Análise DLC

Just Cause 3: Sky Fortress (Multi) leva a guerra para os céus de Medici

A primeira expansão de Just Cause 3 traz mais missões repetitivas, mas, mesmo assim, agrada.


Depois de mais de 3 meses e muitos bugs, finalmente, a Square Enix lança o primeiro grande DLC de Just Cause 3 (Multi), Sky Fortress, que faz parte do pacote Air, Land & Sea Expansion Pass, composto de três expansões. Cada uma delas, como o próprio nome diz, corresponde a um elemento da natureza distinto, de modo que o primeiro que iremos ver agora, Sky Fortress, corresponde ao ar.


O lançamento desta DLC trouxe não apenas mais conteúdo a Just Cause, como também um patch de correção que deu conta de vários problemas que pareciam ter sido ignorados desde o lançamento do jogo (carregamentos demorados e estabilização de frame rate, por exemplo). Aliás, o desempenho é ainda melhor na fortaleza voadora, em outras palavras, o desenvolvedores tiveram um árduo trabalho desde novembro com a expansão. Além disso a complexidade do cenário e a quantidade de elementos que o compõe é bem menor comparado ao restante do jogo, o que justifica toda essa qualidade.

Confusão de gênero 

Como que se a opressão da ditadura de Di Ravello não fosse o suficiente, agora os cidadãos de Medici sofrem com uma nova ameaça: uma organização tecnológica chamada eDEN. Drones robóticos aterrorizam  a população e uma enorme e misteriosa fortaleza aparece no céu. Ricco deve, mais uma vez, salvar o dia, todavia, a ameaça parece ter uma origem familiar.

Diferentemente do restante do game, a história da DLC não possui cinematics. Ao invés disso, os principais momentos da narrativa são apresentados através de belas ilustrações, cujas aparências se assemelham muito a visual novels e acredito que isso decepcionará muitos jogadores. Nada contra Visual Novels, muito pelo contrário, mas usar este tipo de recurso para um jogo triple A com os gráficos de Just Cause 3 não era o que se esperava, além do que isso rompe com o modo como a história estava sendo apresentada até então. Seria preferível que  não houvesse qualquer corte e que a história fosse apresentada com os próprios gráficos do jogo, sem renderização durante os momentos importantes .

A ameaça que veio do céu

O grande destaque de Sky Fortress, com certeza, é o Traje Planador de Bavário. Ele se assemelha ao traje planador tradicional, porém, possui um motor propulsão, que possibilita  Ricco realize pequenos vôos, sendo impulsionado por um propulsor de tempos em tempos para não perder altitude. Aliado a isso, o traje é equipado com duas armas: uma metralhadora e um lança mísseis, que farão com que você, literalmente, incendeie os céus de Medici.

Mas, se você acha que com esse equipamento você se transformará em uma espécie de Homem de Ferro, está muito enganado. O uso do motor é muito limitado, de modo que você só é capaz de dar alguns impulsos. As armas também possuem uma espécie de countdown, demorando um tempo para recarregar e poderem ser usadas novamente.

Apesar de ser algo espetacular, Ricco não parece nada à vontade com este novo traje. Quando se esquiva, ele o faz de modo desengonçado, além de soltar alguns grunhidos durante sua movimentação, provavelmente devido à resistência do ar, que torna seus movimentos difíceis e dolorosos. Isso traz um pouco de realismo e fidelidade física ao game, mas, cá entre nós, ninguém esperava nada crível vindo da série Just Cause.

Se, entretanto, você é um fã do modo tradicional de gameplay, fique tranquilo, o Traje Planador de Bavário de maneira alguma substitui o grappling hook, o tradicional gancho da série. Este novo traje é muito veloz a ponto de, muitas vezes, ser difícil de controlá-lo e realizar exatamente o movimento que se deseja, além de não ser tão preciso quanto o gancho; em outras palavras, cada um deles terá o seu papel no game.

Você poderá adquirir armas feitas de Bavário, roubando-as dos soldados de eDEN. Estas, sem dúvida alguma, são as armas mais poderosas do jogo, com destaque para o Fuzil Separador, que dispara quatro tiros explosivos simultaneamente. A grande vantagem é que, o uso, tanto do traje quanto das armas, não se limita à fortaleza voadora. Você também poderá utilizá-las em qualquer outro lugar do jogo, inclusive para realizar as missões da campanha principal.

Da mesma maneira que a história principal, Sky Fortress não é apenas diversão, ela conta com o retorno das odiadas e repetitivas missões envolvendo a liberação de Postos Avançados. Para aqueles que não se recordam, o game conta com inúmeras bases inimigas, cada uma dessas fortalecidas com armas e recursos. Para liberar uma dessa bases, é necessário por fim a cada um desses elementos, que não são poucos. Isso não seria um grande problema, caso essa atividade não fosse obrigatória ou mesmo se houvesse algum tipo de recompensa por estas desventuras, mas o que ocorre é exatamente o inverso: além de obrigatória para o avanço da história, você não ganha nada mais do que um "tapinha nas costas" por concluí-las.

Disputar é inútil

Quem já jogou Just cause 3 sabe que, sempre que possível, o jogo tenta se manter online, por mais que sejam gastos minutos preciosos da sua jogatina tentando se conectar e apesar dele não possuir qualquer modo multiplayer. Isso ocorre por dois motivos:  devido ao DRM, e também por causa das disputas por rankings,  que aparecem automaticamente quando você desempenha ações épicas, como o uso do gancho para percorrer grandes distâncias ou correr a mais de 180 km/h com um automóvel.

Há também uma disputa chamada Mestre Planador, que desafia os jogadores a ficarem o máximo de tempo possível planando, entretanto, o Traje de Bavário pode ser usado como uma espécie de trapaça, fazendo com que o seu proprietário possa voar infinitamente. Isso não apenas torna esta competição inútil, como também transforma esta tarefa em algo quase impossível àqueles que não possuam Sky Fortress para alcançar uma boa colocação, o que é injusto.

Bem-vindo ao meu lar, disse a aranha à mosca

O final da história parece contar com uma grande revelação, pois, desde o começo, a misteriosa líder da eDEN afirma já conhecer Ricco intimamente, além do que ela nunca revela a sua face, de modo que só sabemos se tratar de uma misteriosa mulher. Tudo nos leva a crer que ela tem alguma relação com o passado do agente, porém, o final surpreendentemente consegue jogar toda sua expectativa por terra abaixo, como se alguém tivesse alterado parte do roteiro no último momento.

Sky Fortress traz novidades agradáveis, principalmente com a adição do Traje de Bavário, que facilita a movimentação de um ponto a outro de Medici, mas, ao mesmo tempo, é difícil de ser controlado, criando uma nova dificuldade a ser superada. A história, entretanto, apresenta várias missões repetitivas e um final que deverá decepcionar a muitos. Mesmo assim, não há como negar a nova perspectiva que o conteúdo traz às jogatinas. Sendo assim, recomendo a DLC não somente àqueles que possuem Just Cause 3, mas também aos que sonham em voar livremente pelo céu.
Sky Fortress (Just Cause 3) — PC/PS4/XBO — Nota: 7.0
Versão Utilizada: PC
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Peterson Barros 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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