Entrevista

BGS 2018: Kingdom Come: Deliverance (Multi) e os diversos caminhos do guerreiro

Falamos com o pessoal da WarHorse sobre seu primeiro grande projeto, incluindo as novas DLCs que estão a caminho.

Entre tantos jogos para jogar e pessoas para encontrar nessa última Brasil Game Show, tivemos a oportunidade de conversar com Tobias Stolz-Zwilling, Gerente de Relações Públicas da  WarHorse Studios, responsável por Kingdom Come: Deliverance, um dos RPGs mais interessantes lançados em 2018, e que lança nessa semana o segundo pacote DLC.


Antes de tudo, vale dizer a história que Kingdom Come: Deliverance atravessou até se tornar realidade. O game teve um ciclo de desenvolvimento de sete anos, sendo três somente para captação de recursos e a procura de investidores — a bem sucedida campanha no Kickstater foi uma mostra que o projeto poderia vingar. Depois foram mais quatro anos de desenvolvimento, com crescimento da equipe e planos para o futuro. Mas sobre isso eu comento mais pra frente.

Foto: Alexandre Mendes
Pra começar, Tobias nos mostrou um pouco do jogo base, uma ótima introdução para entendermos a fundo como o game funciona e se diferencia de outros títulos do mercado. A história traz como protagonista Henry, filho de ferreiro que se acha no meio de uma guerra civil na região da Boemia do século XV (atual República Tcheca). Tendo sua família morta, ele parte em busca de vingança e entra na luta da resistência contra o exército inimigo.

Um dos pontos que destaca Kingdom Come, e que o time tem orgulho de lembrar, é que o jogo é completamente baseado em lugares, pessoas e fatos reais. Henry em si é um personagem fictício, mas todos ao seu redor, de aliados a inimigos são figuras que de fato existiram naquela época. O game tem um códex que fala sobre cada uma dessas personalidades.

Tobias também fez questão de nos mostrar que toda a região retratada no game é extremamente fiel ao real, inclusive com estruturas que podem ser encontradas até hoje. Tanto para partes externas como internas foi feito um grande trabalho de pesquisa para obter um resultado mais próximo possível, afirmou Tobias. Mesmo as árvores das vastas florestas foram modeladas a partir de espécies nativas da região.


Falando sobre o gameplay, Kingdom Come é um jogo com um ritmo mais lento, que deve ser aproveitado dessa forma. Algo que achei interessante é que o game não conta com um minimapa ou marcadores. Tobias lembrou que os jogadores devem usar a posição do Sol e seu conhecimento da geografia do local para saberem para onde ir.

O game tem um grande foco na narrativa e isso pode ser visto já em uma das primeiras missões. O jogador pode optar por seguir ou não um pequeno grupo de soldados que vai investigar um ataque suspeito, Caso acompanhe seus aliados, pode optar por diversas abordagens possíveis: investigar a cena detalhadamente, conversar com habitantes de maneira educada ou mais enérgica ou mesmo ignorar tudo. Um detalhe muito interessante é que até mesmo a roupa que o jogador está usando pode influenciar nos diálogos. Um civil desconfiado pode optar por omitir informações a alguém vestido de soldado, por exemplo.

Vale notar que não há qualquer interface de investigação ou algo similar, cabe ao jogador verificar tudo com atenção e ligar os pontos para progredir com a história. Tobias comentou que na campanha principal, mesmo que percamos algum evento ou diálogo, sempre há rotas alternativas para avançar. Já nas secundárias é possível sim perder alguns eventos dependendo de suas ações.


Saindo dessa pequena grande introdução, falamos um pouco sobre como a WarHorse Studios viu o desenvolvimento do game desde seu lançamento em fevereiro. Tobias comentou que eles receberam um grande suporte da comunidade nesses poucos meses, o que permitiu que eles criassem um cronograma para o lançamento de DLCs, além do contínuo trabalho na correção de bugs.

Falando sobre conteúdos extras, essa vinda para a BGS coincide com o segundo pacote de expansão. The Amorous Adventures of Bold Hans Capon. Nesse novo DLC o foco não está em combates épicos mas sim ajudar seu amigo Hans Capon a conseguir a atenção da mulher amada. E isso inclui ir atrás de algumas jóias perdidas em apostas e o auxilio para decorar alguns poemas. Parece bem divertido e sai do habitual "mate o herói lendário" ou coisas do tipo. De acordo com Tobias, deve render de 8 a 10 horas de gameplay a mais, o que já é uma bela aventura.



Além do conteúdo pago, também existem updates de expansão gratuitos. O próximo a ser incluído é o Tournament, focado em combates e, claro, com uma boa porção de narrativa envolvida. Ainda em relação a conteúdos grátis, uma ferramenta especial para criação de MODs também está nos planos.

Os dois próximos DLCs planejados para o jogo são Band of Bastards e Woman's Lot, esse último contará com uma protagonista mulher. Tobias não adiantou muito sobre esse episódio, mas parece promissor.

Foto: Alexandre Mendes
É muito interessante ver todo o cuidado com o qual a WarHorse Studios está conduzindo seu primeiro lançamento. Além de apresentar um game com um grande conteúdo, e que foge um pouco de algumas normas, há um suporte notável com novas expansões gratuitas e pagas.

Kingdom Come: Deliverance está disponível para PC, XBO e PS4.

Participação: Lucca Torres Monteiro


Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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