Top 10

Os dez melhores Assassin’s Creed em sua primeira década de lançamentos

Sim, já existem jogos da série suficientes para conseguirmos montar um ranking!


Há pouco mais de dez anos, o primeiro Assassin’s Creed foi lançado para PlayStation 3, Xbox 360 e PCs com sua proposta interessante de mesclar elementos factuais da história e uma história fictícia que envolvia o conflito entre duas facções — os Assassinos e os Templários — que se estendia por vários séculos de maneira instigante e imersiva.


Em seu primeiro título lançado em 2007, conhecemos Desmond Miles na era moderna, um descendente direto da linhagem dos Assassinos. Ele é então recrutado — contra a sua vontade — pela indústria Abstergo e é obrigado participar de um experimento de projeção de memórias de seus antepassados, proporcionado por uma máquina de leitura de DNA chamada Animus. Dessa forma, temos duas linhas de enredo: a de Desmond, durante o tempo presente e que perdura até o final de Assassin’s Creed III; e as do passado, encarnadas por vários protagonistas em diferentes eras, como a idade média, renascença, revolução industrial ou era de ouro da pirataria.

Com um início tímido nos jogos, mas com potencial, a franquia se tornou um fenômeno transmidiático que ultrapassa os games. Os livros frequentemente alcançam o topo das listas dos mais vendidos da categoria de ficção. O filme, apesar de não ter sido um sucesso de público ou bilheteria, contou com astros renomados do cinema, como Michael Fassbender, Marion Cotillard e Jeremy Irons. Além disso, a marca se espalhou também por histórias em quadrinhos e curtas-metragens animadas, além de uma série planejada pela Netflix.

Eventualmente, a marca tornou-se o carro-chefe da Ubisoft. Além disso, se tornou uma franquia anual de grande sucesso e um retorno significativo, fatos responsáveis, cada vez mais, pela expansão deste universo. Com tantos lançamentos, é natural que haja alguns com qualidade questionável, enquanto outros se destacam por trazer novas ideias e conceitos que podem refrescar a franquia.

Para uma geração de veteranos que acompanha desde o primeiro título, chega até a surpreender: já existem títulos suficientes para montar um top 10 daqueles considerados principais para a série.

10 - Assassin’s Creed Unity (2014) 

Foi-se pedido e especulado por muito tempo um Assassin’s Creed sobre a revolução francesa. O principal problema é que ele demorou tanto para chegar que Assassin's Creed Unity (Multi) pareceu até que surgiu meio fora de hora, quando já estava todo mundo meio desencanado com a série, mesmo que ela tivesse acabado de nos presentear com Black Flag. Outra coisa que pesou de forma contrária é que ele foi o primeiro para a nova geração de consoles naquele momento. Este tipo de transição geralmente afasta o público cativo e já consolidado da geração anterior.

Também é conhecido pelos bugs, provavelmente decorrentes da inexperiência do time de desenvolvimento em relação aos novos sistemas de hardware. No fim das contas, apesar de ser um marco por representar o momento em que a franquia se igualaria a grandes clássicos da história dos games por conseguir ir além de uma geração de consoles, Unity só se destaca pelo seu aspecto estético caprichado — isso quando ele consegue carregar uma tela por completo sem enguiçar. Nem mesmo a história ou a jogabilidade se sobressaem aqui de alguma forma.

9 - Assassin’s Creed (2007)

Não é incomum nos videogames nos depararmos com novas franquias cuja primeira iteração seja igualmente elogiada e criticada ao mesmo tempo. Elogiadas por serem capazes de trazer de trazer uma nova ideia instigante, mas criticadas pela incapacidade de praticá-la em toda sua glória. O primeiro jogo é isso. Muita conversa fiada e pouca ação — e não no sentido de porradaria, apenas, mas mesmo os momentos que envolvem stealth acabam ficando a desejar.



Além disso, é importante ressaltar que ele envelheceu. As mecânicas se tornaram datadas e é um empecilho constante tentar realizar algum movimento que já se consolidou nos títulos mais recentes, mas não conseguir porque ele não tinha sido implementado. Na época, era algo passável e compreensível. Hoje, já se torna um exemplo complicado de jogabilidade. É lembrado mais pelo valor histórico do que por sua qualidade.

8 - Assassin’s Creed Syndicate (2015)

Depois dos problemas enfrentados por Unity, é notável que Assassin's Creed Syndicate (Multi) tenha acertado a mão no desenvolvimento técnico e em um contexto histórico interessante para a série. Apesar de também não representar nenhuma revolução na franquia, é notável por assumir um tom menos pretensioso e se prezar a corrigir problemas presentes da versão anterior. Um exemplo notável é o sistema de combate que, naquela altura, havia se tornado enfadonho e mecânico — mesmo que depois de retrabalhado ainda passasse uma sensação de que ainda poderia estar melhor.



