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Análise: Red Faction Guerrilla Re-Mars-tered (Multi) — uma remasterização aquém das expectativas

Qualidade técnica é abaixo do esperado na remasterização de uma das jóias raras da sétima geração de consoles.


Red Faction Guerrilla (Multi) foi originalmente lançado em 2009, e trazia muita ação em um mundo aberto repleto de atividades para serem realizadas. Com foco principal da destruição, o game se tornou um excelente exemplo de como lidar com a destruição de cenários de maneira criativa e divertida. Embora não tenha sido uma unanimidade entre os críticos, Guerrilla conquistou um bom número de fãs, e agora chega para PlayStation 4, Xbox One e PC através da edição Re-Mars-tered.

Colonizando Marte

O protagonista de Red Faction Guerrilla é Alec Mason, um especialista em demolições recém chegado em Marte. Tendo saído da Terra apenas para trabalhar no processo de colonização e construção civil no Planeta Vermelho, Mason percebe que a realidade é bem diferente daquela que tinha em mente, com a Earth Defense Force - EDF - servindo de força armamentista, além de colonizadora. Com todos os cinco setores de Tharsis sob o regime da EDF, nosso protagonista vê seu irmão ser morto e acaba se juntando ao grupo rebelde Red Faction, que busca libertar Marte das forças militares.

Em um panorama geral, a trama de Guerrilla não se distingue muito de outros jogos de ação e guerra, com trama simplória e personagens rasos, em sua maioria. Mason se sobressai mais por conta de seu dublador, que confere algum carisma ao personagem através de algumas linhas de diálogo, mas percebe-se que não há nenhum foco em uma atuação de maior qualidade ou mesmo em contar uma boa história. A maioria dos diálogos ocorrem durante as missões principais do jogo, mas poucos exploram o passado dos personagens ou qualquer outro aspecto além do que a EDF está fazendo em Marte.



O Planeta Vermelho é bem distinguível por sua estética. Os setores da região de Tharsis possuem paleta de cores próprias e ambientação condizente com a “função” do local. Áreas militares, residenciais e industriais possuem construções e veículos próprios, mesmo que alguns deles se repitam entre os setores. O ambiente predominantemente desolado é cortado por estradas onde trafegam veículos a todo momento; a areia é carregada pelo vento e cobre o ambiente de maneira sutil, mas que simula de forma eficiente um planeta bem diferente do nosso. Ainda assim, em certos momentos, é comum encontrarmos cenários que parecem mais um Planeta Terra pós-apocalíptico, mas de maneira geral, Guerrilla cumpre bem o papel de nos colocar em Marte.

Expulsando a EDF

Em Marte, estamos na região de Tharsis, que é dividida em cinco setores: Parker, Dust, Badland, Oasis e Eos. Todos eles são controlados pela EDF, e nossa missão é libertá-los de suas mãos sujas de sangue. Cada setor possui um nível de controle da EDF e um nível de moral da Red Faction. Há diversas missões secundárias - Guerrilla Actions - espalhadas pelo mapa, que podem ser feitas de acordo com a vontade do jogador, e completá-las rende pontos de moral ou redução do nível de controle militar. Quanto maior o nível de moral, mais rebeldes se juntarão a Mason durante suas missões, e quanto menor for o controle da EDF, mais missões principais são desbloqueadas. As missões são bem variadas, indo desde a libertação de reféns à destruição e caos total com armas e veículos específicos e a destruição de locais importantes para a EDF.

Completar missões, sejam elas primárias ou secundárias, rende Salvage, a moeda do game, e desbloqueia novos armamentos e melhorias para compra nas bases da Red Faction. A grande maioria do arsenal do jogo é voltada para causar destruição máxima e absurda de maneira direta, explodindo tudo e todos que estiverem pelo caminho de Mason. Praticamente todas as construções do cenário são destrutíveis e em diversos níveis. É possível explodir todas as paredes de um prédio e então colocá-lo completamente abaixo, com ou sem inimigos dentro dele. Pedaços de concreto voando junto com inimigos mortos: é diversão garantida e impressionante pelos níveis de detalhes, e tudo graças à engine Geo Mod 2.0, que confere não somente os detalhes gráficos nas explosões e desmoronamentos, mas também peso às construções.



Os conflitos armados de Red Faction Guerrilla são decentes, e ocorrem tanto a pé quanto em veículos. A pé, temos um sistema de cobertura muito mal implementado, que resulta em sua pouca utilização, já que tudo pode ser reduzido a pó. Além disso, a inteligência artificial é agressiva e impiedosa, o que a torna um inimigo feroz, especialmente quando somos encurralados em espaços abertos ou estamos sob o fogo de armas estacionárias. Os veículos, por outro lado, não são a melhor coisa do jogo, à exceção dos Walkers, grandes robôs fortíssimos e de destruição massiva. Qualquer veículo sobre rodas tende a derrapar mais do que o normal e a sair voando e deixando o jogador sem controle durante o saltos inoportunos, mas nada que chegue a atrapalhar a experiência. Porém, poderia ser melhor e ter mais firmeza.

