Meus jogos favoritos de 2018 — João Pedro Boaventura

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.


Para conseguir esquematizar as opiniões a seguir, acabei relendo a minha edição dele a respeito do ano passado e consigo afirmar que 2018 não foi tão bom para o meu eu jogador quanto 2017. Houve, com certeza, alguns pontos altos jogando alguns títulos antigos, como foi com FIFA 18 (Multi), que realizou a façanha de ser o game do Switch recém-comprado com mais horas jogadas até agora — e olha que eu nem considero um game tão bom.


Outro jogo que já tem certa rodagem e eu finalmente consegui experimentar foi Middle Earth: Shadows of Mordor (Multi), que, apesar de divertir por uma dezena de horas antes de cansar, descobri na prática que se tratava apenas de um Assassin’s Creed antigo com skin de Senhor dos Anéis cuja história se assemelha a uma fanfic feita por algum estudado na franquia criada por Tolkien.

Além disso, foi muito bom revisitar Saints Row The Third (Multi) e Saints Row IV (Multi) em um momento de amargura quando eu pessoalmente precisava jogar alguma coisa engraçada e com proposta destoante em uma indústria de games cada vez mais uniforme, repetitiva e monótona. Gosto de como eles fogem dessa pretensão de seriedade imposta, como se os videogames, como produto midiático, devessem tentar se impor perante o cinema dramático, por exemplo.

Sem mais delongas, vamos para a minha lista. Repetindo o formato do ano passado, separei não os que considero melhores, mas o que me marcaram de alguma forma e nomeando o “prêmio” a partir da minha relação com o game.


Aquele Remaster Maroto

Resgatando a categoria do ano passado, dou o prêmio para Killer7 (PC), um bom game da Grasshopper Manufacture, estúdio cujo passado anda servindo como uma boa vaca leiteira depois de lançar remakes de The Silver Case (PC) e sua sequência, The 25th Ward: The Silver Case (PC), além de tentar fazer vingar na Steam o fracasso que foi Let it Die (PS4).

Apesar de ser a favor do desenvolvimento de novos títulos e contra a ideia de requentar clássicos à exaustão, Killer7 é um jogo suficientemente antigo para valer uma revisitação dessas e ser apresentado para uma nova geração de jogadores que não tiveram a oportunidade antes e que hoje provavelmente irão chamá-lo de esquisito ou bizarro por conta de sua natureza altamente experimental.

Ou, por outro lado, vão elogiá-lo justamente por causa disso, visto que é muito comum idolatrarem games de jogabilidade quebrada com a justificativa de serem apenas difíceis. Não seria a primeira alma obscura vítima desse hábito. 



Aquele game cujo tempo gasto nele foi maior do que deveria

Levando outra categoria reciclada do ano anterior, NBA 2K Playgrounds 2 (Multi) é simplesmente cativante. Jogos esportivos têm essa mania de viciar as pessoas, de roubar suas almas e fazê-las investir um tempo maior do que elas realmente querem neles. 

O que o game faz, de estimular o desbloqueio de cada jogador individualmente através da sorte em pacotinhos num sistema que simula microtransações chega a ser ofensivo, mas a gente releva porque o gamer raíz vai querer liberar tudo na marra em vez de pagar dinheiro de verdade nisso.


Aquela atividade repetitiva que divide opiniões

Hellblazer é uma série em HQ em que o protagonista, John Constantine, vende sua alma a três demônios ao mesmo tempo para que eles brigassem por ela — tal ocorrido acontece no arco Hábitos Perigosos, de Garth Ennis. FIFA 18 é o primeiro dos meus demônios. NBA 2K Playgrounds 2 é o meu segundo. Fire Emblem Warriors (Switch/3DS) é o meu terceiro.

Eu não gastei tanto tempo nele quanto perdi com os dois primeiros, mas foi algo que eu me contive justamente porque qualquer coisa da série Warriors vicia. O fato de ser provavelmente o jogo mais competente da série até a presente data, conseguindo replicar as mecânicas características de Fire Emblem em um formato completamente diferente de gameplay serve apenas como mais um atrativo para me fazer repetir infinitamente a atividade de derrotar hordas de inimigos com o apertar de um botão.

Dessa forma, Fire Emblem Warriors ainda não é para qualquer um. Há quem o ache chato por ser excessivamente repetitivo. Há quem o ache viciante exatamente pelo mesmo motivo. Eu gosto. O único problema é que o carisma de Fire Emblem não chega nem perto do carisma da série Zelda, cujo Warriors também foi disponibilizado para o Switch em sua enésima versão.



Aquele que perdeu a liderança do campeonato na última rodada

Full Metal Furies (Multi) ficou no topo da minha lista até jogar aquele que eu considero, de fato, o meu jogo favorito de 2018. Ele é particularmente singular porque eu não tenho tanto apego assim a jogos indie, formato que alguns enxergam como a salvação da indústria — eu vejo apenas como uma forma específica que gera tralhas e pérolas na mesma proporção.

Apesar de ter alguns defeitos pontuais, como uma direção de arte moderninha levemente desagradável — embora o visual que mesclasse sprites com artes aquareladas seja realmente muito bom — e uma história nem um pouco envolvente, o game acabou se mostrando um verdadeiro exemplo de gameplay refinado e criativo, mostrando que algumas ideias clássicas ainda podem ser exploradas de novas maneiras — como é o sistema de alternância entre os personagens na porradaria single player.

No fim das contas, é um baita Beat’em Up que conseguiu resgatar e revitalizar o gênero na forma como ele se popularizou nos anos noventa para a nossa modernidade. Um título bem cativante que se sustenta como um jogo em sua essência, visto que outros critérios, como a narrativa e a construção de mundo, são bem fraquinhos.



Aquele usurpador que chegou em cima da hora

O mais interessante de Disgaea 5 Complete (PC), na minha opinião, é que me fez pensar. Apesar de conhecer a franquia há bastante tempo, eu havia jogado bem pouco dela e em nenhum momento tinha me aprofundado como aconteceu com o quinto jogo da série. Isso me fez refletir sobre RPGs Táticos no geral e traçar um paralelo com uma série que já apareceu nessa mesma lista: Fire Emblem.

A questão é que a série da Nintendo, apesar de ter recebido uma revitalizada com Fire Emblem Awakening (3DS), ainda carece de certas características que mantém a franquia ultrapassada dentro de seu gênero, sendo a principal delas o fator replay praticamente nulo depois que o jogo é terminado. Disgaea 5 Complete, por outro lado, não é nem um primor técnico, mas apresenta recursos que me fez questionar o motivo de FE não tê-los implementado ainda, como é o caso de fases aleatórias geradas procedimentalmente pelo próprio computador.

Olhando agora, fico bem satisfeito de que um dos meus games com mais tempo registrado no ano seja ele. Não tenho a impressão de que poderia estar jogando outra coisa durante as jogatinas — afinal, era justamente o melhor disponível para mim naquele momento. Valeu muito a pena, meu favorito de 2018.

Menção Honrosa Final

Super Smash Bros. Ultimate (Switch), que joguei em poucas oportunidades apenas e não peguei a minha cópia ainda porque ela é física e estou dependente da capacidade da loja onde fiz a pré-venda em conseguir o jogo para estoque.

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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