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Análise: Power Rangers: Battle for the Grid (Multi) é bom, mas ficou devendo à famosa franquia

Mesmo com grande potencial e um sistema de luta sólido, o game deixou a desejar em muitos pontos.

Durante a nossa infância, certamente tivemos vários filmes, livros e programas que ficaram marcados em nossos corações e memórias. Dentre várias histórias e personagens, certamente uma das séries mais lembradas é Power Rangers. Graças aos seus heróis coloridos e efeitos especiais, ela teve tanto sucesso que gerou o lançamento de vários produtos derivados, incluindo games como o novo lançamento Power Rangers: Battle for the Grid (Multi). Infelizmente, o título mal conseguiu alcançar um nível digno da franquia, conforme veremos nesta Análise.

Go Go Power Rangers

Desenvolvido pela produtora nWay, Power Rangers: Battle for the Grid é um jogo de luta que apostou no sucesso da clássica série de super-heróis. O game tem versões para Xbox One, Switch (lançadas no fim de março) e PS4 (lançada em 2 de abril), sendo que uma versão para PC chegará ainda este ano. Inspirado por vários outros títulos do gênero, as batalhas ocorrem em times de 3 lutadores.

Os dois personagens fora da tela podem ser chamados para executar um golpe especial, ou então para substituir o lutador em campo. Esta mecânica, que é bastante popular em jogos de luta como Marvel vs Capcom 3 (Multi) e Dragon Ball FighterZ (Multi), possibilita vários combos e estratégias diferentes. Além disso, o personagem que é trocado pode recuperar um pouco da sua energia para depois retornar a batalha.
Monte sua equipe de Power Rangers
São quatro ataques básicos diferentes: fracos, médios, fortes e especiais. Cada um deles é ativado por um botão e tem variações de acordo com a direção utilizada. Uma barra de especial com três divisões controla o uso dos golpes mais poderosos, sendo que, ao perder um membro do trio, o jogador pode chamar a ajuda de um Megazord ou Mega Goldar. Este sistema é simples de ser entendido, mas possibilita ataques mais complexos para quem se dedicar.
Os especiais são um dos destaques nas lutas
Além das boas mecânicas de luta, é inegável que o outro grande ponto forte do game é o seu tema. Afinal, como foi dito anteriormente, o universo Power Rangers é muito famoso e popular, o que permite a qualquer jogo produzido com o seu conteúdo muitas possibilidades. Transformações radicais, robôs gigantes, ataques especiais e músicas envolventes são alguns dos exemplos que um título poderia trazer diretamente das séries.
Utilizar ataques dos Megazords foi uma boa ideia
Battle for the Grid trouxe uma quantidade razoável desses conteúdos, com destaque para os personagens, que contemplam uma boa amostragem dos diferentes grupos de Rangers. Embora os gráficos não sejam excelentes, trazem belos lutadores que foram muito bem modelados e acabados. Jogar com cada um deles é sempre uma ótima experiência, pois cada um é bastante diferente dos outros, mas sem criar uma discrepância de força entre eles.

Desta forma, o jogo consegue atender a todos os estilos de luta. O Ranger Vermelho (Mighty Morphin) é bastante equilibrado; a Ranger Amarela (Super MegaForce) tem ataques de distância média; o vilão Goldar (Mighty Morphin) é grande e lento, mas tem bastante poder de fogo; o Mastodon Sentry (versão alternativa de Mighty Morphin) tem ataques fortes a longa distância; a Kat Ranger (S.P.D.) tem rápidos golpes curtos; e assim por diante.
Várias figurinhas carimbadas da série Power Rangers
Ao unirmos os personagens bem desenvolvidos e as mecânicas de luta refinadas , temos partidas bastante dinâmicas e divertidas. Com pouco tempo de jogo é possível realizar combos interessantes e poderosos, mas sempre deixando aquele gostinho de que podemos caprichar ainda mais. Mas, infelizmente, as qualidades acabaram por aqui. Conforme veremos a seguir, elas quase são eclipsadas pelos problemas do game.

“Ai, ai, ai, ai, ai, Zordon!”