As missões principais são bem curtinhas, e o jogo pode ser completado em aproximadamente nove horas de jogatina, incluindo aqui grande parte das missões secundárias. A dificuldade elevada das missões finais pode assustar, especialmente quando passamos por algumas relativamente simples e fáceis nas primeiras horas. Em alguns momentos, o game é punitivo demais e acaba frustrando, nos matando e fazendo com que tenhamos de reiniciar a missão totalmente ou em um ponto de controle bem distante de onde morremos.

Caos online e Wrecking Crew

O modo multiplayer online de Red Faction Guerrilla serve mais como um tira gosto para quem tiver paciência para encontrar e permanecer nas partidas. Possui modos tradicionais de jogos de tiro, como mata-mata em equipe e capture a bandeira, bem como modos de ataque contra defesa, como o modo Siege, em que um time deve defender construções e prevenir a destruição dela pelo outro time. Há desafios secretos para serem completados e muitos itens cosméticos para serem desbloqueados. É possível personalizar os personagens e equipá-los com diferentes armas e mochilas especiais que conferem diferentes habilidades ao jogador. A bem da verdade, os modos online de Guerrilla estão quase vazios, mas poderiam ser um alento em meio aos inúmeros shooters convencionais no mercado.



Para aqueles que querem uma diversão descompromissada e descerebrada com um amigo, temos o modo Wrecking Crew, com diversos modos e mapas, em que o foco é fazer a maior pontuação possível ao destruir tudo ao seu redor. Há inúmeras opções de ajustes, como limites de tempo, armas e veículos, mas o objetivo é um só: causar destruição e fazer pontos. Assim que uma rodada acaba, o jogador passa o controle e deixa que seu amigo tente bater sua pontuação. Divertido? Sim. Indispensável? Jamais.

Re-Mars-tered… nem tanto

Para que serviria a versão remasterizada de Red Faction Guerrilla senão para trazer visuais melhorados e maior fluidez durante a jogatina? RFG Re-Mars-tered pode ser jogado em resolução 4K através do modo High Quality e com taxa de quadros por segundo desbloqueada no modo High Performance (o game foi testado no PS4 Pro). O modo de alta qualidade é impraticável, com taxa de quadros por segundo abaixo dos 30 fps, deixando tudo mais lento do que é aceitável. E se você pensa que o modo de alta performance corrigiria o problema por completo, pode tirar o cavalinho da chuva. Mesmo não sendo um jogo de última geração, o PS4 Pro engasga em alguns momentos, especialmente nos mais intensos e cheios de explosões e detalhes, com quedas bruscas de quadros por segundo. Um dos maiores charmes do jogo está em explodir tudo, mas esse charme vai embora com qualidade de fluidez pífia. Felizmente as quedas mais absurdas não ocorrem com tanta frequência, então é recomendável jogar em modo alta performance. Não sabemos como está a versão de Xbox One X, e aos donos das versões básicas dos consoles, um aviso: o game não parece ter sido muito bem otimizado.

Além de texturas mais detalhadas e bonitas, o game conta com iluminação e sombras melhoradas. Na verdade, para os desenvolvedores é algo que foi melhorado, mas a grande verdade é que o game está extremamente escuro em áreas sombreadas. A definição de “realismo” dos desenvolvedores é, no mínimo, estranha.

Red Faction Guerrilla Re-Mars-tered (Multi) é um remaster preguiçoso de um bom jogo. Vale a pena encará-lo tanto por seu mundo aberto e repleto de missões quanto pela diversão trazida pelas explosões e destruição de cenários. É uma diversão pura e genuína, sem muita firula. O modo multiplayer não deve ser levado em conta e o modo Wrecking Crew é uma diversão passageira, mas a campanha por si só já é o suficiente. Esperamos apenas que a produtora corrija os problemas técnicos do game.

PS: donos da versão de PC na Steam podem adquirir a versão Re-Mars-tered gratuitamente.

Prós

  • Mundo aberto imersivo e repleto de atividades;
  • Diversão simples e descompromissada;
  • Efeitos de explosão e destruição.

Contras

  • História rasa e desinteressante;
  • Modo multiplayer vazio;
  • Efeitos de sombra excessivamente escuros;
  • Qualidade técnica abaixo do esperado para um game de 2009.
Red Faction Guerrilla Re-Mars-tered — PS4/XBO/PC — Nota: 6.5

Versão utilizada para análise: PS4

Revisão: João Telhada
Análise produzida com cópia cedida pela THQ Nordic 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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