personagens selecionáveis, entre heróis e vilões de várias franquias como Street Fighter, Darkstalkers, Mega Man, X-Men, Vingadores e protagonistas de outros jogos. Além de diversos nomes famosos, como Ryu, Ken, Chun Li, Magneto, Tempestade, Hulk e Wolverine, também estavam presentes outros não tão conhecidos, como Marrow (Medula), Spiral (Espiral) e SonSon, protagonista de um antigo título arcade dos anos 1980.

Por fim, ainda haviam os lutadores criados exclusivamente para o jogo: Amingo, Ruby Heart e Abyss, este último sendo o chefe final que não podia ser escolhido. De início, estavam disponíveis para seleção 24 personagens, e os outros deviam ser liberados em uma loja no menu com pontos ganhos após a conclusão do modo arcade.

MvC 2 trouxe diversas inovações visuais, sonoras e de jogabilidade para a série. A mais notável foi a de agora poder selecionar trios em vez de duplas, como em seus antecessores. O jogador podia escolher três lutadores e trocar entre eles livremente durante as lutas. Também era possível escolher que tipo de assistência os dois lutadores adjacentes dariam quando acionados de fora, como realizar ataques terrestres, aéreos, antiaéreos ou lançar projéteis.


Essas escolhas criavam um número infinito de combinações, que favoreciam em muito a habilidade do jogador. Tanto a disposição em trios quanto o sistema de assistência viriam a influenciar inúmeros jogos de luta que seriam lançados muitos anos depois, como Dragon Ball FighterZ (Multi), Power Rangers: Battle for the Grid (Multi) e, é claro, sua continuação direta, Marvel vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds (PS3/X360).

Os modelos dos personagens e cenários tiveram uma melhora considerável, graças ao poder da nova placa Sega Naomi, que possibilitou a combinação de sprites 2D desenhados à mão com estágios e planos de fundo totalmente tridimensionais.Os cenários inclusive apresentavam movimentações diversas, além de bem modelados para a época. Essa havia sido a primeira tentativa da Capcom de desenvolver um jogo de luta que não fosse para as tradicionais placas CPS II e III. O sucesso do trabalho resultou em uma versão para o Dreamcast, console da Sega, que até hoje é considerada a melhor que existe de MvC 2, sendo superior aos ports posteriores que o título teve para PlayStation 2 e Xbox.

Outra coisa que chamou atenção foi sua trilha sonora. Os característicos temas “heroicos” foram abandonados, dando lugar a canções mais voltadas para o pop e o jazz, com algumas até possuindo voz. Na época esse foi um dos aspectos mais criticados pelos especialistas, pois parecia que o ritmo dançante não combinava com a ação na tela, mas com o passar dos anos algumas dessas trilhas tornaram-se memoráveis, como a da tela de seleção de personagem:


As Lendas da Baía

Atualmente, sabe-se que a EVO é o maior evento de jogos de luta que se tem conhecimento. A história do torneio tem ligação direta com o motivo da popularidade de Marvel vs. Capcom 2 ter crescido tanto. O game integrou o lineup principal desde 2000, época em que se chamava Battle by the Bay (Batalha pela Baía), até 2010, sendo um dos mais assistidos e disputados, consolidando lendas do torneio até os dias de hoje. Em seus 11 anos de participação, quatro jogadores monopolizaram as conquistas de título: Justin Wong, com sete títulos (2001, 2002, 2003, 2004, 2006, 2008 e 2010); Duc Do, com 2 títulos (2000 e 2005); Michael ‘YipeS’ Mendoza (2007) e Sanford Kelly (2009), cada um com um título.

Da esquerda para direita: Justin Wong, YipeS, Duc Do e Sanford Kelly
Para comemorar os 20 anos de MvC 2, a EVO 2020 vai realizar um torneio de celebração, com os quatro campeões e mais quatro competidores, que deverão vencer determinados eventos para obter sua entrada. São os seguintes:

  • Norcal Regionals - 10 a 12 de abril (San Jose, Califórnia, Estados Unidos)
  • April Annihilation - 10 a 12 de abril (Cherry Hill, Nova Jérsei, Estados Unidos)
  • Combo Breaker - 22 a 24 de maio (Chicago, Illinois, Estados Unidos)
  • LCQ (Última Classificatória) da EVO - 31 de julho (Las Vegas, Nevada, Estados Unidos)

Marvel vs. Capcom 2 segurou por muito tempo diversas marcas importantes. Ele foi o jogo com super-heróis mais aclamado pela crítica, vindo a ser superado anos depois por Batman: Arkham Asylum (Multi), em 2009. Também foi o título com o elenco mais vasto até a chegada de Mortal Kombat: Armageddon (Multi), que trazia 63 lutadores.

E você, caro leitor, tem boas lembranças desse clássico dos jogos de luta? Deixe o seu trio favorito aqui nos comentários e até a próxima!

Revisão: Davi Sousa


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google