Aliás, é uma frase que se aplica ao o jogo inteiro. Esse sentimento de que ele é bom, mas ainda poderia ser melhor é constante durante toda a campanha, mesmo que Jacob e Evie, os personagens principais do jogo, sejam os melhores protagonistas que Assassin’s Creed tenham apresentado até então.

7 - Assassin’s Creed Rogue (2014)

Enquanto Unity e toda sua inglória roubava os holofotes ao surgir numa nova geração de consoles, o PlayStation 3 e o Xbox 360 não ficaram de mãos abanando, pois serviram de palco para Assassin's Creed Rogue (Multi). Apesar de ser tecnicamente competente, visto que, naquele momento, tudo o que era possível se fazer no aparelho já tinha sido colocado em prática, ele falha em oferecer uma aventura diferenciada e marcante.

No fim, é quase uma expansão individual do quarto jogo. Talvez o seu mérito seja conseguir criar um elo entre o terceiro e quarto títulos da franquia ao mesmo tempo em que se preocupa a apresentar o jogador a um diferente ponto de vista da história. É possível afirmar que ele pode até ser melhor do que o previsto, principalmente se comparado a seu irmão mais graúdo, com quem foi lançado simultaneamente, mas ainda sofre muito para ter luz própria.

6 - Assassin’s Creed Revelations (2011)

apresentação original de Revelations, na E3 2011, é provavelmente uma das melhores experiências cinemáticas no que tange trailers de jogos digitais. Seria a conclusão da trilogia envolvendo Ezio Auditore da Firenze, que acompanhamos desde o segundo título da série, além de prometer estabelecer a ligação entre ele e Altair, o protagonista do primeiro jogo.

O resultado, entretanto, é um game enfadonho de uma série que, naquele momento, estava enfrentando já o começo de seu ostracismo. Suas maiores novidades — um gancho que tanto servia de tirolesa quanto facilitava a escalada e um sistema de personalização de mini-bombas — não chegam nem aos pés da experiência expandida do título anterior. 



Há também missões de tower defense, mas acabam se tornando incômodas. Por mais que tais sequências não fossem obrigatórias (com exceção da vez em que tal mecânica é apresentada), elas ainda são necessárias para manter o controle da cidade — algo que não seria problema se não fossem tediosas.

Acima de tudo, é válido considerar que, mesmo de boa intenção, o ato de levar o título para outros ambientes diferenciados que não sejam italianos — Constantinopla e Massiafe — não ajudou muita coisa nesse cansaço que a série enfrentava naquele momento.

5 - Assassin’s Creed III (2012)

O mérito da terceira iteração numerada da franquia está na conclusão do enredo do mundo moderno protagonizado por Desmond Miles e seu recorrente antagonismo com a Abstergo. Na época, a revelação do título se deu a partir de uma imagem alegadamente vazada e elevou momentaneamente os ânimos, uma vez que franquia finalmente iria se desvincular da renascença em prol de um outro período histórico, algo que, supostamente, indicaria uma renovação de uma série que naquele momento passava por um momento de ostracismo.



Apesar de trazer algumas ideias boas, como as missões de combate náutico, o sistema de caça e a relação do protagonista com a facção templária, o game é pouco interessante justamente pela existência de um mundo relativamente vazio em relação aos anteriores. A floresta é um mapa aberto e recheado de nada que só serve para inflar o tempo de jogo, mesmo com o fast travel sendo possível — o que, aliás, julgo inclusive uma incoerência, porque se você cria algo, é teoricamente para ser prazerosamente desbravado. Permitir uma mecânica dessa só atesta que até mesmo a equipe de desenvolvimento não coloca tanta fé assim no produto.

Por mais que o Connor tenha muito mais personalidade do que Ezio e Altair, é notável que é também o mais cabeça-dura de todos. Chega a ser triste que uma série que se destaca pela história tenha um protagonista tão incomodamente desprezível.

4 - Assassin’s Creed Origins (2017)

O primeiro fora do patamar dos jogos comuns e, para o nosso ranking, é quando começa a ficar bom de verdade. Assassin’s Creed Origins (Multi) é um título que pode ser encarado como soft-reboot, visto que se preocupa em organizar os elementos que até aqui tinham sido amontoados por anos de universo expandido. Também é o primeiro lançamento da franquia após uma pausa de um ano nos games — usada para dar destaque ao lançamento do filme nos cinemas. Esse hiato acabou servindo para trazer um novo frescor à série, que estava novamente tendo alguns problemas por não conseguir produzir nenhuma experiência marcante nos últimos títulos (um contexto similar aconteceu ao do quarto jogo da série).



