Análise: Aggelos (PC) é uma aventura desafiadora no melhor estilo retrô

Aggelos vem como uma grande referência a era dos jogos 8-16 bits, mas peca em alguns pontos



Com uma homenagem incrível ao clássico jogo Wonder Boy in Monster World, que surgiu lá em meados de 1991, Aggelos (PC) é um jogo de plataforma 2D que traz a nostalgia do estilo retrô, junto a um design moderno, que proporciona uma aventura desafiadora. Desenvolvido pela Storybird Games e distribuído pela PQube Limited, o jogo foi lançado no dia 19/07 deste ano na Steam.

História clichê e foco na mecânica

O jogo começa com o misterioso protagonista que vai de encontro ao seu destino quando se depara com a Princesa Lys, do reino de Lúmen, fugindo de um monstro. O clássico salvamento da princesa leva o personagem principal  ao castelo de Lúmen onde ele é recebido pelo Rei. Lá uma vidente o declara o escolhido para salvar o reino.

Dito isto, a aventura começa em busca dos anéis elementais e as essências dos elementos, para que a preparação para a guerra com o mundo das sombras seja concluída. A mecânica progressiva de ataques e habilidades é adquirida com a exploração do reino, onde encontra-se pergaminhos e os próprios anéis elementais, os quais aumentam o leque de skills, podendo formar combinações interessantes. Tal jogabilidade vem aliada a um considerável número de puzzles que usam e abusam delas, além de inimigos com padrões de ataque diferentes, os quais requerem lutas de formas específicas para vencê-los sem muitas perdas.



A dificuldade do jogo está na grande quantidade de plataformas e lugares escondidos, onde é possível se perder e passar um bom tempo tentando achar os itens e os caminhos. É preciso muito cuidado em certos momentos, pois um pulo em falso pode ter que fazer você percorrer vários terrenos novamente. Desta forma, o foco em mecânicas e numa dificuldade bem considerável, compensa um pouco a grande falta de diálogo e história.

Estética retrô combinada a um design moderno

Por ser baseado na era 8/16-bits, Aggelos oferece uma estética bastante retrô com as plataformas e as pixel arts super saturadas, além de efeitos brilhantes incessantes. O jogo também traz alguns aspectos mais modernos em habilidades, e variedades de monstros e movimentos possíveis, além de mecânicas de teleporte entres os pontos de salvamento do jogo.



Tudo isso faz da experiência de Aggelos uma releitura interessante dos antigos jogos de plataforma. A estética retrô é realçada também nos elementos visuais de morte do personagem, que explode em um círculo de energia, além disso, a música no estilo 8bit traz o diferencial da época, mas rapidamente se torna repetitiva. 

Além disso a coleta de experiência e a passagem por hordas de monstros que te separam do seu destino, bem como a vida representada por pequenos corações no canto superior da tela, lembram outros clássicos como The Legend of Zelda II: The Adventure of Link (Nintendo, 1987), apesar de os danos recebidos em Aggelos esvaziarem os corações de forma irregular, não respeitando a ordem dos quartos e metades como ocorre em Zelda.

Dificuldade pode gerar progressão satisfatória ou frustrante

A dificuldade é uma faca de dois gumes. Por Aggelos não se pautar em uma história muito rica, o jogo apela para a dificuldade e a progressão de jogabilidade, ao mesmo tempo em que se cria noções satisfatórias de recompensa. Desta forma, são abertas brechas para jogadores menos habilidosos, principalmente os que não são muito acostumados com os jogos retrô, se sintam bastantes frustrados.

Além disso, um agravante é a impossibilidade de respostas mais instantâneas na jogabilidade. Alguns movimentos não são muito precisos e tem uma janela estranha de resposta o que pode tornar o jogo mais frustrante e com aspecto “travado”. Parece que houve uma certa falta de preocupação com estes fatores, considerando que jogos atuais que remontam à mesma época, como o aclamado Shovel Knight (Multi) de 2014, consegue tornar a experiência muito mais fluída e, apesar das limitações do gênero, faz jus a uma época mais avançada.



Um ponto interessante que pode ajudar a amenizar esta questão da frustração é que ao morrer, você pode escolher entre, sair e perder o progresso atual do mapa, itens coletados, etc, desde o último Save, ou pagar com um pouco de XP e adicionar um número à contagem de mortes. Contudo, em algumas fases os checkpoints podem parecer muito distantes, mas algumas interações da fase podem oferecer atalhos aos descuidados que perderam suas vidas e precisam passar pelo mapa novamente.

Vários itens e missões secundárias

Uma coisa muito interessante em Aggelos é que alguns caminhos alternativos podem te levar a lojas secretas ou tesouros preciosos, além de itens que são requeridos em missões secundárias pelos habitantes do reino, que te recompensam com outros itens ou grandes quantidade de moedas, que podem ser usadas para comprar equipamentos e poções.


O jogo recompensa muito os jogadores que gostam de explorar todos os cantos possíveis de um nível, trazendo uma grande satisfação, pois além de serem difíceis de encontrar podem ser determinantes na dificuldade do jogo dali em diante. Algumas missões secundárias são difíceis a ponto de oferecem raras conquistas do jogo na da Steam, segundo as estatísticas da própria plataforma.

Puzzles interessantes

Além dos mapas 2D, Aggelos conta também com alguns puzzles desafiadores, que fazem o jogador parar por alguns instantes e analisar a situação para poder seguir em frente. Tais desafios abusam dos poderes que foram adquiridos com os anéis e essências elementais, além dos pergaminhos que dão novas técnicas de combate corpo-a-corpo, isso oferece grande satisfação.


Mesmo durante as missões secundárias, os desafios podem ser bem interessantes, tornando-os um ponto forte no título. Além disso, os puzzles podem agradar tanto os veteranos, quanto os novatos que não estão acostumados com o gênero.

Uma jornada nostálgica

Por fim, Aggelos, como um jogo de nicho, fornece uma jornada incrivelmente nostálgica. Suas referências em jogo como Wonder Boy, Zelda, e até mesmo outros títulos como a franquia de Megaman e Super Mario, podem ser vistas em todos os aspectos. Desta forma, Aggelos vem com um grande potencial de agradar principalmente jogadores entusiastas do retro, mas também é capaz de cativar jogadores de gerações mais recentes que queiram se aventurar pela estética do gênero, o que apesar de alguns fatores pontuais citados acima, traz um saldo positivo.

 Prós

  • Nostalgia agrada muito na jogabilidade;
  • Puzzles criativos oferecem desafio na medida;
  • Itens e missões secundárias são interessantes;
  • Combo de habilidades traz profundidade à jogabilidade;
  • Aspectos gráficos bem trabalhados.

Contras

  • Responsividade dos comandos pode falhar;
  • Narrativa clichê ;
  • Efeitos sonoros extremamente repetitivos;
  • Poucos checkpoints podem ser frustrantes em algumas partes.
Aggelos - PC - Nota: 7.0
Revisão: Rui Celso
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Limeted. 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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