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Análise: Candle: The Power of Flame (Multi): beleza e bons desafios lado a lado

Aventura chega aos consoles com ótimos gráficos e desafios complicados.

O assunto de hoje é Candle: The Power of Flame, desenvolvido pelo pequeno estúdio espanhol Teku Studios. Inicialmente lançado em 2016 para PCs e financiado via Kickstarter, o jogo chega agora para os três grandes consoles da geração atual, reacendendo a chama desse pequeno e simpático indie que mistura plataforma com puzzles.



O Guardião da chama

No começo de tudo, os Deuses criaram o mundo. Não uma ou duas, mas quatro vezes. Após o nascimento do mundo árvores e plantas surgiram, e tempos depois criaturas conscientes se desenvolveram. De início, esses seres eram gratos aos Deuses pelo dom da vida e a partir desse ponto começaram a prosperar com o nascimento da civilização.

Mas como costuma acontecer em muitas histórias, eventualmente o caldo entorna e esses seres que viviam em harmonia foram tomados pela ganância e começaram a se destruir, gerando guerras e caos. Os Deuses, irritados com esse comportamento, invocaram uma tempestade de fogo, que extinguiu toda a vida inteligente do planeta. Apesar desse triste fim, os Criadores resolveram tentar mais uma vez e novamente trouxeram a vida para esse mundo.


Infelizmente os erros cometidos no passado não serviram de aprendizado e tudo apontava para que novamente o fim trágico se repetisse. É nesse momento que conhecemos nosso protagonista, Teku. Sua vila acabara de ser atacada pela tribo dos Waktchas, que levaram o Yaqa, xamã líder do povoado. Como um dos discípulos de Yaqa, Teku sabe qual é sua missão a partir daquele ponto: resgatar seu mestre. E assim começa a aventura.

As inspirações da temática de Candle bem como suas artes e música vieram de elementos culturais de povos da América do Sul, algo perceptível ao longo de toda a campanha. Não é difícil pegar alguns elementos que fazem referência a civilizações antigas que habitaram nosso continente.


Pare e observe

Candle é um jogo que a primeira vista pode ser classificado como plataforma, mas de plataforma mesmo ele tem bem pouco. O foco de game é a resolução de puzzles que, por sua vez, irão abrir caminho para o andamento a trama, lembrando um pouco os clássicos point-and-clicks. Você tem algumas areas para explorar e alguns itens para coletar, que ficam no seu inventário. Os desafios em geral estão interligados então é comum você precisar de um item A para desbloquear B, usá-lo em uma uma situação C e assim subsequentemente.

No geral, os quebra-cabeças são bem desafiadores, por diferentes motivos. Alguns são mais facilmente compreendidos, mas dependem de uma execução perfeita. Outros dependem de localizar algum item específico. Por último, achar a resposta de alguns puzzles depende únicamente de observar o ambiente atrás de alguma pista ou, como prefiro dizer, dependem de um “estalo”.

Esse sistema funciona bem na maior parte do tempo, mas em alguns momentos tive a sensação que Candle pede demais, tornando certos desafios mais difíceis do que deveriam. Ainda nesse quesito, o jogo também não ajuda se você estiver encalhando, o que pode ser meio frustrante em certas passagens. Uma mera dica do narrador já poderia resolver esse problema.

Candle está longe de ser um ótimo nome no gênero plataforma, e essa nem é sua pretensão. Com o ritmo mais cadenciado ditado pelos puzzles, os controles que movimentam Teku são bem simples. Em certos momentos talvez pudesse ser dada uma liberdade maior de movimentação ao protagonista, mas não acredito que esse aspecto comprometa a qualidade final do jogo.


Algo que deve ser enaltecido nesse título é sua qualidade gráfica. Utilizando um visual aquarelado com pinturas feitas a mão, o jogo nos traz visuais muito bonitos, com belos enquadramentos e riqueza de detalhes. O ótimo trabalho pode ser conferido tanto nas animações de personagens como nos cenários estáticos. Momentos nos quais há mudança de plano em uma mesma cena também são dignos de elogios.

Minha única ressalva é sobre as cenas de animação que ilustram passagens da narrativa. Parece que a resolução desses vídeos está abaixo do usado no game, até com algumas granulações vez ou outra, o que é um pouco triste.


Proteja a chama!

Candle: The Power of Flame é uma boa aventura, com uma história interessante, um protagonista simpático e puzzles que vão exigir bastante de sua atenção. Tendo só três atos, não é um jogo longo, mas tem a medida certa para não se tornar cansativo. O grande destaque fica por conta da parte técnica, com uma direção de arte maravilhosa e bela trilha sonora.

O jogo peca em alguns momentos por controles um pouco travados e picos de dificuldade desnecessários. Mas no geral é um game que proporciona bons momentos e vale bastante a pena a conferida.

Prós:

  • Visual gráfico e direção de arte;
  • Trilha sonora;
  • Puzzles que exigem bastante atenção.

Contras

  • Controles um pouco amarrados;
  • Certos puzzles podem ser frustrantes;
  • Baixa resolução nas cutscenes.


Candle: The Power of Flame — PS4/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão usada para a análise: PlayStation 4

Revisão: Rui Celso
Análise produzida com cópia digital cedida pela Merge Games


Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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