A frase de preocupação do robô Alfa é adequada: Power Rangers: Battle for the Grid, mesmo caprichando no quesito mais importante (as lutas), conta com muitos defeitos. Apesar de não serem individualmente tão graves, no final das contas derrubam a qualidade do game. Na verdade, talvez o mais correto seja dizer que o título conta com vários pequenos problemas que formam um grande defeito.
Realmente um tela de seleção muito pobre
E ele é grave: a falta de conteúdo do game é gritante. Tomemos como exemplo o número de lutadores. São apenas 9 (nove) opções diferentes. Seja pelos padrões de jogos atuais ou antigos, esta quantidade é muito baixa. Admito que a princípio pensei que novos seriam liberados, mas após finalizar o modo Arcade, permaneci com as mesmas opções. E se considerarmos que as partidas ocorrem em trios, a chance do oponente ter um personagem igual ao seu é ainda maior.

Ainda sobre o modo Arcade, o game é pobre no quesito opções de jogo. Com a ausência de um modo campanha, acreditei que ele seria interessante e robusto. Infelizmente, ele é completamente genérico, sem interação entre personagens, que mal trocam algumas frases apenas nas lutas finais. Modos de luta online casual e ranqueada, que demoram muito para funcionar, assim como multiplayer (local), tutorial e treinamento também estão disponíveis, mas sem qualquer brilho ou destaque.
Zordon poderia ter recebido um tratamento melhor
As skins também são poucas e obtidas somente via DLC (com apenas uma exceção para o Ranger verde), agravando o problema dos poucos personagens e das partidas bastante repetitivas. Mas a falta de conteúdo não para por aí: além do número baixo de lutadores, temos apenas 5 (cinco) arenas disponíveis para escolher. Mesmo retratando localidades clássicas do universo Power Rangers com uma qualidade razoável, não há como evitar a sensação de estar sempre jogando nos mesmos lugares.

S.P.D. Emergência

A falta de conteúdo afeta negativamente diversos outros elementos do jogo. Embora em um primeiro momento eles pareçam pouco significativos, a cada nova partida esses defeitos acabam se tornando mais evidentes. Seria legal, por exemplo, ver uma animação caprichada dos personagens antes e depois das lutas. Menus estáticos e ausência de cutscenes (podia ter pelo menos uma “morfagem”) são outros pontos que, apesar de não serem terríveis, deixam a desejar.
Embora bonitos, seria legal ter menus mais dinâmicos
No quesito som, Battle for the Grid é apenas OK. O jogo não tem dublagem (com exceções como frases do tipo “KO” e risadas dos vilões), tornando os duelos e interações um pouco superficiais. As músicas, além de poucas, podiam ser mais inspiradas. Mesmo o tema mais famoso de Power Rangers foi pouco trabalhado. Os efeitos sonoros dos golpes são bons, embora sem nenhum destaque. Mas, mesmo com todas essas dificuldades, fica uma esperança para os gamers e os fãs do game.

A produtora nWay comunicou que está escutando os jogadores e vai buscar melhorar o game. Tanto que uma grande atualização gratuita chegará em breve. Nela, temos como destaque a adição de 3 novos lutadores: a Ranger branca Udonna (Força Mística); a Ranger amarela Trini Kwan (Migthy Morphin) com a Dragon Armor; e o Ranger Azul saído do filme longa-metragem de 2017. Agora é esperar que essa dedicação continue e que o título possa atingir todo o seu potencial, sobretudo graças às ótimas lutas que ele proporciona.

“É hora de morfar!”

Avaliando apenas os seus defeitos, Power Rangers: Battle for the Grid teria tudo para ser um jogo medíocre. Mas, graças as suas poucas, mas importantes, qualidades, o game consegue ser interessante. Tudo porque a falta de conteúdo e detalhes é compensada por um sistema de luta surpreendentemente refinado e lutadores originais, bem construídos e divertidos de se jogar. Se você é fã da franquia ou de jogos de luta, este título pode ser uma boa opção, sobretudo se a produtora continuar dando suporte ao seu produto.
Pronto para a luta?

Prós

  • Excelente jogabilidade, sendo acessível para principiantes e interessante para veteranos;
  • Mecânicas de luta sólidas, com destaque para o sistema em trios;
  • Personagens muito bem construídos, com movimentos, golpes e especiais bastante originais;

Contras

  • Modos de jogo muito simples e ausência de uma campanha;
  • Pouca quantidade de conteúdo e detalhes, como somente 9 personagens e menus estáticos;
  • Trabalho de som pobre, com nenhuma dublagem e pouca músicas;
  • Dificuldade para conectar em partidas online.
Power Rangers: Battle for the Grid - PS4/Xbox One/Switch - Nota 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital disponibilizada pela nWay
Revisão: Renata Bottiglia

E você, leitor? Curtiu Battle for the Grid? Também achou que ele ficou devendo? Deixe a sua opinião.

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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