Assim, Origins nos apresentou a novos horizontes para a franquia por deixar de lado a história ocidentalizada e valorizar outros legados, como o africano, mais especificamente, do Egito. O fôlego tomado durante a produção do título foi suficiente para retomar alguns aspectos que valorizam o mundo aberto e trazer novas mecânicas à franquia, como um sistema de combate reformulado e a Visão de Águia (quando assumimos o controle em primeira pessoa de uma ave para, por exemplo, fazer o reconhecimento de uma área).  É notável que o jogo é lembrado também por conseguir trazer um elenco de personagens interessantes que, consequentemente, contribuem para uma história ainda mais instigante a respeito da Ordem dos Assassinos antes mesmo da própria existir. 

3 - Assassin’s Creed II (2009)

Assim como foi constatado anteriormente a respeito do primeiro título, muitas franquias na história dos games tiveram um início capenga e são valorizadas por conta da ideia que trazem. Entretanto, há uma gama considerável dessas séries que conseguiram seu lugar ao sol ao chegarem avassaladoras com sua sequência. Assassin’s Creed II (Multi) é um exemplo marcante desse fenômeno, pois otimizou todas as qualidades do primeiro jogo ao mesmo tempo em que varria os defeitos para baixo do tapete.



O segundo título pode não ser ainda o ápice de Assassin’s Creed, mas foi responsável por encaminhar o seu sucesso ao escancarar as portas que dão um belo vislumbre do que a franquia pode oferecer, equilibrando momentos de stealth e combate amarrados por uma história envolvente, mesmo que exagerada em alguns momentos. Também foi o pontapé inicial da trilogia Ezio, o personagem principal mais lembrado pelos fãs. Protagonista de um período marcado por ascensão, auge e declínio, foi o momento de consolidação de uma espécie de Era de Ouro da franquia.

2 - Assassin’s Creed IV: Black Flag (2013)

É o primeiro soft-reboot da marca, uma vez que a história de Desmond, nosso protagonista do tempo atual, se encerrou. Analisando a história a grosso modo, chega a ser interessante que, naquele momento, o quarto jogo da franquia era provavelmente o que mais se distancia da mitologia original dos Templários contra os Assassinos. Black Flag acaba sendo tão fora da curva que consegue ser um dos melhores Assassin’s Creed sem nem ao menos parecer um Assassin’s Creed. Isso mostra que sua qualidade não é calcada no peso da franquia, mas em um brilho próprio.



O novo sistema de jogo — que teve como base um antigo game da Bethesda chamado Sea Dogs (PC)  — foi responsável por trazer a que, até então, acaba por se tornar a experiência suprema em um jogo de pirataria em relação ao controle das embarcações. É justo dar os créditos, contudo, ao terceiro jogo numerado da franquia, com missões de combate náutico que em sua época foram muito populares e provavelmente serviram de embrião deste quarto título. Além disso, as qualidades de Assassin’s Creed IV: Black Flag (Multi) levaram também ao desenvolvimento de Skull & Bones (Multi), da própria Ubisoft.

É óbvio que o título não se resume aos combates náuticos. Reiterando: a história pouco se parece com Assassin’s Creed — por conta de deixar de lado todo o elemento stealth em prol de grandes embates guiados por canhões —, mas isso não significa que não seja boa. Colocar o Barba Negra numa posição de mocinho, por exemplo, é uma manipulação histórica que se mostrou interessante por ser bem-feita de maneira não ofensiva. Além disso, o próprio mundo aberto é recheado de atividades paralelas que diversificam bem a experiência de jogo. 

1 - Assassin’s Creed Brotherhood (2010)

Absolutamente tudo o que Assassin’s Creed II trouxe de bom, Brotherhood veio e fez melhor. Num primeiro momento, ele parece diminuto e limitado por estar restrito a Roma, enquanto no anterior era possível transitar entre várias cidades diferentes, como Veneza e Florença. Contudo, dada a quantidade de possibilidades que o título apresenta, logo é possível esquecer a variedade de cenários do ACII original porque somos compensados com uma série de atividades interessantes que envolvem as novas mecânicas.



A principal é a capacidade de recrutar seguidores que podem ser chamados a qualquer momento para ajudar, seja em missões paralelas, seja em missões principais, seja até mesmo nos momentos de tédio em que nós, como jogadores, gostamos de usar para passear pelo mundo no simples intuito de causar. Se existe um GTA ou Saints Row da Renascença, em que a sensação de sucesso ao longo da campanha consegue ser representada pelo gameplay e é visível a progressão da facção do protagonista no controle do território, dá para dizer que é o Brotherhood.

Revisão: Marília Carvalho

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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