Análise DLC

Fallout 4: Automatron (Multi) mostra que o robô é o melhor amigo do homem

Ao contrário do que se esperava, a primeira DLC de Fallout 4 faz jus à qualidade da série.


Após muitas polêmicas, tanto devido ao reajuste de preço quanto ao possível tamanho dos seus conteúdos, finalmente, a Bethesda lança o primeiro DLC do aclamado Fallout 4 (Multi). Trata-se de Automatron, que promete trazer não apenas novas  missões ao jogo como também mecânicas envolvendo a construção de robôs personalizados.


Qualquer semelhança é mera coincidência, ou não

Nesta nova fase de Fallout 4, uma horda de robôs malignos de origem desconhecida amedrontam os habitantes da Comunidade. Será que isso tem alguma relação com o Instituto? Tudo o que se sabe é que eles são liderados por uma figura misteriosa chamada Mecanista.

Se esta história não lhe parece estranha e você acha que está tendo um déjà vu, fique tranquilo, isso realmente não é um devaneio, mas sim uma grande coincidência com uma DLC de um outro game lançado recentemente. Sim, estou falando de Just Cause 3: Sky Fortress (Multi), que foi lançado há algumas semanas e possui uma premissa muito semelhante: “drones diabólicos que aterrorizam a população, os quais a fonte é desconhecida, de modo que só sabemos que são controlados por uma figura misteriosa”.

A grande e abissal diferença é que Automatron consegue desenvolver uma história consistente, envolvendo escolhas que mudam a maneira como se desenrola a narrativa e com um desfecho imprevisível. Aliado a isso, a DLC de Fallout 4 possui mais profundidade do que aparenta à primeira vista. O Mecanista, por exemplo, é claramente uma homenagem aos heróis dos anos 30 e 40, sendo o resulto final de uma mistura entre RocketMan e Rocketeer.

Além disso, esta nova empreitada possui um clima diferente do habitual, aproximando-se do nefasto. O fato é que os robôs provocam tanto sustos quanto um bom jogo de horror, podendo, de certa maneira, serem comparados aos Ghouls dos jogos anteriores da série, pois, da mesma maneira que os zumbis, estes muitas vezes parecem “mortos” (desligados) quando, na verdade, só esperam uma oportunidade para lhe atacarem quando você menos esperar.

De entusiasta à Blade Runner

O intuito dessa nova DLC é ser apreciada tanto por aqueles que estão começando a se aventurar pela Comunidade quanto por aqueles que possuem um nível avançado, de modo que ela é recomendada a jogadores de nível 15 ou superior. Apesar disso, as missões de Automatron não trazem grande dificuldade aos veteranos, mesmo jogando na dificuldade sobrevivência. Ora, se refletirmos um pouco a respeito disso, DLCs e Season Pass, geralmente, são procurados por aqueles que já concluíram o jogo e procuram por novos e maiores desafios, ainda mais quando estes vêm a tona meses depois do lançamento do jogo original. Infelizmente, para a frustração dos veteranos, esse novo conteúdo não correspondeu tanto às expectativas.

Todavia, existe uma vantagem em ser veterano, pois as novas missões acontecem em locais distantes uns dos outros. Contudo, se você você já terminou ao menos a campanha principal, poderá usar e abusar da viagem rápida, evitando conflitos e poupando seu tempo. Em outras palavras, isso é ótimo para aqueles que desejam uma  experiência ininterrupta e, consequentemente, mais imersiva.

Já para aqueles que realmente esperavam um desafio, talvez, esse tipo de experiência só seja possível futuramente com Far Harbor, add-on que será lançada em algum momento de Maio e que promete grandes desafios envolvendo dungeons e criaturas mortais.

Diga com que autômato andas, que eu te direi quem és

Um dos destaques de Automatron é a adição de um novo companheiro robótico, Ada. Ela é uma robô (bem, apesar de máquinas não possuírem gênero, ela tem uma voz feminina) que originalmente viajava com uma caravana comercial especializada em reparos mecânicos e comercialização de peças robóticas. Infelizmente, após diversas investidas por parte do Mecanista, os membros de sua caravana não resistem e acabam morrendo.

Ada é um robô híbrido, composto de partes de Assaultron, Sentry bot e Protecton, o que a torna única. Originalidade, entretanto, não é necessariamente sinônimo de qualidade, pois, devido a sua perna de Protecton, Ada se move muito lentamente e com passos espaçados, o que frequentemente faz com que sua perna fique presa em desníveis  ou em algum objeto que se encontra no chão. Essa desvantagem não apenas faz dela a companion mais lenta de todo o jogo como também não permite que participe de batalhas com frequência.

Mas esse incomodo é apenas temporário, pois não demora muito para que você possa criar e customizar seus próprios robôs, inclusive Ada.  Aliás, esse é o maior atrativo deste novo conteúdo. Você poderá escolher entre os diversos membros, armaduras, habilidades e armas

Você será capaz de produzir não apenas máquinas bípedes, mas também com três pernas, como uma Sentry, ou ainda fazê-la voar, como um Mister Hand. Aliado a isso, poderá escolher sua armadura deixando seu robô praticamente indestrutível ou ainda fazer com que esta provoque dano de proximidade. E, por fim mas não menos importante, poderá transformá-lo em uma arma mortal, equipando-o com laser e miniguns metralhadoras. Em outras palavras, dependendo do modo como você construir seu acompanhante, este poderá vir a ser o companheiro mais poderoso de todo o jogo.

Montar um bom robô, todavia, exige que você se dedique a caçar outros autômatos e coletar dezenas de peças por toda a Wasteland, o que é uma tarefa muito trabalhosa, mas ao mesmo tempo recompensadora, principalmente quando você finalmente vê seu companheiro em ação.

Eu vou robotizar você

Além de robôs assassinos, Automatron também introduz um novo e peculiar grupo de bandidos à Comunidade, os Rusty Riders. Esses malfeitores são excêntricos fanáticos por máquinas. Todo o seu mundo gira em torno de robôs, a ponto de se vestirem com suas armaduras, decorarem o refugio com suas  partes e, o mais extremo de tudo, acreditarem cegamente em tudo o que um autômato diz, como se este fosse um líder de um culto. Essa loucura aplicada as vestimentas e ao cenário traz um novo tom de terror a este novo conteúdo.

Esse é o meu tipo de máquina

O recente aumento da Season Pass em mais de 100% do valor original, aliado o fato das DLCs serem anunciadas como add-ons, foi no mínimo preocupante, para não dizer revoltante, mas no fim das contas Automatron, especificamente, não é muito diferente de outros conteúdos adicionais da série Fallout. Apesar do modo como foi categorizado, ele não é curto, proporcionando em média cinco horas de jogatina em missões, além de diversas horas dedicadas a empreitadas em busca de novas peças para customização de seus robôs. Seu valor também não está tão alto quando comparado a conteúdos equivalentes de outros jogos triple A.

Sua única falha é a incapacidade de proporcionar um desafio à altura àqueles que estão em nível avançado ou mesmo já concluíram o jogo. Por outro lado, pode-se considerar que esse erro é compensado com uma história original e com a construção de autômatos, que é o grande trunfo deste conteúdo. Sendo assim, recomendo esta DLC não somente aos jogadores que já possuem Fallout 4, mas também aos que pretendem adquirir o game.
Automatron (Fallout 4) — PC/PS4/XBO — Nota: 9.0
Versão Utilizada: PC
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Peterson Barros

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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